O CARBONARISMO
ITALIANO (fim)

 

 

 

 
COMPROMISSO POLÍTICO E
COMPROMISSO MAÇÔNICO


A especificidade da Carbonária italiana deu-lhe uma vocação política muito particular e muito militante. A Carbonária pode ser considerada o produto do esforço maçônico? Aqui se faz necessário responder com prudência, porque naquele período tinhamos que tratar com uma pluralidade de Maçonarias, e o choque entre Modernos e Antigos era ainda muito forte apenas poucos anos antes da vitória dos Antigos, em 1813. O compromisso político dos Carbonários, malgrado as numerosas diferenças locais, se apoiava sobre dois pontos. O primeiro era a unidade nacional, que evidencia sua oposição à Casa da Áustria, à Restauração dos Bourbons em Nápoles, ao Vaticano como poder temporal. Estes manifestaram deste modo um espírito pré-republicano imperfeitamente definido na reivindicação do direito à auto determinação dos povos. O segundo ponto é conseqüência do primeiro, e tomou forma em uma oposição filosófica aos direitos divinos, aos imperialismos dogmáticos e às injustiças sociais sob todas as formas.

Os Carbonários podem ser assim considerados como ativistas da liberdade de consciência e da promoção de cada idéia progressista. Eles falam de emancipação: da sua pátria, certamente, mas também dos indivíduos. Tal esquema de evolução muito empenhado não pode ignorar as proposições inovadoras das primeiras gerações de Maçons ditos "Modernos" entre 1710 e 1750. John Toland, sem dúvida alguma, estaria orgulhoso de ver estes Carbonários, distanciados da tradição da Floresta, que foram também as suas, afrontar todos os dogmatismos políticos e religiosos pós-medievais ainda vigorosos que continuavam a humilhar a autonomia dos povos e dos indivíduos. Basta "italianizar" o seu Pantheisticon de 1720 para evocar a hipótese de que, se Toland foi o teórico de uma liberdade de consciência ativa, os Carbonários foram também ativos praticantes. Neste sentido, podemos assimilar a iniciativa da Carbonária aos projetos de alguns dentre os Maçons "Modernos" do primeiro período andersoniano (1723). Em contrapartida, os Carbonários estão em perfeita oposição às teses muito mais realistas e reacionárias dos "Antigos", que pacificaram as relações entre a Maçonaria e o poder, ao mesmo tempo que canalizavam seu crescimento com a fundação de uma "regularidade", que é uma traição completa da Constituição de Anderson de 1723.

Em 1813, com efeito, a liberdade de consciência foi substituida pela obrigação de crer em Deus revelado na Bíblia. A uma Maçonaria "da pedra" que no período entre 1810 e 1840 foi no plano europeu legitimista, se opôs uma maçonaria "da madeira" progressista e insurrecionalista perfeitamente permeável a todas as formas de normatização.


O CARBONARISMO NAPOLITANO DE 1815

Gioacchino Murat foi justiçado, pela sentença de uma corte marcial sobre o campo, seguido de sua frustrada tentativa de desembarque do dia 13 de outubro de 1815. Ferdinando IV de Bourbon havia retomado o trono de Nápoles no mês de maio e imediatamente proibido Lojas maçônicas e Vendas carbonárias. Uma cobertura contra-revolucionária sufocava o reino. Para aperfeiçoar a sua campanha contra os Carbonários, Ferdinando autorizou e sustentou uma outra ceita fiel a ele, os Caldereiros, que lançaram o país em uma série infindável de ajustes de contas. O sangue corria com ou sem o aval dos tribunais, e a delação tinha se tornado uma empresa lucrativa. Malgrado estas pressões, a Carbonária napolitana continuou a crescer e foi sustentada por todos os grupos análogos dos outros estados italianos. O movimento se estendeu em toda a península, e nenhuma polícia ou exército conseguiram extingui-lo. A unidade da Itália estava ao alcance das mãos.

Tradução de A...L...C...

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