Turbiditos

A.M. GALOPIM DE CARVALHO
GEOLOGIA PARA TODOS


Quando, em conversas sobre geologia de Portugal, falamos do Complexo Xisto-grauváquico (anterior ao Ordovícico), do centro e norte do país, ou dos turbiditos do Carbonífero do Alentejo, sabemos, realmente, do que estamos a falar?

Haverá, certamente, quem tenha interesse em precisar alguns conceitos. Para esses, eis o que me ocorre dizer:

TURBIDITO – rocha sedimentar de fácies marinha profunda, gerada por correntes de turbidez.

CORRENTES DE TURBIDEZ, de gravidade ou de densidade – envolvem enormes massas de água carregadas (quase ao limite) de finas partículas sedimentares, terrígenas (silte e argilas) e/ou carbonatadas, mantidas em suspensão pela turbulência do fluido que as transporta e, também, pela densidade e viscosidade que lhe comunicam. Com grande capacidade de transporte, estas correntes podem atingir velocidades próximas dos 100 km/h. Fluidas e viscosas, sendo mais densas do que a água que as rodeia, as correntes de turbidez deslizam sobre a vertente continental, provocando, ao mesmo tempo, erosão, transportando consigo todo o material que vão arrancando. Quando se espraiam na base, perdem velocidade e imobilizam-se, depositando os materiais que transportam, dando origem a leques submarinos profundos que, por acumulações sucessivas, podem atingir centenas de quilómetros de raio, e espessuras de milhares de metros. Nestes leques, em particular na dependência de importantes rios (Mississipi, Ganges, Amazonas, Nilo), as taxas de sedimentação são elevadas, podendo atingir valores da ordem de 2 mm/ano, o que equivale a uma espessura acumulada de 2000 m, num milhão de anos, valor considerável, mesmo em termos geológicos.