EDUARDO AROSO
Vou com as águas dos ribeiros.
Depois a chuva, pagã eucaristia,
que a todos dá de beber.
Acompanho o lento surgir do verde.
Olho toda a promissão dos frutos.
Espera-se o acto solene do sol.
As borboletas poisam nas pedras
amaciadas de mais beleza e ternura.
Não digo que curam as chagas do mundo.
É inútil a medição para a usura da terra,
extrema violação do que pode dar.
A natura é que mede o nosso olhar.
Eduardo Aroso
(Equinócio de Março, 2024)