REFLEXÕES EM TORNO DE UM BLOCO DE COBRE* Isabel Cruz Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa |
À Maria Estela Guedes, exemplo vivo da coexistência pacífica entre teimosia inaudita, trabalho insano e prazer imenso |
Introdução |
Sendo membro do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa, mas não tendo participado efectivamente das actividades desenvolvidas pelo projecto CulturaNatura, a minha presença numa intervenção do Serviço Educativo deste projecto torna-se obviamente questionável. Há, contudo, um conjunto de factores que a podem explicar e viabilizar: em primeiro lugar, como professora da disciplina de Ciências Físico-Químicas no ensino básico e secundário, sou naturalmente atenta e interessada nas questões da interdisciplinaridade e da confluência de saberes das várias disciplinas; em segundo, sendo colega, no CICTSUL, dos elementos que constituem o SEP, acompanhei por vezes, as dúvidas, reflexões, expectativas e motivações resultantes da desafiante e difícil tarefa de articular a exposição “CulturaNatura. Preparar o séc. XXI” com o mundo das escolas e dos professores; em terceiro lugar, tendo participado de forma indirecta, pontual e ocasionalmente, no desenvolvimento de uma questão que considero paradigmática da dialéctica entre Cultura e Natura (refiro-me à origem e natureza de um bloco de cobre, actualmente no Museu Nacional de História Natural, declarado objecto natural e possivelmente originário do município da Cachoeira, Estado da Baía, Brasil), acabei a experimentar o assunto sob várias formas, passando de observador a executante, de público a apresentador, e sob várias ópticas (da Ciência e da História, da Educação e da Cultura, do Ensino e da Comunicação). Solicitada pelos elementos do SEP, a dar conta por escrito, de algumas reflexões a estes temas associadas, encontrei-me «a braços» com a complexa e discutível tarefa de transformar experiência pessoal em utilidade colectiva. Os relatos em 1. e 2. foram necessários para que se entendesse o contexto em relação ao qual estas reflexões se realizaram. |