AZUL É O NOME DA ALEGRIA
Moria Feigning
01-02-2005 www.triplov.org

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II

 

Assim que lá cheguei fiquei logo ainda mais assustado: nesta altura do ano costuma já haver enormes pilhas de brinquedos no exterior da Casa dos Duendes.

Mas desta vez... Brrrrr!

Os brinquedos eram pouquíssimos.

Não havia quase nada...

 

Até as renas estavam com um ar sisudo em vez de começarem aos pulos e cabriolas, como costumam fazer sempre que vêem alguém.

Brrrrr! Alguma coisa muito séria devia ter acontecido.

 

Estacionei o aspiromóvel num cantinho abrigado e cumprimentei o Pai Natal, que tinha vindo logo receber-me. Ele costuma estar sempre muito bem disposto e a rir. Sabem como ele costuma fazer, não sabem?

 

Ho! Ho! Ho!

Façam lá: Ho! Ho! Ho!

Isso mesmo!

Outra vez: Ho! Ho! Ho!

Agora já chega.

 

Mas desta vez nem se ria: estava até com um ar muito preocupado.

Brrrrr! Perguntou se eu tinha feito boa viagem, convidou-me para entrar e fomos sentar-nos na grande mesa que ele tem ao pé da lareira.

 

Ai! O Polo Norte é um sítio tão frio! Brrrrr!

Nem sei como é que o Pai Natal aguenta.

Brrrrr! Eu estava todo arrepiado...

 

Mas a lareira crepitava com um fogo muito bonito e eu comecei logo a ficar quentinho.

 

As cartas, em cima da mesa, que é onde ele normalmente abre toda a correspondência, eram ainda mais do que de costume.

 

Eu já não tinha frio nenhum. Até tinha era calor mas estava cada vez mais nervoso com o ar de preocupação do Pai Natal. Brrrrr!

Ai! Porque é que seria que ele estava assim?

E o que é que ele quereria de mim com tanta urgência?

 

Foi então que ele me explicou qual era o problema e porque é que precisava da minha ajuda.

Brrrrr! Nem queiram saber...

Era absolutamente... Verdadeiramente... Apavorante! Petrificante! Horripilante! Em suma, TERRÍVEL!

 

Brrrrr! Eu fiquei completamente abazurdido.

 

Mas, por outro lado, eu fiquei também muito vaidoso por um Espírito tão importante como o Pai Natal achar que eu podia ajudá-lo a resolver um problema tão difícil.

 

Brrrrr! Se bem que eu não fazia a menor ideia do que fazer...

E além disso, adeus sonhos no Hawai.

 

Brrrrr! Mostrei-me um bocadinho chateado.

Ora! Se ninguém quer saber de mim durante o Natal porque é que eu me hei-de preocupar com os problemas dos outros?

(A verdade é que eu não sabia mesmo o que havia de fazer.)

 

Mas ele é um velhote tão fofinho e tão querido, mas tão querido mesmo que é impossível resistir-lhe.

Sentei-me ao colo dele, ajeitei-lhe a barba branca e prometi que o ia ajudar.

 

Querem saber qual era o problema?

Querem mesmo?

Eu não sei se devo contar.

Se calhar o melhor é não contar...

 

Brrrrr! Eu vou-me embora.

Também, já está tudo resolvido e eu tenho é que ir a correr sossegar o Pai Natal.

Então adeus!

Tenham um bom Natal.

 

(Pega no saco que estava no chão e prepara-se para se ir embora mas fica indeciso.)