LUÍS DE BARREIROS TAVARES
(Org.)
Inéditos: nove poemas e uma inscrição de Manoel Tavares Rodrigues-Leal.
Do caderno Uma pequena paz talvez (1989). Alguns poemas sofreram revisões em 1991, 2003 e 2004.
MANOEL TAVARES RODRIGUES-LEAL
I
Como a luz da manhã vacila
cai e burila
o pouco que jaz
no Tejo uma pequena paz
Lx. 14/3/89
II
[inscrição]
Fragmento de um dia…
Lx. s/d [Pode afirmar-se que esta inscrição é de 89, tendo em conta a caneta usada (a tinta), a caligrafia e a sua inserção entre os manuscritos dos poemas anterior e posterior na presente publicação. Ficou completada com as reticências numa revisão de 2003]
III
Sou sem sílabas o desejo deslumbrado
e aqui principia a tarde
coxas húmidas pénis tenso vagaroso e vagabundo
a aldeia da tua infância
a alegria antiga
Lx. 17/3/89 [o último verso é de 2003]
IV
Sob um lençol da luz
a cidade se debruça sobre o rio
Lx. –
Lx. – 8/7/89
V
O pensamento solitário e diurno
a mesa onde arrumo
poemas e penas
e as folhas dispersas do mundo…
Lx. 24/3/89

VI
O azul onde anoiteço
as flores sem endereço
as folhas sem sol nem sul
Lx. 24/6/89
VII
O azul anoitece
a passagem das flores sem rumo
as folhas sem sol nem sul
as arrumo
Lx. 2003/03/27 [versão de 2003 a partir do poema anterior]
VIII
Sim a solidão resvala
útero da tarde
o corpo se cala
circula
Lx. 2003/03/27 [poema iniciado em 1989 com os dois primeiros versos e parte do segundo]
IX
É jogo ou jugo o amor?
Um senão perverso pelo que julgo…
Lx. 27/3/89
X
Hão-de vir as noites nuas
e os jovens amantes
Hão-de vir os antigos instantes
e as sombras que estuas
Hão-de vir os dias secretos em que as minhas mãos serão tuas
Lx. 27/3/89 – (à Ana Maria [ex-mulher])
