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O itinerário fayalense de Thomas Parkin
– cônsul ao serviço de sua majestade britânica
nas Western Islands (1)

RICARDO MANUEL MADRUGA DA COSTA

Costa, R. M. M. (2004), O itinerário fayalense de Thomas Parkin – cônsul ao serviço de sua majestade britânica nas Western Islands. Boletim do Núcleo Cultural da Horta, 13: 89-98.

 

Resumo: Em resultado da Guerra Peninsular, de modo particular com as Invasões Francesas a partir de 1807, a corte portuguesa fixa-se no Brasil. Este facto, conjuntamente com as hostilidades entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América, que haveriam de ter o seu desfecho na Guerra de 1812, envolvendo uma persistente guerra de corso com episódios frequentes em águas açorianas, submeteram o arquipélago a uma significativa pressão tanto no domínio político como económico. Acrescente-se a isto a ameaça causada pelo corso dos chamados “insurgentes” em luta pela libertação das colónias espanholas da América do Sul, sobretudo a partir de 1816, e que assolaram os mares das ilhas dos Açores de forma também persistente. Neste quadro, o arquipélago dos Açores ganhou uma visibilidade fora do comum devido à revalorização do seu espaço sobretudo num plano estratégico. Thomas Parkin chega aos Açores por 1793 e permanece na ilha do Faial até 1824, data da sua morte. Pouco depois da sua chegada é nomeado cônsul inglês, embora a sua actividade se desenvolva sobretudo no comércio e no agenciamento de navios. Pelas razões apontadas, intensificaram-se as escalas da navegação transatlântica pela ilha do Faial e o porto da Horta assumiu neste quadro uma importância invulgar. Thomaz Parkin não terá desaproveitado as oportunidades que a afluência da navegação proporcionava, mesmo aquelas menos consentâneas com um desempenho irrepreensível na observância da lei. Algumas vezes acusado de contrabando e frequentemente envolvido em situações pouco claras em que o seu nome surge como cúmplice de fraude e de ligações com autoridades corruptas, por tudo isto Thomas Parkin revela-se quase como uma figura simbólica de uma época conturbada e propiciadora de oportunidades aos menos escrupulosos.

O seu percurso nestes anos de permanência no Faial permite também identificar um tempo notável da história do Atlântico em que os Açores asseguraram papel relevante.

 

Abstract : As a consequence of the Peninsular War, particularly the first French Invasion to Portugal in 1807, the Portuguese government decided the removal of the court from Lisbon to Brazil . This event together with the lasting Anglo-American conflict which led to de Anglo-American War of 1812 and to the persistent threat of the Azores sea-shores by privateering of both parties, caused an enormous pressure in the archipelago. The liberation wars in the Spanish colonies of South America , especially after 1816, also submitted the Azores to the dangers which resulted from the constant cruising of privateers fighting on behalf of the «insurgents».

Under these circumstances, the archipelago saw its strategic importance increased far above its real value either in what concerns the economy or the geographic size of the islands.

Thomas Parkin probably arrived at Fayal in 1793 and settled there until 1824 when he died.

Soon after he was appointed British consul for Fayal but he concentrated his activities in trade and other business connected with shipping.

The huge amount of ships crossing the Atlantic routes along the first quarter of the nineteenth century calling Fayal island, turned its harbour into a busy seaport, and Thomas Parkin availed himself of every opportunity to make business regardless of its consistency with the law.

Smuggler and troublemaker. Forgery and accomplice with corrupted local authorities, all these accusations enable us to consider Thomas Parkin as a symbol of a greedy society living in the edge of a quasi war situation.

His itinerary along these years also allows the identification of a particular context of the history of the Atlantic in which the Azores played a very important role.

 
(1) Palestra lida em 19 de Novembro de 1998 por ocasião do sarau promovido pelo Núcleo Cultural da Horta na “Sociedade Amor da Pátria”.
 
Ricardo Manuel Madruga da Costa - rmmc2@netc.pt