Chego eu a Britiande de umas férias grandes noutro sítio, isto no fim de Setembro, e que é que eu vejo, que é que eu vejo? Da primeira vez ia sem máquina fotográfica e até pensei: não se pode andar no campo sem máquina, em qualquer altura pode aparecer uma coisa interessante para um artigo, então eu ia sem máquina, por isso fui a correr a casa e voltei com ela à quelha da padaria, nós dizemos assim embora já não haja padaria, mas houve em tempos remotos, mesmo à entrada da quelha, era a padaria do meu avô. E lá em cima, já ao pé da entrada da Quelha dos Fornos, ia eu a lamentar tanto figo esborrachado no chão, vejo uma coisinha picante a encolher-se toda, a embolar-se, a querer esconder o focinhito ainda arredondado, e eu estou para aqui com esta conversa piegas porque é mesmo assim, o que eu estou a dizer é mais científico do que o nome do ouriço-cacheiro, Erinaceus europaeus, e basta ler Konrad Lorenz para o verificar, ele diz lá, preto no branco, que as formas redondinhas nos tocam o coração e levam-nos a acarinhá-las e a protegê-las. E diz ainda que os animais, em pequenos, têm mais formas redondas do que bicudas e que isso serve para as proteger, porque os adultos não atacam o redondo, só atacam o pontiagudo. Ora estava eu naquela ternurice sócio-biológica a tirar carradas de fotos para só aproveitar uma quando olho para mim e discorro: mas se tu estás nessa pieguice toda, a querer passar as mãos por uma bola cheia de espinhos, é porque o criaturinho é um juvenil!

E foi assim o primeiro encontro com meninos: o ouriço-cacheiro que estava a refastelar-se com os figos caídos na quelha da padaria.

Amanhã conto o encontro com um bicharoco preto de pintas brancas que a minha prima cismou que não tinha escamas, por isso era uma salamandra!

E depois ainda hei-de dizer o que era o monte de bichinhas empoleirado numa pedra dentro do tanque da rega. Tudo meninos pequenos, deviam ser ovos e óvulos na Primavera, só têm estas formas redondas desde o Verão!