Integrada numa zona de
reconhecido valor
arquitectónico e artístico,
a Quinta de São Bento, que
data de 1680, conta com
uma valiosa história para
contar. A riqueza cultural é um marco desta
propriedade, que zela pela
qualidade e conforto dos
seus visitantes. Alvo de um
processo de dinamização e
requalificação, esta quinta
se caracteriza pelo seu
charme tradicional, tendo
como cenário parte do vale
encantado, no concelho de
Tarouca.
Situada numa encosta soalheira, a quatro quilómetros da cidade de Tarouca, em Gouviães, a quinta de S. Bento conta com 98 hectares de
terreno (sendo 34 de vinha) e uma grande história para contar. O local já foi sede dos
Beneditinos, mas, hoje, se
destaca pelos premiados vinhos que produz e pelo ambiente familiar no trato com
seus visitantes.
Em 1980, um incêndio
destruiu parte da propriedade. Abandonada, a quinta corria o risco de perder a sua
memória. Mas, com o propósito de salvaguardar e
manter as tradições da família e os traços marcantes
do local, António Ehlert, um
dos herdeiros e responsáveis pela quinta, decidiu,
há pouco mais de um ano,
reconstruir o passado. Aos
poucos, os cómodos foram
restaurados, assim como
parte da quinta.
Logo à entrada da casa, o
ambiente transforma-se. O
espaço verde dá lugar a um
autêntico "palácio de memórias" que, através da
decoração, conta a história
da família Osório Coutinho
e Castro, uma das mais
tradicionais da região.
O ambiente rico em detalhes transporta-nos a um
passado de história e tradição
que, ao logo dos anos, se
modificou. Na sala, um piano
italiano de 1890 lembra bons
momentos de música.
"Aqui a tradição nunca
será deixada de lado. Apesar
de o espaço ter sido renovado, optei por manter o seu
aspecto original. A magia
desta quinta é que ela tem
história, o que outras não
têm", conta António Ehlert.
Esta quinta é constituída
por um solar, diversos prédios de funcionalidade agrícola e habitacional, além de
campos agrícolas de enorme extensão, com uma produção diversa. A casa está
rodeada por um imenso
espaço verde, com árvores
de origem nórdica e majestosos ciprestes, que se
destacam por serem o ex-libris
da quinta.
O interior da casa conta com
11 quartos, sendo que alguns
têm casa de banho privativa e
televisão, além de salões de
festas, sala de jogos, sala de
reuniões, biblioteca, serviço de internet, etc..
Outras actividades tradicionais, como a matança
do porco, são pontos assentes no calendário da
quinta, onde a agricultura e a produção de vinho continuam a ser feitas de forma tradicional e natural.
Detentores de váríos prémios dada a sua qualidade,
o vinho "Quinta de São
Bento" alcança grandes
níveis de produção.
Os vinhos Branco Maduro DOC, Branco Seco e
Tinto Reserva constituem
as cerca de 25 mil garrafas
produzidas por ano."
"Os nossos vinhos já ganharam vários prémios. O
segredo desse sucesso é a
forma caseira como eles são
feitos. Todo o processo é
realizado de forma tradicional",
garante o responsável.
Na quinta de São Bento
podem ser encontrados outros produtos tradicionais
daquela propriedade, como a
jeropiga caseira, aguardente
de medronho, ginjinha, licor
de baga, bem como azeite,
frutas em calda, mel, doce de
baga, avelãs, nozes, figos
secos, presunto, entre outras "iguarias", como o piri-piri afrodisíaco.
Os campos são compostos também por uma plantação de ervas aromáticas
que, juntamente com a baga
de sabugueiro, inserem-se
numa perspectiva de conquista do mercado internacional.
O artesanato, que ganha
vida pelas mãos de Susana
Carvalheira, uma das funcionárias da quinta, faz também
parte dos produtos locais.
Uma das apostas daquela
estrutura é a aproximação
produtor-consumidor, através da comercialização directa dos produtos, que podem ser adquiridos na
própria quinta. |
A sua origem remonta ao
século XI (com documentos
datados de 1228), no início da
fundação da nacionalidade por
D. Afonso Henriques que, ao
doar as terras circundantes a
este estabelecimento a Paio
Cortes, estabeleceu a Honra de
Gouviães.
Logo após foi cedida por
Nuno Viegas ao Mosteiro de
Salzedas que instala uma comunidade de monges na quinta,
que acabam por ali construir um
pequeno convento.
Nos séculos XIV/XV os descendentes da família
Viegas vendem a quinta à
família Fonseca (Coutinhos
e Condes de MariaIva).
No século XV, a posse da
quinta transita para as freiras de São Bento de Avé-Maria da cidade do Porto,
que ali estaelecem um local de recolhimento das irmãs
doentes ou em repouso,
recebendo hóspedes e fazendo render a quinta pela
sua produção que trocavam
com os habitantes locais.
Entretanto, o controlo da
quinta volta para as mãos
dos Condes de Marialva e,
através de algumas gerações familiares, chega à
posse da familia dos Vaz
Pinto Menezes, ao descendente Manoel Osório, que
se torna marido da escritora
Maria do Pilar Osório. Deste
casamento a linhagem da familia Osório Coutinho e Castro, antepassados de Margarida Osório,
mãe do actual gestor da quinta, António Ehlert. |