Telegramas – Cultura 02

LINO MENDES


Ao voltar a falar sobre os grupos estrangeiros que rotulados de folclore nos visitam, comecemos por referir que Portugal é o País que mais perto chegou das suas raizes, e que o trabalho coerente de alguns grupos permite legar à posteridade a sua identidade cultural.

Certo que a identidade é evolutiva, pelo que a identidade da minha terra hoje não é a mesma que a do tempo de meus pais. Mas não podemos falar de identidade quando cada vez somos mais iguais, pelo que temos de recuar à data da fixação dos “valores tradicionais” (do folclore), a qual se manterá inalterável para todo o sempre. E é o respeito por essa identidade que nos cumpre manter, é pelos nossos conceitos que nos devemos guiar, embora respeitando o que outros pensam da matéria.

Digamos ser importante conhecer e transmitir as “diferenças”.

Certo que são muitos os grupos portugueses que não o fazem, mas isso é um trabalho que cabe à Federação do Folclore Português.          

Ora bem,  já em 1878 o Folclore era reconhecido internacionalmente como “saber tradicional, história não escrita de um povo”, primeiro para se referir às tradições, costumes e superstições das classes populares, posteriormente para designar toda a cultura nascida principalmente nessas classes. E se nem todos os países terão interpretado esta expressão da mesma maneira, (considero de excelência a interpretação portuguesa) acontece que o CIOFF dividiu os grupos em três categorias (Autênticos/Elaborados /Estilizados), considerando todos eles como “de folclore” o que para nós está errado. Ou é ou não é.

Segundo o nosso entendimento,não há folclore autêntico, folclore elaborado e folclore estilizado. Pura e simplesmente há “grupos de folclore”. Quando muito haverá “grupos elaborados de base folclórica” e “grupos estilizados de base folclórica”.

De qualquer modo o regulamento de Festivais CIOFF obriga a que na apresentação essa situação seja explicada,o que julgo já não acontecer nos outros festivais.