Vitório Káli: A torrente da palavra de um filósofo que andou por Angola

 

MANUEL RODRIGUES VAZ


Palestra lida no dia 8 de Julho de 2022, no Restaurante O Pote, em Lisboa, integrada no ciclo da Tertúlia À Margem


  “(…) Fonteségura entrou na loja dos gravadores com aspecto terrível e nem a gentileza de Marília conseguiu demovê-lo da sua agressividade. Marília, que atendia ao balcão, chamou o gerente e a história foi mais uma vez denunciada. O gerente declarou logo à partida que as bobinas se vendiam seladas e a prova, acrescentou com ar de desafio, era que nunca uma coisa destas tivera lugar. Ouviu-se novamente a gravação e o resultado foi o mesmo. O gerente perguntou se não haveria nas proximidades da experiência alguma personagem, mesmo que estivesse escondida, porque sempre poderia, por muito estranho que isto surja aos nossos olhos experimentados, ter ficado gravado um conjunto de sons distantes trazido pelo vento ou por alguma corrente eléctrica do espaço, enfim uma coisa destas assim. Mas não. Naquele sítio do Cerro das Almas Vagantes apenas se encontravam Fonteségura e eu. Mais ninguém. O gerente aconselhou que se fizesse nova tentativa no dia seguinte e no mesmo local e, se possível, à mesma hora. Deu-lhe uma nova bobina, também selada, olhou-o ainda desconfiado, aquele Fonteségura era mesmo um tipo esquisito com a mania dos pássaros, Marília abriu-se num sorriso de tipo profissional pois seria incapaz de meter-se na cama com ele e desta forma regressámos ao nosso laboratório. Nessa tarde, como de costume, voltámos ao Cerro. Fonteségura assegurou-me que ninguém estava por aqueles lados, eu deitei igualmente uma olhadela mais adiante, apenas os pinheiros se perdiam de vista até às margens de sinuosidades do rio Lis, o céu estava límpido como sempre acontece no verão de Leiria, e tão pouco se conseguia vislumbrar ao longe algum milhafre solitário na sua faina de escutar os segredos dos homens. Os pássaros olharam-nos com o seu ancestral interesse (é preciso aqui dizer que os pássaros nos vêem como outros tipos de sinais e que fazem a nossa identificação pelo modo que andamos ou falamos ou vestimos, tudo isto obedecerá a uma padronagem típica que os cientistas destes assuntos, Fonteségura inclusive, tratam desde há longos anos. Se não fosse isso torna-se evidente que o planteio de espantalhos de braços abertos nada significaria para os nossos bichos. A bem dizer, uma experiência foi recentemente efectuada por um abstruso conhecedor dos hábitos dos pássaros, o qual pensou provar que é a posição e a indumentária do espantalho que informam os pássaros acerca do significado de alerta que se pretende obter em casos específicos, foi mesmo o caso em que ele se dispôs a ficar durante três dias e duas noites com os braços abertos e vestido à pedinte português num terreno semeado de centeio, tendo observado que os pássaros vinham ali espreitá-lo e depois se pisgavam em grande velocidade) e vigiaram naturalmente os gestos do meu companheiro, julgo que já conheciam muito bem aqueles aparelhos de coisas redondas a girar como os óculos de lentes fortes que Fonteségura usava em operações semelhantes e me intrigavam sempre um pouco enquanto não entendi que, se ele era na realidade um especialista do ouvido, os sons captados apenas se tornavam inteligíveis quando reconvertidos em imagens visuais, isto levou-me a pensar muitas vezes naquele velho ditado de Heidegger sobre a função da visão humana, afinal todos nós descobrimos o mundo com os olhos mesmo que sejamos cegos, (…)”

 

Não, não se zanguem comigo. Isto foi mesmo para os chatear, mas não havia outra forma de apresentar o meu amigo Vitório Káli, aliás António Mesquita Brehm, falecido em Maio passado. Este excerto, retirado do seu livro Jánika, O livro da Noite e do Dia, faz parte de um parágrafo que se prolonga por 21 páginas. Está quase tudo dito!

Entretanto, vale a pena transcrever parte de um seu depoimento, publicado em 2006: «Meu nome é António Mesquita Brehm, tenho 78 anos, e escrevo este depoimento como simples cidadão português e não como Vitório Káli, escritor.”

(…)

”Em 1962 encontrei-me, pela primeira vez, com Manuel Alegre em Luanda. Sacámos o santo e a senha da algibeira para nos identificarmos e, a partir daquele breve instante, metemo-nos numa das maiores aventuras das nossas vidas. Combinámos formar um único grupo com armas na mão e derrubar o regime de Salazar.”

”A guerra colonial havia começado tempo antes, centenas de colonos portugueses tinham sido cruelmente abatidos nas matas do norte de Angola e alguns milhares de negros sofriam agora perseguições e morte nos musseques de Luanda. A vergastada emocional paralisou os nervos da população. Mas toda a gente lúcida sabia que se tornara imperioso estancar aquele martírio inútil dos nossos povos.”

”Se tomássemos o poder em Luanda e controlássemos Angola, faríamos um ultimato a Salazar e encetaríamos negociações com os movimentos de libertação para discutirmos as condições da independência do território protegendo não só os direitos naturais dos angolanos como ainda de todos os portugueses que ali viviam.”

”Foi então, às vésperas do golpe militar, que um oficial nosso compatriota nos traiu (ele e alguns mais) e nos denunciou à PIDE acusando-nos de estarmos a vender Angola às forças de Satanás. Toda a cabeça do grupo revolucionário foi presa e encurralada na Prisão de São Paulo de Luanda. Nas celas pegadas às do Luandino Vieira, do António Jacinto e do António Cardoso, cujos nomes ficaram bem gravados na literatura angolana.»

Nascido em Lisboa em 29 de Junho de 1927, filho de Johann Baptiste Brehm, descendente  de uma família alemã originária da Baviera, e de Maria Emília Pereira da Silva Bourbon de Mesquita, Vitório Káli é pseudónimo de António Óskar Pereira da Silva Mesquita Brehm, que assinou normalmente com apenas António Mesquita Brehm, outras vezes como Mesquta-Brehm, tendo usado também os pseudónimos de José Luís Conrado e de Elizar Fontenarva.

Licenciado pela Faculdade de Letras de Lisboa em Ciências Histórico-Filosóficas. Foi professor do ensino secundário e do ensino universitário.

Tendo iniciado a sua carreira literária em 1943, com o romance Pólvora e Sangue, editado pela Livraria Avelar Machado, que existiu na Rua do Poço dos Negros, em Lisboa, Vitório Káli atingiu notoriedade com o romance Jánika – o livro da noite e do dia, galardoado com o prémio literário Círculo de Leitores, em 1980, e posteriormente traduzido em várias línguas. Seguiram-se-lhe Tupáriz e as Sementes do Céu (1988) e Terramoto (1992), que tiveram várias edições brasileiras, mas o autor parecia já ter deixado de surpreender os leitores e, apesar de algumas traduções destas obras, os seus livros voltaram a cair na anonimidade que tinha caracterizado os seus textos das décadas de 1940 e 1950. O romance Terramoto foi definido pelo autor como um romance alquímico, pois, segundo o próprio, «Escrever um romance ou fazer um poema é penetrar noutras regiões do universo, procurar descobrir as nossas ligações com o passado, nossas vidas anteriores, o seu significado em relação às várias mortes que percorremos. Este romance tem naturalmente um enredo que leva o leitor a contactos do terceiro grau.»

O discurso narrativo de Vitório Káli permanece contudo inovador e os seus longos parágrafos, caracterizados por uma forma intencionalmente torrencial, remetem em parte para algum do discurso de James Joyce (1882-1941) e para a fluidez quase contínua da oralidade e também do pensamento reflexivo, desprezando a pontuação tradicional, parecem permitir estabelecer, hoje, um certo paralelismo estrutural com a iconoclastia discursiva de alguma ficção do seu contemporâneo José Saramago.

Foi redactor do jornal ‘O Século’ de Lisboa, tendo seguido depois para Angola, onde dirigiu o Colégio Luís António Verney, brincou muito aos teatros e apresentou-se essencialmente como filósofo, que era a sua principal vocação, especialmente numa tertúlia artística e cultural no Clube da Terra Nova, em Luanda, de que era o mentor. Nos vários papéis que se foi atribuindo, além de filósofo, ele foi também romancista, dramaturgo, empresário de alto coturno e professor, fazendo sobretudo figura de Platão dando as suas lições aos discípulos à vista das tumbas do Cemitério Novo.

Entre os discípulos podia-se destacar Carlos Pacheco, pelo comprimento e o afinco ao estudo. Ainda hoje há que apreciar mais o seu lado de filósofo do que o arremedo de historiador em que se transformou, pois decidiu misturar demasiado o seu papel de historiador com o de ajustador de contas com o MPLA.

Conta o jornalista Artur Queiroz que «Um dia “Herr” Brehm escreveu O Papagaio da Meia-Noite, uma peça revolucionária nas entrelinhas, que foi apresentada pelo Grupo Experimental do Colégio Verney, que ele próprio tinha criado, e que defendia, pela calada da noite, a independência de Angola. Aproveitando a veia teatral ainda escreveu mais um texto retumbante: Os Balões do Rio Queve. As peças foram impressas nas Indústrias ABC, que detinha o jornal ABC, durante muitos anos dirigido por Machado Saldanha, um indefectível republicano. Depois de alguns delírios, decidimos ensaiar O Papagaio da Meia-Noite, cuja edição teve capa de Carlos Fernandes, um dos expoentes da arte pop portuguesa. Logo nos primeiros dias foi preciso chamar o César Teixeira, actor e encenador de verdade, que hoje vive na Austrália, para pôr ordem no palco.»

Efectivamente, na década de sessenta, Brehm interessa-se sobretudo pelo teatro, tendo publicado, como dramaturgo, além da peça acima indicada, também Zarco, o doido (1970), igualmente levado à cena, em Luanda. Ainda em 1970 publicou igualmente em Luanda, Gilgamesh e as muralhas d An-Ki, Ressurreição de Jansen e Cela 4275, pelas Edições Verney. Escreveu ainda Os mitos enforcados (1962), Os túmulos e a corneta, Teorema jogou cacau, a que acrescentou o ensaio Logicificação do teatro existencial.

Em 1947, havia publicado em Lisboa, o livro de poemas Traição, com ilustrações e capa da conhecida pintora Ivone Chinita, e em 1952 sai com Poemas dum ébrio, (História da Física Nuclear ou Problemática dum Bébé). Em 1962 escreveu uma ficção sobre a guerra colonial, Kambuli – O Despertar da Consciência, em edição de autor, que fez circular em edição clandestina em Angola e Portugal e nos corredores da ONU, tendo acabado por ser apreendido pela PIDE/DGS, e ainda é autor de O Canto do Cisne. Estudo filosófico sobre Patinagem Artística, inspirado na obra de Saint-Saens, em que se manifestou pela primeira vez a sua antiga atitude crítica, no campo filosófico. Igualmente com capa de Ivone Chinita, que ainda fez parte da Tertúlia das Galegas, no Bairro Alto, Mesquita-Brehm publicou o romance A Grande Sinfonia (1947), em edição da Guimarães Editores. Trata-se de, como diz o autor, de um livro que exige do leitor um espírito liberto de todos os preconceitos tanto literários como científicos. «Como romance, a acção quase que não existe, salvo naquilo que se move em pensamento, na própria antevisão dos factos reais.» E o autor não tem dúvidas: Trata-se do primeiro romance de pensamento escrito na nossa Língua. E não é por acaso que ele lembra que os seus escritos estão em consonância com a tradição expressa na obra de um seu antepassado célebre, o Brehm do livro Vida dos Animais.

Vale a pena transcrever das badanas este texto esclarecedor: Dum temperamento híper-excitado, da linha de um Dostoijevski e dum Nietzsche, profundo psicólogo do fenómeno humano, é ao mesmo tempo um pensador que o dia de amanhã revelará ao mundo. O seu sistema de Filosofia, sendo nitidamente idealista – é estruturado sobre bases metafísicas de origem oriental. Proclama a não existência da matéria e a existência do Além. Considerado sob o ponto de vista social, ele é um dos mais acérrimos defensores duma unidade europeia – como unidade de Cultura – e daí o seu violento ataque ao comunismo.

Todas estas suas obras trazem no seu cerne o que eu chamo a torrente da palavra. Como no Eclesiastes, no princípio era o verbo, e tudo passa pelo verbo, para o que arranja, um pouco à maneira de Fernando Pessoa, uma dupla identidade, fazendo-se notar na fala do autor uma tentativa de distanciamento entre a figura do escritor e do cidadão comum, do homem de carne e osso. A literatura, no ponto de vista de Káli, confere um status de quase deus ao homem que escreve. A profissionalização do escritor parece não ser uma preocupação, sendo o registo do nome na história da literatura o grande reconhecimento desejado por ele:  Mas, como ele próprio diz: «Vitório Káli não é propriamente um pseudónimo porque não me escondo atrás dele para conservar meu próprio anonimato […] Vitório é a minha outra dimensão, que apenas contacto nos momentos muito especiais da minha existência, que escuto com veneração, me dá ensinamentos mediúnicos, me indica novas portas de entrada para outros universos, com a qual viajo para longínquas regiões desconhecidas e me apresenta a inimagináveis personagens tão reais como qualquer um de nós, embora revestidos de outra simbologia, de outras geometrias e outros conteúdos. Somos dois irmãos, duplos do mesmo ser cósmico que está para além de todos os níveis de conhecimento.»

E salienta ainda, «Vitório Káli, considerado escritor ‘maldito’ na sua terra, escreve sobre um universo paranormal, atraente, inquietante, repleto de surpresas, ‘o abismo no além’.» «Káli é quem dentro de mim escreve», afirma ele, esclarecendo que se interessa pela parapsicologia e por fenómenos metafísicos, e é por isso que, no seu texto, épocas e lugares diferentes, reais ou imaginários, convivem em harmonia. Brehm, aliás Káli, insistia candidamente no veio da memória rica em acontecimentos: «O meu espírito de aventura vem de criança. Um dia fugi da quinta dos meus avós e fui viver sozinho nos pinhais de Leiria. Gostava dos lobisomens, mas o sonho acabou porque meu pai encontrou-me e trouxe-me de volta.»

É com este pseudónimo que publicará em 1988 Tupáriz e as serpentes do céu, integrando 20 histórias que têm “álibis históricos e científicos”, compondo um texto “enraizado no género fantástico” e “na experiência dos limites”, segundo Maria de Lourdes Cortês, professora da Faculdade de Letras de Lisboa. O autor buscou elementos nos gregos e egípcios, no Graal e na Atlântida, no Anel dos Nibelungos e em Nietzsche, no espiritismo, magnetismo e na telepatia, “elementos aparentemente sobrenaturais, mas afinal tão próximos”, para escrever esses textos em que “o mistério irrompe na vida real”, diz a professora.”

Na mesma linha tinha publicado em 1982 o livro Terramoto, por si definido como um romance alquímico. E justificava: «Escrever um romance ou fazer um poema é penetrar noutras regiões do universo, procurar descobrir as nossas ligações com o passado, nossas vidas anteriores, o seu significado em relação às várias mortes que percorremos. Este romance tem naturalmente um enredo que leva o leitor a contactos do terceiro grau, como agora se diz, mas que penso que traduzem de perto a veracidade dos factos.»

Mas Brehm não se ficará só pela literatura, pois, em 1982, apresentará no Congresso dos Jornalistas Portugueses, a comunicação Ensino de Comunicação social – a formação dos quadros profissionais nos países africanos de língua oficial portuguesa, onde expenderá sobretudo filosofia comunicacional.

Como é de salientar, António Mesquita Brehm não podia ficar desapercebido. O episódio com o escritor António Lobo Antunes é bem paradigmático disso. Efectivamente, Lobo Antunes não pôde publicar o seu livro com o título original – O regresso das Caravelas – porque o Mesquita Brehm já o havia registado em seu benefício na Direção-Geral de Espetáculos e do Direito de Autor, no dia 21 de agosto de 1987, “registo que lhe foi deferido a 20 de outubro do mesmo ano. Digno de nota, que Lobo Antunes já havia anunciado anos antes, publicamente, que o seu próximo livro – após a publicação de Fado alexandrino – se chamaria O regresso das Caravelas, conforme o Jornal de Letras também anunciara, no caderno Em Dia. Mesquita Brehm justificou a atitude tomada ao alegar que o título lhe havia sido sugerido há catorze anos, numa conversa que teve com Agostinho Neto, o primeiro presidente de Angola após a independência. Interessante que a versão do romance para as línguas inglesa (The return of the Caravels), francesa (Retour des Caravelles) e alemã (Die Rückkehr der Karavellen) mantiveram o primeiro título pensado por Lobo Antunes.

Tendo-o conhecido bastante bem, penso poder dizer que não acredito nesta sua justificação. Sempre tive grande empatia com ele, porque gosto de tudo o que me cheira a aventura, mas na verdade, se não se pode dizer que fosse um mentiroso patológico, pode-se dizer que fantasiava bastante. Por exemplo, durante muito tempo ele apresentou-se como antigo conselheiro do primeiro presidente angolano Agostinho Neto, o que nunca aconteceu, a não ser que tenha dado a sua opinião sobre o que se estava a passar. Mas, por outro lado, é verdade que ele teve algumas tentativas de intervenção na política angolana, razão porque, como disse no início, esteve preso com o poeta Manuel Alegre, assim como serviu de intermediário para a entrega de cartas da oposição angolana a Mário Pinto de Andrade, que foi um dos primeiros presidentes do MPLA. Diga-se ainda que logo após o 25 de Abril, ele chegou a fundar em Luanda a FRESDA, ou seja Frente Socialista Democrática de Angola, que teve dois militantes, ele e a sua esposa, Lisette Antas. Devido às suas ligações políticas, regressa pouco depois a Portugal, tendo ficado a trabalhar na então Direcção Geral da Comunicação Social, sedeada no Palácio Foz.

A título de curiosidade, assinale-se que a sua mãe, Maria Luísa Mascarenhas Pereira da Silva e Bourbon, era prima direita de Mousinho de Albuquerque, que a visitava amiúde no solar da sua Quinta da Várzea, em Gândara dos Olivais, no concelho da Batalha, a dois passos do centro de Leiria.

Este solar está há muitos anos em ruinas, mas não podia ser vendido, porque a sua mãe inseriu uma cláusula no testamento deixando-lhe a quinta, mas reservando o usufruto aos netos, o que criou alguns problemas na gestão da propriedade.

Enfim, nos vários papéis que se foi atribuindo, além de filósofo, António Mesquita Brehm foi também romancista, dramaturgo, empresário de alto coturno e professor, fazendo sobretudo figura de Platão dando lições aos discípulos. Como acentuo no título, era senhor de uma verbe torrencial, que ultrapassava todos os escolhos, avançando sempre rumo à aventura da palavra que nele nunca tinha limites. Foi uma figura de relevo na Luanda dos anos 60 e 70, nesta altura a viver uma prosperidade que era efeito da guerra de libertação, num ambiente que não passava de uma ficção. Chegava a ser empolgante!