(Os dois
camponeses. No local onde viram o corpo de Eduardo).
Primeiro: Não está.
Segundo: Não chamámos os
outros. Fizemos bem.
Primeiro: Estava ali.
Segundo: Onde?
Primeiro: Ali na curva. Tinha
a cara voltada para cá de forma que a luz permitia ver.
Segundo: Pois não foi ali que
eu o vi.
Primeiro: Não?
Segundo: Não.
Primeiro: O melhor é irmos
embora.
Segundo: Estava ali.
Primeiro: Ali. Sim. É bem
provável que tenha sido usado para atrair a atenção.
Segundo: O quê?
Primeiro: Que foi usado para
atrair alguém. Assim que nos chegássemos perto...
Segundo: Para apanhar alguém?
Primeiro: Daqui a dois ou
três dias vamos ter notícias de alguém desaparecido.
Segundo: Penso que sim.
Primeiro: Ou talvez não.
Segundo: Não?
Primeiro: Eu não apostava
tanto nisso.
Segundo: Não se ouve nada.
Tudo sossegado.
Primeiro: São as sombras que
percorrem os muros altos acolá, onde uma nesga de luz é estrangulada
pelos ramos do sabugueiro. E mais nada.
Segundo: Tudo morto.
Primeiro: A pressão do ar
começa a provocar-me arrepios.
Segundo: Já se ouve o gato
bravo.
Primeiro: Não sei se reparou
naquele vulto abafado que começa agora a erguer-se ao nível da faixa de
pedras para a casa velha.
Segundo: Vamos embora. Vamos.
( Saem). |