ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA
Guerras do Alecrim e da Manjerona

Cena IV
(Entra Dom Fuas)

Dom Fuas: Espera, traidor D.Gil.

Semicúpio: Ai, que isto é alguma espera!

Dom Gilvaz: Que me quereis, Dom Fuas?

Dom Fuas: Que metais a mão a essa espada.

Dom Gilvaz: Para que?

Semicúpio: É boa pergunta! Para que será? É para fazer alféloa magana.

Dom Fuas: Vereis, que sabe o meu valor castigar ofensas de um amigo desleal; pois sabendo vós que Dona Nize era o ídolo da minha veneração, chegastes a profanar o meu culto com os sacrilégios votos de vossos sacrifícios, a quem suavizaram os odofiferos hálitos da Manjerona.

Semicúpio: Ai, c'os diabos!

Dom Fuas: E assim metei a mão a essa espada, para que se conserve Dona Nize, ou segura no templo de meu peito, ou no de vosso coração.

Semicúpio: Senhor, aqui não é lugar de desafios, vamos para Val de cavalinhos a jogar os coices.

Dom Gilvaz: Dom Fuas, estais louco? Vede, que sem causa é a vossa queixa.

Dom Fuas: Não quero satisfações, vamos puxando.

Semicúpio: Este homem vem puxado.

Dom Gilvaz: Pois para que vejais que o satisfazer-vos não é temer-vos...

Guerras do Alecrim e da Manjerona
 
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