Meus Caros BB.'. PPr.'. S.'. F.'. U.'. Como a maioria dos maçons da pedra e da madeira, leio com atenção as matérias e peças de arquitetura (pois de marcenaria ainda não conhecem), com que os IIr.'. de vários OOr.'. nos têm brindado na tradicional revista "A Trolha", de nosso querido e saudoso Bom Primo Xico Trolha. Por conseguinte, chamou-me a atenção uma peça de arquitetura encetada pelo nosso Ir.'. Frederico Guilherme Costa, do Or.'. do Rio de Janeiro-RJ, quando dedicou a sua lavra a um assunto de grande valor, tratando acerca de nosso Bom Primo Salvador Allende, então Presidente e Estadista do Chile, na página 23 da aludida revista, edição de Julho do corrente ano. Na referida peça, o Am.'. Ir.'. descortina a vida maçônica de Allende, cujos detalhes absorveu de uma obra da escritora argentina Patrícia Verdugo, intitulada "Salvador Allende. Como La Casa Blanca provoco su muerte" (Buenos Aires, Editorial El Ateneo, p. 15, e op. cit., pp.215/216). Em referência a essa obra, questionam alguns maçons se o seu algoz, o ditador Pinochet, teria sido maçom ou não, enquanto que outros aludem ter realmente sido maçom o ditador, porém expulso da Ordem, sem contudo citarem alguma referência embasadora, etc. e tal. Mas, como reportava a aludida peça, Allende mencionava ter sido descendente de uma família de maçons, sendo neto de Ramón Allende Padin, então Sereníssimo Grão Mestre da Maçonaria chilena, que, dedicado e empenhado nas causas e consolo aos necessitados, havia esquecido de poupar para os seus, morrendo assim em estado de quase miséria. Não fosse a Maçonaria da época ter comprado duas casas para a viúva e seus filhos - uma para morarem e a outra para render subsistência à família, teriam ficados em maus lençóis... Assim, Allende, em uma entrevista declarada mais tarde, afirmara: Eu tenho uma tradição maçônica. Meu avô, o Dr. Allende Padin, foi o Ser.'. Grão Mestre da Ordem Maçônica no século passado, quando ser maçom significava lutar. As Lojas Maçônicas, especialmente a Loja "Lautaro", foram o pilar da Independência e das lutas contra a Espanha. Então, por esta tradição familiar, e, ainda, porque a Maçonaria lutou pelos princípios fundamentais de liberdade, igualdade e fraternidade, ingressei nela... Em que pese tal afirmação, observo ao rodapé da aludida peça, quatro notas do Q.'. Ir.'., de que destaco a nº 2, onde discorre o seguinte: "De fato, as ditas Lojas "Lautaro" foram decisivas na luta pela independência da América Espanhola, mas discordamos de Allende quando afirma que as mesmas eram Lojas Maçônicas". Ora, por São Teobaldo! Se tais Lojas não fossem Maçônicas, porque teria Allende afirmado que eram e delas tinha feito parte a sua família???!!! Por acaso seriam elas Vendas Carbonárias, ligadas à Maçonaria Florestal, muito comum nas lutas contra a monarquia e de espírito Republicano (sómente a Maçonaria Carbonária de então lutava contra a monarquia, a exemplo de França, Itália, Portugal, Brasil, Rio Grande, Uruguay, Chile e tantos outros países), daí ter ele mencionado "quando ser Maçom significava lutar", muito próprio da Carbonária! Por fim, o nosso Am.'. Ir.'. Frederico deixou-nos órfão de um esclarecimento acerca do que de fato teriam sido as Lojas de Lautaro Chilenas. Não sendo Lojas Maçônicas, que seriam afinal? Estela Maria Guedes, historiadora, pesquisadora de naturalismo e uma Carbonária Portuguesa, com certeza, tem afirmado em seu sítio www.triplov.com resultados de suas investigações onde desvenda paulatinamente a subversão do oculto cultivado pelos Naturalistas do passado, a exemplo de José Bonifácio de Andrada, e Dom Pedro I, entre outros, todos pertencentes e iniciados na Maçonaria Florestal. Os historiadores, em especial os de "maçonaria", até o presente momento, têm distorcido importantes fatos da história maçônica universal, fazendo falsamente crer ter havido em todo o sempre apenas uma Maçonaria, para a qual sempre puxaram brazinhas para as suas sardinhas, essa, na verdade, conhecida por nós, maçons carbonários, como "da Pedra". Aliás, já dizia José Brandão, escritor português, em seu livro "Carbonária, o Exército Secreto da República", na página 6 da introdução, o seguinte: "As inclinações ou os gostos da escrita, têm-se virado mais para as histórias e peripécias dos irmãos maçônicos, não obstante caber aos Bons Primos Carbonários grande parte do que é atribuído à Maçonaria, principalmente no que respeita aos preparativos e à própria Revolução de 05 de Outubro de 1910". E Eu vos afirmo: "Da mesma maneira que a consagração da Unificação da Itália, a grande Revolução Francesa, a Independência do Brasil e tantos outros feitos e conquistas dos Carbonários, são hoje açambarcados para a honra e glória da Maçonaria de Pedra, que em especial e através do Grande Oriente do Brasil, efetiva grande esforço em ignorar os feitos desta Maçonaria Florestal, como verdadeira autora das heróicas ações pelo mundo afora, negando a luta dos Bons Primos e todos esses cenários da história e tomando para si, os seus resultados". É sabido que a abolição dos escravos e a Revolução Farroupilha tiveram no bojo dessas nobres causas as ações das Carbonárias portuguesa e italiana e que, graças aos seus punhais, vivemos hoje a democracia, a liberdade, a igualdade e a humanidade, lema esse que já era utilizado pela Carbonária Portuguesa, muito antes da Revolução Francesa. Esse lema foi inserido no brasão e na Bandeira do Rio Grande do Sul, particularmente pelo Bom Primo Tito Lívio Zambbecare, que o desenhou e definiu suas cores, mas a Maçonaria da Pedra avoca para si, inclusive, essa aludida obra. Por derradeiro, desejo esclarecer que se faz necessário dar um basta nessas distorções e desvios da história, mascarando a verdade, mutilando as provas, suprimindo os fatos, apenas para posar de "Bons Moços" para o futuro, mesmo sabendo que a Maçonaria instrui principalmente na Investigação da Verdade, e que, diante disso, a mentira tem a perna curta. Daí a razão de vermos tantas obras de escritores maçons repetindo, tal qual Papagaio de Pirata, tudo aquilo que os outros já escreveram, sem contudo, preocuparem-se com a verdade. Outros escritores colidem com seus pares, nas diferenças dos mesmos referenciais, cada um pintando com o pincel e a tinta do seu bel prazer. Por derradeiro também, desejo lembrar que noventa por cento dos IIr.'. Maçons nunca ouviram falar da Carbonária, e os que nada sabem arriscam a dizer menos ainda, como se nunca tivesse existido. Há mais de duzentos anos que a Carbonária é membro ativo da história, podendo-se afirmar como certo ter nascido a Maçonaria da Pedra do seio daquela, pois foi para os fins de lutar em favor dos desvalidos, que nasceu a Maçonaria Universal, de tal sorte que, nos graus filosóficos, a Maçonaria dos Altos Graus, se confunde com os Ritos Florestais. Não é meu desejo criar aqui um impasse entre as duas Maçonarias, mas é minha obrigação, como Maçom Carbonário, fazer justiça à história e dar o devido crédito a quem realmente faz jus. Dada e traçada, sob uma frondosa árvore da vida, aos 16 Sóis, da Sétima Lua, do ano da graça de N.'. D.'. e B.'. Pr.'. Jesus Cristo e sob os auspícios de N.'. P.'. São Teobaldo, de 2004, E.'. C.'. Vantagem! B.'.Pr.'. Giuseppe Garibaldi |
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