JOÃO SARMENTO PIMENTEL
Foto do Arquivo Científico Tropical:
http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD21774
João Maria Ferreira Sarmento Pimentel (Eixes, Mirandela, 14 de Dezembro de 1888 — São Paulo, 13 de Outubro de 1987) foi um oficial de Cavalaria do Exército Português, escritor e político que se distinguiu na luta contra a Monarquia e governos ditatoriais. Como aluno da Escola do Exército participou nos movimentos da Rotunda, ao lado de Machado Santos, nos dias 3 a 5 de Outubro de 1910, de que resultou a implantação da República Portuguesa. Participou nas campanhas do Sul de Angola, esteve na Flandres, liderou revoltas várias, a última das quais em 1927. Exilou-se no Brasil, onde morreu, tendo entretanto vindo à Galiza para colaborar numa revolta falhada em 1931 e depois, no 25 de Abril, a Portugal, para festejar.

MARIA ESTELA GUEDES

Sarmento Pimentel e as memórias do seu capitão

Encontro do Projeto «Sarmento Pimentel» (www.triplov.com). Ateneu Comercial do Porto, 17 de setembro de 2016 . In: http://www.incomunidade.com/v49/art.php?art=176

O capitão de Sarmento Pimentel, aquele que encontramos no título Memórias do Capitão, é uma figura ficcional. Não quero dizer que o Capitão seja produto da imaginação do autor, sim que é o herói de uma obra literária. Aliás, a matéria narrada replica-se nas fontes, entre as quais mencionarei apenas a fundamental, o Arquivo Histórico Militar. Por isso, a questão de ser ou não ser o Capitão uma personagem criada por Sarmento Pimentel não incide na problemática da verdade, sim na classificação do texto.

Não é porém meu objetivo classificar as Memórias do Capitão. Outros já o fizeram, a exemplo de Jorge de Sena, que no prefácio justifica a modernidade do livro justamente com a circunstância de ele ser inclassificável. Pois bem, se as Memórias, apesar do título, são uma obra inclassificável, mais um motivo para afirmar que o Capitão é uma personagem. Como também anota Jorge de Sena, por vezes o Capitão fala de si na terceira pessoa, o que pode ser usual no romance mas já subverte a norma da exposição de acontecimentos vividos própria do memorialismo, em qualquer das suas formas, seja a autobiografia, o diário ou a epistolografia.

O título, Memórias do Capitão, claramente prefere a distância da terceira à subjetividade e confessionalismo próprios da primeira pessoa. O Capitão, em suma, é um narrador que vai tecendo uma obra literária ao lembrar-se disto e daquilo, mas sobretudo da parte que tomou em golpes contra os inimigos da República, numa primeira fase, e da oposição e resistência com que combateu a ditadura do Estado Novo, já como exilado no Brasil.

E aqui deixaria uma primeira conclusão: o livro de Sarmento Pimentel é subversivo quanto à ideologia de esquerda em tempos de dominação de uma direita fascizante – ele podia ter sido preso várias vezes; porém, será ele subversivo quanto às expectativas literárias? Jorge de Sena considera-o moderno decerto por não ser homogéneo, antes uma colagem de textos, dispostos por ordem cronológica, sim, mas de natureza muito diferente uns dos outros: ora retratos de figuras populares, de cariz realista, a que Jorge de Sena recusa o rótulo de camilianos; ora um conto a tender para o ultrarromantismo, acerca da morte por tuberculose de uma jovem namorada; aqui uma descrição magnífica, a da partida do contingente de militares para Angola, no Cabo Verde, em condições atrozes, e basta dizer que o navio ia carregado com pessoas e animais, tendo os cavalos direito a veterinário mas sem direito a médico os soldados… Enfim, trata-se de uma colagem de textos redigidos em épocas distintas, de estilos diversos, movidos por emoções diferentes, cuja única unidade é a proporcionada pelo herói que a tudo assiste e em toda a luta está presente e toma partido, o Capitão.

Na sua tão longa vida de revolucionário e paladino da democracia, Sarmento Pimentel só foi capitão durante vinte anos; quando lutou ao lado de Machado Santos, no 5 de Outubro de 1910, ainda era cadete da Escola do Exército. Já que dispomos de informação contida no seu “Processo individual”, conservado no Arquivo Histórico Militar, podemos até pormenorizar toda a sua graduação.

Datas de início de cada posto:

Alferes – 15 de novembro de 1912

Tenente – 1 de dezembro de 1916

Capitão – 3 de dezembro de 1918

Major – 22 de julho de 1938

Tenente-coronel – 20 de janeiro de 1942

Coronel – 13 de abril de 1945

Reserva – 14 de fevereiro de 1950 * 

Não termina em 1950, com a passagem à reserva, a graduação de Sarmento Pimentel, apesar de ele dar como terminada a sua carreira militar no derrube da Monarquia do Norte, na cidade do Porto, em 1919. Já no pós-25 de Abril, em 1982, recebeu as estrelas de general em São Paulo, a instâncias de José Verdasca junto do General Ramalho Eanes, então Presidente da República.

Não é  portanto das recordações de João Maria Ferreira Sarmento Pimentel que trata o livro, e ainda menos das balizadas entre 1918 e 1938, período em que foi capitão do Exército Português, sim das do herói das Memórias do Capitão, na sua categoria de narrador intradiegético, ou seja, participante interno da narrativa.

E com isto passamos ao meu tema de hoje, que é o de Sarmento Pimentel, além de herói da República, também ser um escritor.

Cumpre agora agrafar uma nota à declaração de modernidade adiantada por Jorge de Sena, e à sua rejeição da etiqueta camiliana para algumas figuras retratadas, pertencentes à adolescência do escritor. A modernidade reagiu contra o espartilho das formas académicas, mas isso não significa que, ao juntar peças soltas, Sarmento Pimentel tivesse premeditado a subversão dos géneros literários. Não, ele comporta-se apenas segundo um natural estilo anárquico, reunindo  os textos para registo histórico e não para se bater na vanguarda estética. Ele não é um esteta, embora se note que saboreia com prazer a língua, é um político e muito provavelmente um militar frustrado, obrigado a sair da carreira que ele mesmo escolhera, ainda adolescente, ao contemplar um quartel de inverno, salvo erro em Amarante, e ao refletir em que fazia parte de uma família de militares – um deles foi o General Morais Sarmento (fundador do Diário Popular). Outro, o General António Carvalhal, governador militar de Lisboa à data da implantação da República, que no dia 6 de outubro de 1910 estava no seu posto, para dirigir aos lisboetas uma proclamação, a pedir disciplina e obediência ao novo regime. Seu bisavô, Francisco Ferreira Sarmento de Moraes Pimentel, fora Tenente-Coronel do Regimento de Milícias de Vila Real e combatera na Guerra Peninsular, e mais militares ainda se contam na família.

De outra parte, ainda a propósito do prefácio de Jorge de Sena às Memórias do Capitão, afirmar que não são camilianas as figuras porque esses tipos já existiam antes de Camilo, chama a atenção para a formação clássica e romântica do autor, em oposição às tendências de facto modernas do seu tempo, e que ele conhecia bem. Em conversa com Amadeo de Souza Cardoso, seu amigo, comenta que o artista amarantino pintava daquela maneira porque tinha dinheiro para se dar a esse luxo; se precisasse de ganhar a vida com a pintura, não teria outro remédio senão obedecer às normas da academia.

Como escritor, Sarmento Pimentel deu a público um único livro, as Memórias do Capitão, em primeira edição em São Paulo, em 1962; proibido como estava de publicar em Portugal, a edição portuguesa só foi possível em 1974, certamente após o 25 de Abril. Esta segunda edição, considerada completa pelo autor, comporta uma segunda parte, relativa aos primeiros anos na América do Sul, quando Sarmento Pimentel, delegado de uma empresa que comerciava tabaco, viajou até Buenos Aires, onde se ocupou durante três anos na ampliação do mercado.

Além das duas edições das Memórias do Capitão, podemos também considerar de sua autoria o título Sarmento Pimentel, uma geração traída – Diálogos de Norberto Lopes com o autor das “Memórias do Capitão”. Também neste caso houve duas edições, a primeira de 1976, a segunda, de 1977, ampliada com “documentos inéditos da luta contra a ditadura”.

Apesar de Sarmento Pimentel ter convivido com escritores e artistas de todas as tendências, a principal força que o orienta é a defesa da liberdade, liberdade política e cívica a que fica anexa a luta contra a Censura, mordaça da liberdade de criação artística; dispunha de dois exércitos com objetivo idêntico mas de práticas distintas a dar-lhe guarida, se quisesse: o surrealista e o neorrealista. Tendo passado pela direção da Seara Nova e colaborado nela, sendo seus correligionários mais importantes os outros diretores, motores aliás da revolta que o levou ao exílio, em 1927, o que mais transluz na obra de Sarmento Pimentel é a claridade de meios, formas e finalidades que habitualmente encontramos na estética neorrealista. A esse golpe falhado de 1927, considerado o primeiro contra a ditadura militar que conduziu ao Estado Novo, dei num artigo o nome de “Revolta dos bibliotecários”, pois a sua liderança aquartelava-se na Biblioteca Nacional, em Lisboa, com António Sérgio e Jaime Cortesão na linha da frente e outros bibliotecários e intelectuais na retaguarda.

A obra escrita de Sarmento Pimentel não se esgota naqueles dois títulos. Existem os seus relatórios militares, integrados no do comandante, caso do General Pereira d’Eça, a dar conta da missão centrada em Naulila, na I Grande Guerra. Incluem-se nos relatórios cartas geográficas de vários pontos dessa região do Sul de Angola, na bacia do Cunene; é preciso lembrar manifestos de edição subversiva e clandestina, como a carta coletiva endereçada «Ao Povo Português», em 1927, e a «Carta ao Exército Português», já nos anos cinquenta, e que não chegou a circular, pois os oficiais a quem foi enviada tiveram medo e esconderam-na; artigos na Seara Nova e em jornais portugueses e brasileiros completam o lote da sua obra édita. Inédita é a maior parte da sua produção escrita, maioritariamente epistolográfica. Deste lote, prevê-se edição de duas centenas de cartas para Jorge de Sena, preparadas por Mécia de Sena. Milhares de outras cartas conservam-se no seu espólio, na Biblioteca Sarmento Pimentel, em Mirandela; algumas foram encontradas por Ilda Crugeira na Torre do Tombo, Arquivo da PIDE, dando larga razão a Sarmento Pimentel, quando se queixa de suspeitos extravios de correspondência; também consultámos cartas na biblioteca da Fundação Mário Soares e existem mais em arquivos institucionais e particulares, caso de um lote de umas trinta, dirigidas do Brasil ao seu cunhado, Fortunato Seara Cardoso, então diretor d’ O Comércio do Porto, que nos foram oferecidas pela sua filha, sobrinha de Sarmento Pimentel, Maria Elisa Pérez, entretanto falecida. Sobre estas cartas já tive ocasião de falar, a propósito da visita de Mário Soares a Sarmento Pimentel, em São Paulo, e da sua ligação com Lúcio Tomé Feteira. Todavia, a sua riqueza de informação não se esgota em dois artigos.

Sintetizando: o manancial de textos escritos que nos legou Sarmento Pimentel dá para alimentar muitas teses de mestrado e de doutoramento, sobre aspetos vários da História de Portugal e do Brasil no século XX. Não podemos, no nosso horizonte de vida, mais do que ir descobrindo, nos noventa e nove anos que ele viveu, uns grãos de toda a História de Portugal contida no celeiro das Memórias do Capitão. Se atendermos a que ele esboça a sua árvore genealógica a partir de sementes dos primórdios da nacionalidade, e que de vez em quando se aventura em prognósticos para o futuro, os mais importantes dos quais foram a descolonização e a revolução de 1974, é de facto com cerca de mil  anos de História que nos vamos debatendo.

Sarmento Pimentel escreveu memórias que tendiam para a novelística, mas a mordaça imposta pelo regime de Oliveira Salazar, que o proibiu de publicar em Portugal, deve ter sido tão castradora que ele perdeu o ímpeto, já que podia ter recorrido em liberdade às editoras do Brasil, onde viveu afinal a maior parte da vida, e onde viram pela primeira vez a luz as Memórias do Capitão, obra que chegou a figurar nos cursos de Literatura Portuguesa das universidades brasileiras.

O escritor nasceu, viveu e morreu no meio da literatura, entre livros, intelectuais e figuras literárias, mais do que aqueles que aqui é viável mencionar. Na adolescência, eram frequentes os saraus na Casa da Torre, de sua mãe, Maria Margarida de Ataíde Pavão; esboçavam-se peças de teatro, declamavam-se os poetas em voga, em particular Antero de Quental, e o anfitrião, também dado às letras, declamava poemas de sua própria autoria. O anfitrião, Leopoldo Ferreira Sarmento Pimentel, seu pai, era um proprietário rural abastado que então geria três quintas, com alguns intervalos políticos, quando o chamavam a tomar as rédeas de administrador do concelho de Mirandela, funções que já seu pai, tesoureiro da Alfândega de Bragança, desempenhara. Com efeito, João Maria Ferreira Sarmento de Moraes Pimentel, nascido a 3 de julho de 1816, foi administrador do Concelho de Mirandela, em 1857, e do de Carrazedo de Montenegro. Era casado com D. Maria Antónia Pereira de Lacerda, Dama da Rainha D. Carlota Joaquina.

Leopoldo desempenhou papel relevante na modernização das alfaias agrícolas, e papel principal há de ter desempenhado também nos saraus da Casa da Torre.

Mais tarde, como vai contando nas Memórias e nos Diálogos de Norberto Lopes, Sarmento Pimentel foi frequentador assíduo de tertúlias, uma delas, de mais viva recordação, na Rua da Sovela, no Porto, frequentada por Sampaio Bruno.

Com o Capitão, não é possível separar a arte e a cultura da ação política, por isso são culturais e bem atrevidas manifestações políticas como um “enterro do charuto”, em Braga, empreendido com colegas do liceu, em que proferiram, e cito dos Diálogos de Norberto Lopes: «discursos furiosos contra a monarquia, contra o governo, contra os políticos e suponho que, já, contra o monopólio e os latifúndios”.

Nesta ordem de ideias insere-se o jornal O Povo de Felgueiras, que teve como fundadores, entre outros jovens da família que passavam férias na Casa da Torre, João Sarmento Pimentel e o seu irmão Alfredo. Alguns, como Leonardo Coimbra, eram seus colegas no Liceu de Amarante.

Ao longo da vida, Sarmento Pimentel privou com a melhor literatura e com os melhores escritores, brasileiros também, a partir do momento em que se estabeleceu no Brasil. Remato com apenas duas figuras, que pessoalmente mais me estimulam a imaginação e por acaso se correlacionam nas Memórias do Capitão: Pêro Coelho e Teixeira de Pascoaes. Pêro Coelho pertence à natureza do Capitão: é uma figura literária. Matador de Inês de Castro, passou à História universal através das dezenas de obras, nacionais e estrangeiras, que vêm tratando o tema dos amores de D. Pedro e D. Inês: poemas, narrativas, peças de teatro, filmes, óperas, pintura... Em que ponto se cruza Pêro Coelho com o Capitão? Pois bem, este refere que na árvore genealógica de Sarmento Pimentel figuram Coelhos e que Pêro Coelho teria sido um dos proprietários do solar de Sergude, a que pertencia a Casa da Torre da sua infância, herdada por sua mãe. E mais adianta: que certo dia, estando Miguel de Unamuno de visita a Teixeira de Pascoaes, e interessando-se o escritor espanhol pela famosa história de Inês de Castro, ele levara Unamuno a conhecer o solar de Sergude, em Sendim, sempre no Concelho de Felgueiras.

A propósito do Solar de Sergude, que hoje abriga uma instituição pertencente ao Ministério da Agricultura, corre uma lenda sobre Inês de Castro. Ela morreu a 7 de janeiro de 1355. Diz então a lenda que todos os anos, a 7 de janeiro,  o fantasma de D. Inês assombra os jardins do solar de Sergude, por ter sido a casa de Pêro Coelho, um dos seus carrascos. Para nosso descanso, de Henrique Dória e meu, que a chegámos a descortinar num painel de azulejos a chorar sobre uma fonte, em visita recente ao local, os funcionários do Ministério garantiram que nunca tinham visto o fantasma de Inês de Castro, e eu acredito neles.

Quanto a Teixeira de Pascoaes, que hoje frutifica na árvore genealógica dos surrealistas, pertencia à família de Sarmento Pimentel. O último da família a morar no Solar de Sergude foi Teixeira Coelho, segundo o funcionário do Ministério da Agricultura que nos recebeu ali, ao Henrique e a mim, no passado dia 15. De outra parte, no livro de heráldica Pedras de armas e brasões tumulares do Concelho de Felgueiras, figura a informação de que na igreja da Casa da Torre, em Rande, as armas dos Pimentel foram colocadas no lugar onde antes tinham estado as armas da Família Teixeira. Que as duas casas estavam ligadas di-lo nas Memórias do Capitão Sarmento Pimentel, quando rememora os da sua linhagem, afirmando, de acordo com velhos tombos, que a Torre de Rande era feudo de Sergude desde os primórdios da Nacionalidade.  A Torre, dita de vigilância no Caminho de Santiago, tem essa função expressa nas vieiras do brasão da família Pimentel.

Por consequência, antepassados de Teixeira de Pascoaes viveram na Casa da Torre e no Solar de Sergude. Porém, se o escritor nem com o neorrealismo, seu mais próximo familiar estético, mostra total compatibilidade, com o misticismo de Teixeira de Pascoaes, então, a familiaridade é nula. Mais relação com o poeta de Maranus parece ter o irmão aviador, Francisco Sarmento Pimentel, ao batizar com o nome de “Marão” o aparelho em que praticou a pioneira viagem aérea de Portugal para a Índia, em 1930.

Francisco não era o único irmão. Leopoldo e Margarida tiveram cinco filhos, a saber, do mais velho para o mais novo: Alfredo, nascido em 1885; Maria das Dores, 1886; Maria Helena, nascida em 1887; João Maria Ferreira Sarmento de Moraes Pimentel, o “Capitão”, nascido em 1888; e Francisco, o aviador,  em 1995.

João Sarmento Pimentel não seguiu as pisadas filosóficas do seu amigo Leonardo Coimbra, nem os voos líricos do seu parente Teixeira de Pascoaes. Nada nele subverte a academia a ponto de se encontrar com o futurismo de um Almada Negreiros, e chamar-lhe neorrealista é desafiar Jorge de Sena, que o deu como inclassificável. Realmente, Sarmento Pimentel, como escritor, é muito parecido com o Capitão, a que eu aporia a etiqueta de herói solitário. Porém, não é para agora a defesa de tal tese num homem de quartel, família e comícios, solidário, amante de tertúlias, participante em movimentações de populares e soldados, que sempre defendeu a questão social. Fique então o problemático herói solitário para uma próxima reunião.

* Estas nomeações podem ter ocorrido na altura da atribuição das estrelas de general. De um email de José Verdasca cito:

«Sarmento Pimentel  interrompeu a carreira militar como capitão, pedindo licença para ocupar a gerência das minas. Depois de se ausentar para o Brasil deve ter sido demitido de oficial do Exército. Após o 25 de abril foi anistiado e promovido a tenente coronel. Em seguida – e a meu pedido – Marques Junior abriu no Conselho da Revolução processo para a sua promoção a general, aprovada no último conselho, a 24 de abril de 1982.

Cito tudo de memória, podendo comprometer a precisão dos factos.»

 

REFERÊNCIAS

Artur Vaz-Osório da Nóbrega (1997) – Pedras de armas e brasões tumulares do Concelho de Felgueiras. Heráldica de Família. Edição da Câmara Municipal de Felgueiras.

João Sarmento Pimentel (1958) – “Carta aberta ao Exército Português”.  Fundação Mário Soares.  Arquivo Mário Soares.

João Sarmento Pimentel (1962) - Memórias do Capitão. Primeira Parte, São Paulo. 

João Sarmento  Pimentel (1974) - Memórias do Capitão. Porto, Editorial Inova. 2ª ed., completa.

José Verdasca (2016) -  Sarmento Pimentel (IV)”. No Triplov, em:

http://www.triplov.com/hist_fil_ciencia/sarmento_pimentel/jose_verdasca/sp_04.htm

Maria Estela Guedes & Ilda Crugeira (2015) – “Sarmento Pimentel e a revolta dos bibliotecários - O golpe de 1927 contra a ditadura”. No Triplov, em:

http://www.triplov.com/hist_fil_ciencia/sarmento_pimentel/revolta-dos-bibliotecarios/index.htm

Maria Estela Guedes (2015) – “Sarmento Pimentel, herói  portuense. As cartas para Fortunato Seara Cardoso”. No Triplov, em:

http://www.triplov.com/hist_fil_ciencia/sarmento_pimentel/fortunato-seara-cardoso/heroi-portuense.htm

Maria Estela Guedes (2016) – “Sarmento Pimentel em Lúcio Feteira: amigos próximos, reputações distantes”. Na Revista Triplov de Artes, Religiões e Ciências. Em: http://www.triplov.com/novaserie.revista/numero_59/maria-estela-guedes/index.html

Norberto Lopes (1976) - Sarmento Pimentel ou uma geração traída. Diálogos com o autor das “Memórias do Capitão”. Lisboa, Editorial Aster.

Norberto Lopes (1977) - Sarmento Pimentel ou uma geração traída. (Diálogos de Norberto Lopes com o autor das “Memórias do Capitão”). Prefácio de Vitorino Nemésio. 2ª edição com documentos inéditos da luta contra a ditadura. Lisboa, Editorial Aster.

Pereira de Eça, general (1921) - Campanha do sul de Angola em 1915. Lisboa, Imprensa Nacional, 1923. (Relatório grande).