ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA |
Cena IV |
Praça. Entram Dom Gilvaz e Semicúpio |
Dom Gilvaz: Uma e muitas vezes te considero, Semicúpio, prodigioso artífice de meu amor, pois com as tuas máquinas vais erigindo o retorcido tálamo que há de ser trono do mais ditoso Himeneu. Semicúpio: Já disse a vossa mercê que mais obras e menos palavras. Semicúpio, senhor, já se acha mui cansado, tomara que me aposentasse com meio soldo, que este oficio de alcova é mui perigoso; que suposto tenha asas para fugir, também as asas têm penas para sentir. Dom Gilvaz: Semicúpio, já o pior é passado: acabemos de deitar esta nau ao mar, que então teremos enchentes. Semicúpio: E no cabo de tantas enchentes tudo nada. Dom Gilvaz: Anda, não desmaies, que hoje havemos mostrar ao Mundo os triunfos do Alecrim. Semicúpio: E a Manjerona todavia não menos viçosa com os borrifos de Fagundes. Dom Gilvaz: Mas a galanteria é que todas as suas idéias redundam em nosso proveito. Semicúpio: Aí é que está a filigrana do jogo, Fagundes a semear e nós a colher. |