Teresa Ramos, o asserto e o “fatum”

 

 

 

 

 

 

 

PAULO J. BRITO E ABREU


«O que falta à nossa época não é a reflexão, mas sim a paixão.»
Soren Kierkegaard

 

( dedico o meu labor, sinceramente, à Universidade Pontifícia de Salamanca )

 

I, INTRÓITO

É falante, aqui, o aflante. E falamos, sem falácia, de uma dupla missão: Teresa Ramos (Oviedo, 15/ 10/ 1961) é Poetisa, ela é, ademais, Psicoterapeuta. Ou melhor: ela está à escuta dos emblemas, dos dilemas, e dos sonhos dos doentes. Ela sendo, perante os sonhos, um novo Champollion (Figeac, 23/ 12/ 1790 – Paris, 04/ 03/ 1832), perante os hieróglifos. Por a Teresa Ramos eu tenho, na minha banca de trabalho, a «Música Ímpar». E a primeira ilação que tirar nos é lícito é pois a seguinte: se move, esta Poesia, bem fora do princípio fácil e fútil; em «Música Ímpar», temos Teresa a modelar, a moldar, a modular cada palavra. Se trata, no crisol, duma heurística, exegética, hermenêutica Arte. Sendo assim, o Psicoterapeuta ele é uma sorte, ou uma espécie, de Crítico Literário, ele decifra a retórica do inconsciente. Etimologicamente, «Psicologia» significa: a «fala da Alma». Fala da Alma, outrossim, é o canto, o acume, o poético Nume. Se «na origem», diz Freud, «tudo era isso», o «ça parle», de feito, seguindo e segundo o Jacques Lacan ( Paris, 13/ 04/ 1901 – Paris, 09/ 09/ 1981 ). Que a tinta, na Teresa, ela brota do transe, e do imo das entranhas. Haja em vista, decerto, as associações livres. E na clínica do estilo, uma ab-reacção. E o Marquês de Puységur  (Paris, 01/ 03/ 1751 – Castelo de Buzancy, Buzancy, 01/ 08/ 1825), e o Abade, luso-goês, José Custódio de Faria ( Goa, Candolim, 30/ 05/ 1756 – Paris, 20/ 09/ 1819 ). E o/ a Psicoterapeuta é isso mesmo: é o tópico e típico, é uma Alma que sara outra Alma doente. Por outras palavras, o/ a Psicoterapeuta deve alentar, acalentar, alimentar o queixoso com o prândio, a Palavra, da Sabedoria. Acolhendo e acurando, o doente, com a aceitação positiva incondicional: essa, pois, a lição, a colação de Carl Rogers ( Oak Park, Illinois, 08/ 01/ 1902 – La Jolla, Califórnia, 04/ 02/ 1987 ). Segundo este humanista, o que é mister, e é mistério, é o «Tornar-se Pessoa», «On Becoming a Person» ( 1961 ). E a Psicoterapia ela há-de ser, tem de ser, existencial, ela é, como a Filosofia, o esclarecimento, racional, da meridiana, humana existência. Faltando à Teresa, apenas e tão-só, «dez minutos para subir ao cenário, / para comprar, estrear, / deixar de estar sozinha, / dez minutos para morrer» – e morrer, ó legente, é ser o transe e transeunte, é ser Iniciado. Pois na linha, avisada e figadal, de Victor Frankl ( Viena, 26/ 03/ 1905 – Viena, 02/ 09/ 1997 ), que é, no esquadrinhar, da escola do Adler ( Rudolfsheim, 07/ 02/ 1870 – Aberdeen, Escócia, 28/ 05/ 1937 ), do que há mister, no lance, é um «sentido para a vida». Sendo a neurose, afinal, uma crise, um vazio, existenciais. E da lavra de Alfred Adler é, em 1930, «The Pattern of Life» («O Sentido da Vida»).  A talho de foice, de feito, «No escuro / Caminha sem rubor o espanto» e «Sabe la Noche» (2015), dessarte, é um livro da Teresa. Pois segundo o Estagirita, é o espanto, hoje e sempre, aquilo que leva os homens a filosofar. E não sentes, aqui, «A Memória das Flores»??? E «Os Hinos à Noite», do Novalis nitente (Wiederstedt, 02/ 05/ 1772 – Weissenfels, 25/ 03/ 1801) ??? Não alembras, ó ledor, a «Noite Escura» e pura, do S. João da Cruz ( Fontiveros, Ávila, 1542 – Úbeda, Jaén, 14/ 12/ 1591 )??? E, também, o fraterno, salamanquino, Fray Luis de León (Belmonte, Cuenca, 1527/ 1528 – Madrigal de las Altas Torres, Ávila, 23/ 08/ 1591).  Os dous místicos e Poetas, os dous que abrilhantaram, em Hespanha, a Universidade de Salamanca. S. João da Cruz é de alto coturno: canonizado em 1726, foi alçado a Doutor da Igreja em 1926 e, em 1952, a patrono dos Poetas da língua espanhola. Quanto à Teresa, de feito, leve e linda, dessarte, a «Música Ímpar». Sendo a Música o Museu; o Museu, amavioso, o Templo das Musas. Sendo a Musa, outrossim, a signa ou sinal da estética Luz ( Gen 28: 19 ). Ou da Lísia, na lis, que vigora em Lusitânia. No razoar avisado, avalizado, de Santo Agostinho (Tagaste, 13/ 11/ 354 – Hipona, 28/ 08/ 430),  «cantar», desse modo, «é rezar duas vezes». E anotemos, nitente, anotemos, aqui, a talho de foice: desde o ano 2012, faz parte e participa, a Poetisa, do grupo de «Gospel» Alaikapela Abesbatza. Este grupo, coral, ele tem que se lhe diga: é que todalas músicas vão beber, cantantes e contentes, aos espirituais negros. Suas raízes são, portanto, africanas, e elas são, no carme, estado-unidenses. Como tércia matriz se entronca, o Karma e o coro, na tradição evangélica cristã, e é pois a meiga e o laurel,  o ministério menestrel. É pois a Lira, como Orestes, é a Musa, sideral, das esferas celestes. Quanto ao mais, se rebela, a Poetisa, contra a falta da Palavra na Península de Hespanha: «Os poetas já não cantam ao amor. / Pela auto-estrada os «trailers» transportam / a droga para o consumo dos adolescentes, / o meu vizinho atirou-se da janela.» Se dolente, por isso, é o dolo adolescente, aqui eu lanço, ao leitor, um repto e desafio: é Oviedo e é de Vésper, é a Poesia de Teresa Ramos para a Educação Nacional, e é cinema e é cenário, e é cenáculo, alfim, da plaga e Pamplona, da Musa Espanhola.

II, SIDERAÇÃO

A Hespanha, aqui, é a pátria de Conrado Santamaría Bastida ( Haro, 04/ 09/ 1962 ),  de Teresa Ramos ( Oviedo, 15/ 01/ 1961 ), de Federico García Lorca ( Fuente Vaqueros, Granada, 05/ 06/ 1898 – Viznar, 18/ 08/ 1936 ), é a terra, nitente, de Picasso ( Málaga, 25/ 10/ 1881 – Mougins, 08/ 04/ 1973 ), pinacoteca, e de Salvador Dalí ( Figueres, Catalunha, 11/ 05/ 1904 – Figueres, Catalunha, 23/ 01/ 1989 ). O Autor destas linhas é Luso, mas ele é, outrossim, a ibérica uberdade. «Liber Mundi», na Obra, a Ibéria libera, a Ibéria tem «liber» no seu interior. Ora «liber», em Latim, é o «livre», e «liber» é o «livro» na língua do Lácio. E fazemos um paralelo com a libido, nós alçamos, outrossim, o libar e  liberar. Teresa Ramos, por isso, a liberal, Teresa Ramos exuberante como as prestes Liberálias. Teresa Ramos editada, e traduzida, por o Carlos d’Abreu (Maçores, 15/ 09/ 1961); ele traduz, trovador, e não é traidor, ele é agraciado, por Deus, com o dom das línguas. E por isso o «obligare» e por isso a sua oblata: a língua, aqui, é uma forma de liga. Pois falando da Teresa Ramos, ela é cabal, e é Kabbalah, na Fonte Cabalina. E nímia, por isso, é «nomina numina», é náiade, ou ninfa, diremos nós ora. Dizer isto é matutar: a Autora está atenta à semente, ao frumento, e ao preste Firmamento. Como ela diz, e ela aduz, «Aceita o meu caderno de poemas e folheia-o feliz./ O trigo emite um mandato que é ouvido. Preserva a / semente entre as páginas do livro que escreveres.» Que a talho de foice, aduzem Latinos: «Spes messis in semine», isto é, «a esperança da colheita reside na semente.» E eis aqui o lema da Sociedade Brasileira de Eubiose ( 10/ 08/ 1924 ), quero eu dizer, dum grémio, duma grei, teosófica e perene, e fundada, de feito, por Henrique José de Souza ( Salvador, 15/ 09/ 1883 – São Paulo, 09/ 09/ 1963 ).  Em termos esotéricos, a semente é de alvedrio, mas a colheita, obrigatória; quem semeia por isso os ventos, ele colhe tempestades, quem boa cama fizer, nela se deitará: é a chamada, no espiritualismo, a lei do Karma. E é assim que se caminha para o simpósio, para a Selene, e prò preste seminário, é assim que a fasta Teresa asserta dessarte. Não raro, nesta Obra, Teresa Ramos é afoita, Teresa Ramos tem o tom duma anárquica Afrodite: «Uma folha como um pássaro, / um pássaro como uma flor, / uma flor como a da amendoeira, / um campo cor-de-rosa de amendoeiras, / o amor…» Sendo, a amendoada, uma amêndoa, à Mãe doada, e eis o tópico e típico da sideração. Que a Autora deste livro ela prova com palavras, e por isso ela é artista e a protagonista; no espécime, especial e no espectacular, Teresa Ramos, a especular, é a que se pinta e maquilha diante dum espelho. Se a Beleza, aqui, é a Ideia platónica tornada sensível, ela faz parte, ou participa, no imenso e sideral Teatro do Ser. Que a «Música Ímpar» é melada e maviosa, tem o dom e o carisma dum solerte Psicodrama, por isso alçamos, sereno, Jacob Levy Moreno ( Bucareste, Roménia, 18/ 05/ 1889 – Beacon, 14/ 05/ 1974 ). Pois seguindo e segundo a Luz e o diverso, o homem é actor, actor de Deus no palco do Universo – e não sentes aqui a flama, Amigo leitor??? Te seja a barca qual o berço, te seja feito, e perfeito, de acordo coa tua Fé ( Mt 9: 29 ). Reincidindo São Paulo, em «Carta aos Romanos», 1: 17: «O justo viverá pela fé.» Primordialmente, se encontra, esta cita ou sentença, no Antigo Testamento, em Habacuc, 2: 4. E seja rápida a leva, e seja lépida a lavra, seja música o fermento e o preste Firmamento. E seja o carme o charme, seja a Hespéria tamanha na península de Hespanha. Dizer isto, ao ledor, é alembrar: Teresa Ramos é patriota, ela recebe, de Unamuno (Bilbau, 29/ 09/ 1864 – Salamanca, 31/ 12/ 1936), o sentimento trágico, ou mágico, da vida. Ou melhor: se é sua a safra, é sua a faina, e a campanha, mágico-simbólica. Meditemos, então. O próprio do inconsciente é exprimir-se por metáforas, quer dizer: por tropos, por imagens ou figuras de estilo. Do «tropare», em Latim, vem «trovar», do «trovar» o «trovador». Fala de feito, a Teresa Ramos, por parábolas e fábulas, por os tópicos e tropos da Sabedoria. «Para uma Sabedoria Trágica» ( 1968 ), então, seguindo e segundo o Gabriel Marcel ( Paris, 07/ 12/ 1889 – Paris, 08/ 10/ 1973 ). Quanto à Sacerdotisa, ela nisto se assemelha, caroal e caroável, ao Poeta João Belo ( Cebolais de Cima, 25/ 06/ 1959 ). Ou melhor: do que há mister, no «Fatum», é o Ser, e não e nanja a falácia do ter. Mas dêmos, a Teresa Ramos ( Oviedo, 15/ 10/ 1961 ), a voz e a vez no poema «Girándula»: «Não sou o olho de deus, nem o vértice de um furacão. / Não sou tua, nem sequer do meu pai e da minha mãe, / não sou tua irmã, nem tua mulher, tão-pouco sou tua musa. // Não sou loira, russa, raivosa, ribombante, radiante, nórdica, / noiva, ninguém, nubiana, não sou neandertal. / Não sou tu, não sou eu, nem estúpida, nem ignorante, / nem crisálida, nem razão.» É que, se «Eu sou Aquele que sou» (Ex, 3: 14), sua Lira, ou sua láurea, é «Tornar-se Pessoa», eis a lavra de Carl Rogers ( Oak Park, Illinois, 08/ 01/ 1902 – La Jolla, Califórnia, 04/ 02/ 1987 ), em 1961. É que a Luz que existe nela saúda a Luz, e a Lusa, que existe na ledora. E longa vida, na via, ao Grupo Psicossocial de Encontro e Poesia; é dela, como o é, outrossim, em Carlos d’Abreu  (Maçores, 15/ 09/ 1961), o canto, o conto e a Cultura de Encontros. Ou Psicoterapia de Grupo, digamos, nós ora, no verde que avigora. Psicoterapia de Grupo: era o que fazia, romeno, Jacob Levy Moreno ( Bucareste, Roménia, 18/ 05/ 1889 – Beacon, 14/ 05/ 1889 ). No atinente, agora, à formação académica da nossa Poetisa: ela é formada, e graduada, por a Escola Espanhola de Terapia Reichiana, sendo ela Psicoterapeuta desde 1998. Trabalha, também, na Terapia Gestalt. Chamada, de feito, Psicologia da Forma. Em escólio preventivo, e portanto presuntivo: na História da Cultura, os castigados de ontem serão sempre, simbolicamente, os clássicos de amanhã. E relevamos, elevamos, aqui, Wilhelm Reich (Dobzau, 24/ 03/ 1897 – Lewisburg, 03/ 11/ 1957), ele foi, juntamente com Marcuse  (Berlim, 19/ 07/ 1898 – Starnberg, 29/ 07/ 1979), foi de feito o criador, caroal, do freudo-marxismo, mas o Reich antecipa-se, em várias décadas, ao razoar de Marcuse. Pois tanto Freud (Freiberg in Mahren, 06/ 05/ 1856 – Londres, 23/ 09/ 1939), como Marx (Tréveris, 05/ 05/ 1818 – Londres, 14/ 03/ 1883), como Nietzsche (Rocken, Reino da Prússia,  15/ 10/ 1844 – Weimar, Império Alemão, 25/ 08/ 1900), eles rechaçam e refusam a filosofia clássica do sujeito, e trata-se, aqui, de transmudar o mundo. Sendo o Marx, o Nietzsche, o sápido Freud, Autores duma cultura, dessarte, do desmascaramento. Ponderemos o comento do freudo-marxista: a família é uma «fábrica de ideologias autoritárias e de estruturas mentais conservadoras». Quanto a Wilhelm Reich, em Julho de 1922 ele doutorou-se em Medicina por a Universidade vienense, e, pouco depós, começou a laborar, em 1922, como assistente de Sigmund Freud ( Freiberg in Mahren, 06/ 05/ 1856 – Londres, 23/ 09/ 1939 ), na Policlínica Psicanalítica de Viena, na qual se manterá, preste e pronto, até 1928. Muito cedo, em 1920, ele tinha aderido à Sociedade Psicanalítica de Viena, começando a laborar, nesse ano, na Psicologia das Profundezas. Em 1927, se inscreve, de boamente, no Partido Comunista Austríaco. Em Setembro de 1930, ele deixa Viena e instala-se em Berlim. Foi ele motor, e promotor, da Sexpol, Associação para Uma Política Sexual Proletária, no Outono, de facto, de 1931. Ao cabo de alguns meses, esse grémio contava, deveras, com 40. 000 membros. Funda ainda, de feito, uma editora, a Sexpol Verlag, que é chama, dessarte, e chamada. Foi expulso, em 1933, do Partido Comunista Alemão; erradicado ele foi, em 1934, da Associação Internacional de Psicanálise. Os responsáveis por esta última exclusão eles foram, de feito, Ernest Jones, Max Eitingon, Anna Freud e Sigmund Freud. Sendo a causa desta provação a adesão, de Reich, às doutrinas comunistas. E renunciando, em 1938, à nacionalidade austríaca, se trata aqui de facto da apatridade do Ser. É que ele passou, grande parte da vida, em busca do «orgone», duma energia cósmica primordial presente e patente em todo o Universo. O neologismo «orgone» foi cunhado, de feito, a partir dos termos «orgasmo» e «organismo». Tentando eliminar, no doente, a couraça muscular ou caracterial. Mas seguindo e segundo o Carl Gustav Jung  (Kesswil, Turgóvia, 26/ 07/ 1875 – Kusnacht, Zurique, 06/ 06/ 1961), a libido é, afinal, «um valor energético que pode comunicar-se a um domínio qualquer». É o que Bergson (Paris, 18/ 10/ 1859 – Paris, 04/ 01/ 1941) entende, liberal, por o preste «élan vital». Quanto a nós, ponderemos: a força que se manifesta no genésico impulso é a mesma que se manifesta nas grandes obras de Arte: do genial para o genital vai um passo muito curto. Ou seja: se Vénus simboliza o Amor, tipifica, também, as Belas-Artes e Letras. Continuando no «Fatum», em 1954, em plaga estado-unidense, foi interdita, proibida, a venda dos seus livros. A partir de 1947, é alvo de verrina pelo «Harper’s Magazine», e, como corolário, a «Federal Food and Drug Administration» instaura-lhe um processo, e ele é condenado, crucial, a dois anos de cadeia. É pois aprisionado, em 11 de Março de 1957, na Penitenciária de Lewisburg, Pensilvânia – e a 3 de Novembro de 1957, na Penitenciária, de facto, ele faleceu. E quanto, agora, ao seu livro e a lavra: se debuta, em 1925, com «O Carácter Impulsivo». E é sua, em 1927, uma Obra de sexologia, intitulada, deveras, «A Função do Orgasmo», essa lavra é dedicada ao «meu mestre o professor Sigmund Freud». Como é seu, em 1929, o manifesto fundador do freudo-marxismo: «Materialismo Dialéctico e Psicanálise», dado a lume na revista moscovita «Sob a Bandeira do Marxismo». De notar que a primeira entrevista de Reich com Freud se efectivou, de facto, em 1919. E um livro que deu a Reich desentendimentos com o partido: «A Luta Sexual dos Jovens» (1932). De alçar ainda e realçar, em 1933, a «Psicologia de Massas do Fascismo», e outrossim em 1933, a «Análise do Carácter».  Outra lavra, agora, relevante e marcante: «A Revolução Sexual» ( 1936 ), que tem, como subtítulo, «Para a Reestruturação Socialista dos Humanos.» Sem esquecer, nem omitir, «Escuta, Zé-Ninguém!», de 1945. Sem olvidar, deveras, em 1953, «O Assassinato de Cristo». Mas não apouquemos Wilhelm Reich, que alguns apodam, dessarte, de esquizofrénico. Foi ele quem descobriu a Bioenergética. Foi de feito o precursor do freudo-marxismo, de Herbert Marcuse ( Berlim, 19/ 07/ 1898 – Starnberg, 29/ 07/ 1979 ), e flama não teriam, sem ele, as teses culturalistas de Erich Fromm (Frankfurt, 23/ 03/ 1900 – Muralto, 18/ 03/ 1980). Mas quanto, agora, à vesânia que lhe imputam, citemos, aqui, o impecável Estagirita (Estagira, 384 a. C. – Atenas, 322 a. C.): «Nunca houve nenhum grande génio sem uma veia de loucura», no escolástico Latim «nullum magnum ingenium sine mixtura dementiae fuit». A propósito, então, dos Grupos de Encontro, surde e surge, de boamente, a simpatia. Em razoar ou no dizer de J. Cardozo Duarte, «a simpatia é assim algo de pessoal, isto é, algo que, ao projectar a pessoa para fora de si em direcção ao outro, mostra o outro em mim e me mostra no outro.» Creio que é este o escopo, e a escola, da fasta Teresa Ramos; na didacta, ou na ginasta, sua «persona» acontece em face de um Tu. Didacta porque é sábia, ginasta porque é génio, porque em Apolo Lício ela gera o liceu. Ouçamos, pois, a Autora, em «Debaixo dos Sonhos»: «Era hora de lavrarmos este ninho, / de devolver perfume por palavra./ Sangue, lei e compromisso de existir./ Era hora de sermos mulheres e homens livres. / Era hora de resgatar o tempo da revelação / e o amor que bofeteia a mentira.» O Amor que a maldade esbofeteia, diremos nós outros, em franca e fraterna compreensão. A compreensão que impera, soberana, nas Ciências do Espírito, nas Ciências Sociais e Humanas Sabenças. Sublinhemos, então, o sápido verso: «Sangue, lei e compromisso de existir.» Ora «ex-sistere», em Latim, é «ser, sair de, elevar-se acima de». Elevar-se acima do seu egoísmo, ir em demanda, no Sopro, do Éter ou do Outro. Sendo, esse Outro, o inconsciente, ou melhor, o diálogo entre o dolente e o facultativo. Alembremos, levemente, o legente e o ledor: quer como terapeuta, quer como menestrel, se estriba ou se esteia, Teresa Ramos, no quid ou na questão da comunicação. Pois se houver o «transfert», se houver empatia, ela se converte em pura comunhão. Dizer isto é ponderar: o análogo, em Psicologia, dos campos magnéticos na física ciência, ele será, na verve, o mundo da vida. Essa vida, no homem, é espiritual, o todo é muito mais do que a soma das partes. Os animais, desse modo, podem ter vida, mas só o homem é mundano, só o homem tem um mundo. E o estar-no-mundo, para Teresa Ramos, resume-se na suma: é liberar-se a si própria, libertando os outros seres. Nos amparemos, de feito, em Schopenhauer (Danzig, 22/ 02/ 1788 – Frankfurt, 21/ 09/ 1860): o mundo, no qual somos e onde estamos, é a representação de Teresa Ramos (Oviedo, 15/ 10/ 1961). E, na monda, nós não diremos mais. E óptima safra pra seara tão grande.

III, A COLHEITA

No astro e no estro, já o vimos, mais atrás: unindo o grito de Rimbaud ( Charleville, 20/ 10/ (1854 – Marselha, 10/ 11/ 1891 ) ao do Marx (Tréveris, 05/ 05/ 1818 – Londres, 14/ 03/ 1883) desiderato, a Poesia da Teresa desvela e anela: mudar a vida, deveras, e transformar o mundo: essa, a oblação, e a sua função. Ou melhor: contra a ordem da razão, do dia ou de Apolo, se ergue, altaneira, a patética paixão da descrucificação. Ou melhor: da alacridade, ou coração, da alegria, fantástica, das alegorias. Que «alegoria» vem do Grego e para os helenos quer dizer: usar linguagem figurada e falar, na Ágora, de outra causa e outra coisa. Sendo as Bodas de Canaã o exemplo da adiafa, ao encontro do Cristo se vai como quem vai, deveras, para a Festa das Colheitas, e na «communio» da Palavra, a Fracção aqui do Pão é suserana e soberana. A propósito, então, da mundividência, dizer isto é ponderar: muitos autores vêem o mundo à medida do seu quintal, mas Teresa Ramos, com «Música Ímpar», ela é forte, ela sidera, no Livro do Mundo. No grande e essencial Livro do Mundo. Que outro «topos» eu anoto na Poesia de Ramos: através do som, através da Palavra, sua Música é Museu, ela mira, mirabolante, a harmonia do Universo. E essa Música é mania, o miráculo é portanto o maravilhoso. Dirigindo-se a um melro ( e não alembras «To a Skylark», por o Percy Bysshe Shelley ??? ), dirigindo-se a um melro, ora diz e aduz a nossa Poetisa: «O verso é uma imitação do teu canto, a estrofe um / lugar para alojar o teu ninho, o gorjeio é o poema / que no entanto não soube escrever.» E especulemos nós ora: nós somos, então, no domínio, não só da Gaia Ciência, mas, também, da Música das Aves. Que esoteristas de todas as tradições eles asseveram, assinalam: Iniciados são aflantes, falam, Iniciados, a língua dos pássaros. Sendo lógico e lícito, como em Carlos d’Abreu (Maçores, 15/ 09/ 1961), o erigir e construir, a escrita baseada na Kabbalah fonética. Que a Revolução, meu caro ledor, Revolução se faz pra instruir, e não e nanja pra matar, assassinar ou destruir. Já o dissemos, noutro sítio: o Psicoterapeuta ele é o homem, ou mulher, da misericórdia, ele dá pois o coração ao preste miserável. Que o típico e tópico da Teresa Ramos é pois o sagrado, ele é o seguinte: sendo uma mulher de paixão, ela oferta, acima de tudo, o sinal da compaixão. Em face dos humilhados, dos refusados e ofendidos, as palavras são as naus, pensar é pôr o penso na ferida narcísica. As palavras, ó legente, as minhas e meninas palavras: aqui eis a catarse, eis aqui o material da Psicoterapia. Sendo, a Psicologia, no razoar de Rimbaud (Charleville, 20/ 10/ 1854 – Marselha, 10/ 11/ 1891 ), uma «Alquimia do Verbo». Sendo certo, e sabido, o «Joker», e o jogo, das associações livres. «Quem canta, seu mal espanta», discreteia, desta sorte, o povo português. «Se a tua dor te aflige, faze dela um poema», assim firma, assim afirma, o Autor do «Fausto», Johann Wolfgang von Goethe  (Frankfurt am Main, 28/ 08/ 1749 – Weimar, 22/ 03/ 1832). Que além de Reichiana, e Psicóloga da Forma, Teresa Ramos ( Oviedo, 15/ 01/ 1961 ), afinal, é Ludoterapeuta: no sentido etimológico da palavra, a terapia pelo jogo ela há-de ser, e tem de ser, terapia pela Arte. É isso que abarca, é isso que abraça, o Grupo Psicossocial de Encontro e Poesia: esse Grupo é marcado por o selo, ou sigilo, da revelação. E falamos, então, do Psicodrama de Moreno ( Bucareste, Roménia, 18/ 05/ 1889 – Beacon, 14/ 05/ 1974 ), da tertúlia, figadal, de Agostinho Maldonado. A talho de foice, de raça espanhola é a palavra «tertúlia»: é que em Hespanha, no tempo, figadal, de Filipe IV ( 1621 – 1640 ), a gente letrada da corte se reunia pra estudar, pra ler e esquadrinhar a lavra, terna e fraterna, de Tertuliano. Que também merecia o nome de «três vezes Túlio», isto é, três vezes superior a «Marco Túlio Cícero». Fixemos pois o nome da estreme colação: ele é Quinto Septímio Florente Tertuliano (Cartago, 160 – Cartago, 220); Apologeta cristão, dos Padres da Igreja o primeiro a produzir um «corpus» em Latim.  Por isso alçamos, louvamos, relevamos, quer a Pintura, quer, em nossos dias, a Escrita Criativa. Sendo a Ludoterapia o regresso à infância, ela é retorno, afinal, ao estádio mágico-simbólico. Ao Mito e ao rito, ao «Pensamento Selvagem», «La Pensée Sauvage», (1962 ) seguindo e segundo o Claude Lévi-Strauss ( Bruxelas, 28/ 11/ 1908 – Paris, 30/ 10/ 2009 ). A propósito do «ludus», o brincar é necessário para a vida humana. O Artista não pode pensar, escorreita, correcta e rectamente, sem a ajuda das imagens. Como frisou, e muito bem, Agostinho da Silva (Porto, Bonfim, 13/ 02/ 1906 – Lisboa, 03/ 04/ 1994 ), recreação e criação elas caminham a par. Fenomenologicamente, são as imagens-objecto que dominam o mundo – e elas são, «verbi gratia», fotografias, quadros, gravuras, e totens ou estátuas. E é isso que explica, meu Deus, a uberdade, popularidade, das estrelas de cinema. E como o leitor, deveras, aduziu, o mester de Teresa Ramos (Oviedo, 15/ 10/ 1961)  é um trabalho de hermenêutica, é decifrar, nos sonhos, o imaginário simbólico. Etimologicamente, sendo o «símbolo», como o «Yoga», aquilo que reúne, que une os participantes à mesa do simpósio – e alçamos nós aqui, e anotamos, levemente, as Bodas de Canaã. Mais ainda: meditação, para a Teresa Ramos, é uma forma, feraz e fértil, de medicação. Ainda a propósito da Música das Aves, ouçamos a Autora de «Pássaros e Pios»: «Onde há um pássaro, cresce o trigo / onde o pão se enforna, um povo vive. // Onde voam penas, cresce uma amendoeira. / Onde cresce a amendoeira pia um doce / vento enamorado, uma promessa; a sua luz.» E falámos aqui do «Fatum» de Maria Teresa Ramos Rabasa. É dela a grei, é dela a Graça, é dela o crisma, o canto e o carisma. Se é dela a Musa, o carme e  Acidália, é fértil, para a Teresa, a escala-didascália……………….           

 

PARALIPÓMENOS

I

A ciência de Hermes nos doutrina e ensina: a cada letra do alfabeto corresponde um dado número. É que os nomes são os Númenes, são Numes, também, os sápidos números. Pra conhecer a Personalidade de Teresa Ramos, nós temos, então:

TERESA: 2 + 5 + 9 + 5 + 1 + 1 = 16 + 7 = 23.

RAMOS: 9 + 1 + 4 + 6 + 1 = 14 + 7 = 21.

Ora 23 + 21 = 44.

E a quididade de 44 é pois a seguinte: solidez, força e êxito concreto. E indo agora até ao âmago, 4 + 4 = 8. É o desenvolvimento, aqui, dos recursos materiais, e económicos ou terrenos. De integérrimo carácter, tem, a Teresa, um elevado sentido de justiça, é a Justiça, outrossim, a lâmina oitava do Tarot de Marselha. Fortemente energética, exerce autoridade sem ser autoritária, é de um número simbolizado por Marte e Saturno. Buscando o equilíbrio, tem uma natureza combativa e concreta, e em certos baralhos, o 8 corresponde à feérica Força. Que figurado na horizontal, o 8 é a lemniscata, que é o símbolo do Infinito. As Personalidades 8, ambiciosas que são, são dotadas, fortemente, de espírito prático, o seu pragmatismo se cifra, dessarte, em concretas promoções. São dinâmicas, empreendedoras, incansáveis, de facto, laboradoras. A tal ponto que eu digo: com talento para o prestígio, sua serpe mercurial pode ser, também, o cifrão comercial. Quanto à Missão que ela tem na presente encarnação, somemos, então, o dia com o mês: 15 + 10 = 25, e 2 + 5 = 7. Liada a Neptuno, a via a seguir está ligada ao Espírito, à preste e à pronta Pneumatologia. Não nos admiremos, então, com o Yoga, a Psicoterapia, com o estado e o estudo da especulação. Mas a Teresa foi nada, de feito, no dia 15. Sendo 1 + 5 = 6, está ligada, simbolicamente, a Vénus, o planeta, e Vénus rege, também, a sápida Balança. O que lhe concede inclinação artística, sobremaneira por a música, dessarte, por a Musa maviosa. Poderá ser, se assim o quiser, pedagogo, educador, e o preste Professor. Poderá dedicar-se, outrossim, a trabalhos humanitários, comunitários, francamente missionários. Será enfermeiro, terapeuta, médico, um perito e experto em sarar e o curar. E atraída, fortemente, por a harmonia das esferas, ela prefere, à hierarquia, uma franca bonomia. Será afecta, e afeita, ao Éter, ao Outro, ao grémio, ponderoso, e aos grupos de encontro. Mas a Teresa nasceu num mês de Outubro, que é o 10. E 1 + 0 = 1: é um número de Autoridade, de independência e autarquia, que juntamente com o 0 multiplica o seu alor. Pra calcularmos, agora, o Destino, somemos os dígitos da data natal. E 15/ 10/ 1961 é como segue: 1 + 5 + 1 + 1 + 9 + 6 + 1 = 7 + 10 + 7 = 24. E 2 + 4 = 6, o que faz redobrar o signo-saimão. Ou melhor: a Estrela de David e o Signo de Salomão. O Selo de Salomão é uma estrela de seis pontas, composta, dessarte, por dois triângulos equiláteros entrecruzados. É, acima de tudo, a união dos princípios masculino e feminino, ou seja, do Yin e do Yang. Contém, ademais, os quatro elementos de Empédocles, que são o Fogo, a Água, o Ar e a Terra. Simboliza, outrossim, os sete metais de base, os sete planetas que resumem o Céu: no centro do signo o Sol ( ouro ), rodeado por as seis pontas: Júpiter ( estanho ), Marte (ferro), Lua ( prata ), Vénus ( cobre ), Mercúrio ( azougue ), e Saturno ( chumbo ). Sendo o poético, ou seja, o alquímico trabalho, a transmutação do planeta no ouro filosofal.   Ademais, em Matemática, o 6 é denominado um número perfeito, isto é, um número igual à soma dos seus divisores: efectivamente, 1 + 2 + 3 = 6. Mas há mais, ainda mais: o 6 é produto do primeiro número feminino ( o 2 ), multiplicado, modelarmente, pelo primeiro número masculino ( o 3 ): 2 x 3 = 6. Daí que seja o 6 essencialmente harmonioso, ele simboliza, selecto, o amor familiar e a doméstica Paz. O 6 poderá ter sucesso nas Artes, pois possui, duplicada, a força criadora do 3. É feliz quando protege, quando cuida, ou ajuda, o seu próximo ou irmão. Duplamente, então, marcada pelo 6, ela ama o lar, a humanidade, e a vida em família. É dela o canto, a Beleza, a sinergética energia. Que é dela a Musa, a missão, a oração… do coração… Averbemos, agora, personalidades, as mais gradas, nadas, ou nascidas, a 15 de Outubro: o Poeta latino Virgílio ( 15/ 10/ 70 a. C. ), o grande e grado Nietzsche ( 15/ 10/ 1844 ), o romancista e Poeta Manuel da Fonseca ( 15/ 10/ 1911 ), o lexicologista Antônio Houaiss (15/ 10/ 1915), a Escritora Agustina Bessa-Luís (15/ 10/ 1922), o Filósofo Michel Foucault ( 15/ 10/ 1926 ) e, finalmente, o músico, irlandês, Chris de Burgh ( 15/ 10/ 1948 ). Curiosamente, a 15 de Setembro nasceram, maviosos, Carlos d’Abreu ( 15/ 09/ 1961 ), o Poeta Bocage (15/ 09/ 1765), Guerra Junqueiro ( 15/ 09/ 1850 ), Vítor Manuel de Aguiar e Silva, o provado Professor ( 15/ 09/ 1939 ), e, finalmente, Henrique José de Sousa ( 15/ 09/ 1883 ), teósofo e esoterista nascido no Brasil. E anotamos, agora, o sapiente e o sabor: «personae», ou pessoas, com o Destino número 6: Montaigne (28/ 02/ 1533) , Goya ( 30/ 03/ 1746 ), Balzac ( 20/ 05/ 1799 ), Alexandre Dumas Pai ( 24/ 07/ 1802 ), Jean Paul Sartre ( 21/ 06/ 1905 ),  Musset ( 11/ 12/ 1810 ), Lenine ( 22/ 04/ 1870 ), Pompidou ( 05/ 07/ 1911 ), o Infante Dom Henrique ( 04/ 03/ 1394 ) e o próprio Einstein ( 14/ 03/ 1879 ). Somando os dígitos, natais, do Infante Dom Henrique, 4 + 3 + 1 + 3 + 9 + 4 = 8 + 16 = 24. Somando os dígitos, de nascimento, da fértil Teresa Ramos: 1 + 5 + 1 + 1 + 9 + 6 + 1 = 7 + 10 + 7 = 24. Se a Teresa Ramos é 24, é 24, outrossim, o dia de nascimento do grande Wilhelm Reich ( 24/ 03/ 1897 ). Apetece demandar, como o fazia, de feito, Fernando Pessa (Aveiro, 15/ 04/ 1902 – Lisboa, 29/ 04/ 2002): «E esta, heim???» E guardamos, para o fim, um génio genesíaco, um génio, generoso, do século XX: John Winston Lennon, de seu nome completo, foi nado, lautamente, em Liverpool, a 9 de Outubro de 1940. Ora 9 + 1 + 1 + 9 + 4 = 10 + 14 = 24 – e eis, aqui, eis o «Logos», e a lei, das Correspondências… E é da lavra, levemente, o livreiro. É que os números governam o Universo inteiro……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..

II

A palavra «Lísia», no lusitano antigo, e poético, é sinónimo de «Portugal»… Ouçamos, «verbi gratia», uma belíssima quadra do Poeta Bocage ( Setúbal, 15/ 09/ 1765 – Lisboa, 21/ 12/ 1805 ): «Liberdade, onde estás? Quem te demora? / Quem faz que o teu influxo em nós não caia? / Por que ( triste de mim! ), por que não raia / Já na esfera de Lísia a tua aurora?»

III

E antes, no «Fatum», de findarmos: nascida, em Gotarrendura, a 28 de Março de 1515,  e falecida em Alba de Tormes, Salamanca, a 4 de Outubro de 1582, é pois, a Teresa de Ávila, também denominada Teresa de Jesus. Foi nada com o nome de Teresa Sánchez de Cepeda y Ahumada. Juntamente com S. João da Cruz ( Fontiveros, 1542 – Úbeda, 14/ 12/ 1591 ), foi ela quem fundou a Ordem dos  Carmelitas Descalços. Sito em Ávila, entrou para o Convento Carmelita da Encarnação em 2 de Novembro de 1535. Foi uma grande activista e fez nascer conventos vários. E foi, ademais, uma figura-fulgor na Contra-Reforma. Espiritualmente, as suas lavras são supimpas: e abreviando, ou sintetizando, além de uma autobiografia, «A Vida de Teresa de Jesus», escreveu, desta sorte, «O Castelo Interior» e, ainda, o «Caminho da Perfeição».  A 24 de Abril de 1614 ( novamente, o 24 ) foi beatificada por o Papa Paulo V ( 1605 – 1621 ). E canonizada, por o Papa Gregório XV ( 1621 – 1623 ), a 12 de Março de 1622.  A 27 de Setembro de 1970, é proclamada, por o Papa Paulo VI (1963 – 1978 ), Doutora da Igreja, e recebe então o título de «Mater Spiritualium» («Mãe da Espiritualidade»). E antes disso, a 6 de Outubro de 1922, a Universidade de Salamanca honrou, com o Doutoramento «Honoris Causa», a Santa Teresa de Jesus. Sua festa litúrgica celebra-se, caroalmente, a 15 de Outubro, o mesmo dia em que foi nada a nossa Poetisa. Os atributos de Teresa são um anjo que trespassa, com uma flecha premente, o seu coração, uma pomba simbólica e, quanto à cultura, uma pena e um livro. E por que é que chamámos, aqui, Santa Teresa à colação??? Antes do mais, porque ela é protectora, padroeira de Professores. Os Professores que abrilhantam, abrilhantam e abraçam a Cultura Espanhola. Pois o Astro, aqui, é o estro. Pois de acordo, curial, com Guerra Junqueiro (Freixo de Espada à Cinta, 15/ 09/ 1850 – Lisboa, 07/ 07/ 1923), a Luz é o Pão, o Santo é o Génio numa oitava superior.

IV

Os Gregos antigos chegaram à Península Ibérica no século VII a. C.. Hespéria sendo, para os Helenos, a terra, figadal, do Jardim das Hespérides, sendo, estas últimas, as ninfas que eram as filhas de Atlas, e que viviam, decerto, num horto magnífico. Significando «Hesperos», em Grego, «a tarde, o anoitecer», e, portanto, o «Ocaso ocidental». E sendo «Hespéria», dessarte, o nome dos Gregos para a Península Ibérica, também chamada a Península de Espanha. Igualmente, ó ledor, na língua do Lácio, «vespera», ou «vesperae», significa, simbolicamente, «a tarde, o cair da noite». E donde é que deriva, ó legente, o vocábulo «vespera»??? E a resposta é a seguinte: deriva de «Vésper», estrela de Vénus, quando aparece, dessarte, ao cair da noitinha. E essa Estrela deu o nome, forte e fértil, à palavra «vespertino». À guisa de apostilha, mencionemos Pedro Hispano ( Lisboa, 1215 – Viterbo, 20/ 05/ 1277 ), médico, filósofo, e polímata decerto. Estudou em Lisboa, Paris e Santiago de Compostela. Foi cónego, foi deão, foi mestre-escola, alfim, na Catedral de Lisboa. Aristotélico, de facto, e admirador de Avicena ( Afexana, perto de Bucara, c. 980 – Hamadã, Pérsia, 1037 ), as suas «Summulae Logicales» avigoraram e brilharam, nos manuais escolares, até ao século XVI. No capítulo da Medicina: dado a lume em Latim, em Antuérpia, em 1497, é famoso, e é flamante, o seu «Thesaurus Pauperum», o «Tesouro dos Pobres» em lusitano linguajar. Foi alfim eleito Papa, a 20 de Setembro de 1276, com o nome, numinoso, de João XXI ( 1276 – 1277 ). Tão magna e tamanha era a sua nomeada, que Dante ( Florença, entre 21/ 05 e 20/ 06 de 1265 – Ravena, 13 ou 14/ 09/ 1321 ) o Poeta-mor, em sua «Divina Comédia» o colocou no Paraíso. Que a Biblioteca, desta feita, é uma sorte de Paraíso. Para saudar, com Teresa Ramos, a Musa orfaica. Pra abrilhantar, e abraçar, o «Logos» e a língua Portugalaica!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Tomar, 25/ 01/ 2025

SPES MESSIS IN SEMINE

CENTRO DE LITERATURA E FILOSOFIA COMPARADAS

PAULO JORGE BRITO E ABREU