Antônio Abujamra (Brasil) .
“Talento multidisciplinar, Antonio Abujamra faz parte da história da
inteligência brasileira. Transgressor de fórmulas e formas, este
iconoclasta alia seu talento criativo à fecunda experiência de todos os
erros. Corajosamente. Sem concessões a um esteticismo convencional,
Antonio Abujamra está há mais de 50 anos na trincheira avançada do
teatro e da televisão. Permanentemente insatisfeito, fez de contínuo
renovar-se a pedra filosofal de sua vida”. Por Fernando Martins, amigo
de Provocações
“Esteticamente, o fracasso é mais interessante que o sucesso. Sou um
homem de fracassos”. Abujamra (Veja, 1989)
Abu nasce em 1932 em Ourinhos, interior paulista. Forma-se em Filosofia
e Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Sua primeira peça foi como ator, na fase dos seus 20 anos, no Teatro
Universitário de Porto Alegre em “Assim é se lhe parece”, de Luigi
Pirandello.
“Quem não pensa que é sério quando jovem? Quando jovem eu pensava
dirigir uma peça para mudar o mundo. Tinha uma fúria dedicada. A maioria
que quis continuar sério: provocou o que está acontecendo no País”.
Abujamra (IstoÉ/Senhor, 1988)
Depois de uma temporada no teatro amador do Rio Grande do Sul, ganha em
1959 uma bolsa para estudar literatura espanhola em Madri, na Espanha.
Segue para Paris e trabalha com Roger Planchon e Jean Villar. Na
Alemanha participa do "Berliner Ensemble" de Bertolt Brecht. De volta ao
Brasil, sua primeira direção profissional foi com “Raízes’’, de Arnold
Wesker, com Cacilda Becker em 1961. Entre 1962 e 1963, funda o grupo
Decisão com base na técnica brechtiana para o teatro político. O
trabalho encerra-se com o AI 5. De lá para cá, comandou mais de 150
montagens e a partir de 1987 passa a subir nos palcos.
“E para que serve a utopia? Eu dou um passo, o teatro dá dois passos. Eu
dou dois passos, o teatro dá quatro passos. A utopia serve para isso:
continuar caminhando”. Abujamra (Discurso de agradecimento em 1996 no
Festival Hispânico de Miami, nos EUA)
Entre os principais prêmios recebidos por Abujamra estão Juscelino
Kubitschek de Oliveira em 1959 pela direção de "A Cantora Careca", de
Eugène Ionesco; melhor ator com "O Contrabaixo", de Patrick Suskind , em
1987; Kikito de melhor ator em Gramado em 1989 pelo filme "Festa", de
Ugo Giorgetti; melhor ator de TV por sua participação como Ravengar na
novela "Que rei sou eu?", de Cassiano Gabus Mendes, na TV Globo em 1989;
Molière em 1991 pela direção de “Um Certo Hamlet” com o grupo Os Fodidos
Privilegiados; e "Lifetime Achievement" em 1996 no XI Festival
Internacional de Teatro Hispânico em Miami, Estados Unidos.
“Pergunte-me: o que você fez de bom nestes mais de 30 anos de televisão?
Eu posso dizer: alguns segundos”. Abujamra (Folha de S.Paulo, 2000)
Abu é eclético na televisão também. Do musical tropicalista “Divino
Maravilhoso” ao “Colagem”, junto com Fernando Faro na Tupi até
“Provocações” na Cultura, dirigiu infantis como “Vila Sésamo” e novelas
como “Ossos do Barão” no SBT e “Os Imigrantes” na Bandeirantes, por
exemplo. Na Manchete, Globo e Record, atuou como ator. Ou seja, Abujamra
tem mais de 50 anos de inovação na televisão. Em 1998 esteve em Monte
Carlo, principado de Mônaco, ao lado de celebridades como Cláudia
Cardinale, Annie Girardot e Yehudi Menuhim no júri do Festival Mundial
de Televisão como único latino-americano convidado.
“Eu perco tudo para não perder uma frase”. Abujamra (O Globo, 1991)
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