NICOLAU SAIÃO
“Partiu aos 74 anos, ceifado pelo tal de nome impronunciável alojado num pulmão, Jean-Philippe Smet de seu nome civil, o “nosso” Johnny Hallyday que por muitos e bons anos brilhou, nos cartazes e nos palcos onde a qualidade é rainha, com o psedónimo artístico que escolhera para seu nome de guerra.
Apreciado por muitos e atacado por sectores do “politicamente correcto” da altura onde os estalinistas davam o principal mote com o pretexto de que era a encarnação do showbizz americanista, Johnny nunca desceu a contraditá-los com atitudes de hit man da muita notoriedade e da enorme fama que a sua magnífica forma de interpretar lhe granjeara. Limitava-se, sem lhes dar troco, a ofertar ao público temas cada vez melhores, firmado na sua poderosa voz de hombre varonil e em canções que a juventude ao início e as pessoas em geral, seguidamente, tinham como de seu gosto e apreço.
Ouçam-se, por exemplo, as notáveis “Requiem pour un fou”, “Le pénitencier”, “Ma gueule” e tantas outras que ele, verdadeiro animal de palco, soube projectar com sensibilade e pujança no imaginário francês e, por acréscimo depois, no colectivo europeu e até do novo mundo.
Compositor, ademais e depois actor de bom recorte – além de uma extraordinária interpretação na pele dum “enragé“, no filme “A vingança” – foi epigrafado em películas de Jean-Luc Godard e Patrice Lecomte, tendo o primeiro acentuado a sua costela de libertário e de grande apreciador do surrealismo numa entrevista assaz notabilizada nos jornais de referência cinéfila da época.
Johnny Hallyday sabia, ainda, ser fiel às suas admirações. Através das suas versões – como a que aqui vos damos a ouvir, a grande “La quete” do seu muito admirado e amigo Jacques Brel – prestava sensível homenagem aos seus próximos do coração de grande cantor que foi e que permanecerá sendo.
A bientôt, Johnny!”
https://soundcloud.com/user-862422160/johnny-hallyday