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:::::::::::::::::::RUY VENTURA::::: |
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São Paulo, de Pascoaes
(alguns apontamentos) |
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São Paulo, de Teixeira de Pascoaes. Uma biografia onírica que, enquanto tal, vale muito mais como ensaio opinioso, cujas ideias merecem muita discussão. Nos entremeios, é legível um "protestantismo" anti-petríneo e anti-romano do autor. Atraentes as intuições filosóficas. Sublime a linguagem em que tudo é vertido. |
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Irrito-me sempre quando vejo factos documentados serem torcidos para servirem ideias preconcebidas. Mas reconcilio-me com Pascoaes quando reconheço a ousadia das suas concepções (mesmo quando não concordo com elas). No São Paulo, pseudobiografia ateoteísta, ou seja, um cripto-ensaio, há luzes que não podem esconder-se. (Despropositada me parece, contudo, a aceitação beata das suas intuições, sem as submeter a um escrutínio crítico, canonizando-as a elas e ao seu autor.) |
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As últimas acções serão sempre as mais lembradas. Neste livro também. Os dois últimos capítulos (o penúltimo, sobretudo) são memoráveis. Se a erupção de intuições saborosas atrai este leitor em todos os livros de Pascoaes, a sua capacidade como narrador ágil não pode deixar-lo indiferente. |
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Pascoaes é muito maior quando se universaliza. |
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Vai uma grande distância entre as biografias de Zweig e as de Pascoaes. Ambas ensaios e ambas registadas num escrita dinâmica e fervente, tudo o mais as separa. Se, para o português, os factos documentados são argolas onde uma corda ténue prende um barco sujeito às vagas do sonho, para o austríaco constituem pilares bem assentes a partir dos quais se eleva um edifício psicológico sólido e verosímil. |
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