há veias sobre as mãos
quando o sangue
desce à nascente.
a dor atravessa a paisagem.
escava no ventre
o espaço necessário
para desenhar o esplendor
das sombras.
a montanha
desfaz o poente.
reúne num só lugar
tempo e loucura,
sonho e vastidão -
para que a dança
possa dilatar
os alicerces do fogo
que devora as estações.
a árvore (seca)
reverdece a garganta.
disseca sobre a mesa
um corpo vivo
(sem chumbo nas unhas
e no cabelo.)
a transfusão
devolve o nascimento
(entre os vincos da fotografia).
a casa (sem nome)
alimenta o braço
de quem procura (no mar?)
a vida inteira.
os olhos acompanham
a tristeza de um tempo que parte.
as mãos incendeiam a estrada
para que a cinza permaneça
nesta voz, fertilizando
a noite e a sementeira.
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