LINO MENDES
Em equação, os grupos estrangeiros que por esta altura do ano normalmente nos visitam com a chancela de folclore e que na maioria dos casos não o são.
Não está em causa o agrado com que são vistos, a espetacularidade das suas actuações – e é sempre através do espectáculo que os grupos são apreciados. Não podemos no entanto ser cúmplices do desconhecimento das nossas gentes, que encaram os mesmos como o “folclore lá deles”.
É pelo espectáculo que os grupos são considerados, repetimos, mas os grupos portugueses, coerentes com a sua missão, devem montar esse espectáculo sem trair a tradicionalidade, o factor identitário. Estamos em Portugal, pensamos e agimos “em “português”. São os nossos conceitos que importam, é a nossa cultura que importa defender, especialmente quando se trata da nossa identidade.
Naturalmente somos a favor dos Festivais CIOFF ou similares, mas como sabemos que o próprio CIOFF que chegou a ser considerado o garante da autenticidade, se viu na necessidade de dividir os grupos em três categorias: Autênticos, Preparados (?) e Estilizados, mas chegando cá sem qualquer indicação… Creio até que para o CIOFF tudo é folclore embora adjetivado. Mas para mim e não só, não há folclore bom/autêntico e outro qualquer folclore. Ou é ou não é.
Curiosamente no CIOFF PORTUGAL, desconhecem esse facto e aguardam esclarecimento.
Para já, os Festivais CIOFF ou similares mostram como neste campo vai o mundo cultural. Cabe agora aos organizadores explicarem o “projecto do grupo” e se possível o conceito que cada país tem do folclore.
Lino Mendes (Portugal, Montargil, 1935). Agente Cultural; Investigador Etno-Cultural; Etnógrafo; Coordenador do Grupo de Promoção Sócio-Cultural de Montargil. Medalha de Ouro da Federação do Folclore Portuguesa; Medalha VALOR e EXEMPLO da Confederação Portuguesa das C.C.R e Desporto; Prémio Excellence durante 5 anos atribuído pelo jornal SOL PORTUGUÊS (Canadá); Medalha de Prata de Mérito Municipal.