Há um “também” no meu título. É que o Wladimir trabalha com a imagem, com a guitarra e com os livros, pelo menos. Editor da Urutau, tem dado à estampa muitas obras, entre as quais saliento as de poesia. É a edição financeiramente mais arriscada, como sabem os que lidam com livros. Editores menos arrojados ficam pelos livros de supermercado, aqueles que se vendem. Aliás os únicos felizes neste mundo do papel são os que trabalham com os livros escolares. Wladimir Vaz merece a gratidão dos poetas pela sua coragem, que espero não o ponha à beira de se agarrar ao crocodilo como tábua de salvação.
É um livro disfórico, de travessia dos mortos do rio Letes, através da geografia familiar, uns na Europa, outros na América, outros em parte ignota. Livro por isso de pontes, de fronteiras, de línguas e linguagens, de corpos, e de uma doçura muito própria de Wladimir, que afaga as palavras como se fossem de amante.
Num tempo em que em volta desce um véu de luto pesado, que não referencia este ou aquele, podendo servir-se de uma personagem como exemplo da globalidade que povoa a Terra, Wladimir Vaz lança à água o seu jacaré salvador – a poesia.