TEC - Teatro Experimental de Cascais
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A Boba. Programa Teatro Experimental de Cascais, Estoril, Março de 2008 |
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Tenho cinquenta anos de vida, 26 dos quais foram passados sob a pele de mil personagens que desfilaram através de vários palcos, estúdios de televisão e alguns cenários cinematográficos. Foi por trás dessas máscaras que passei alguns dos momentos mais felizes da minha existência. Com elas fiz rir e às vezes chorar, com elas menti e por vezes falei verdade, com elas brinquei, amei e até morri. Sou actriz e não sei ser mais nada. Quando comecei, tinha um saco cheio de sonhos que fui realizando ao longo dos anos, lentamente, porque eu gosto de saborear os sonhos devagar e com a ponta da língua… Esta “BOBA” é o meu sonho mais recente. Encontrei-o inesperadamente, algures, num canto escondido do meu saco de sonhos, em forma de convite, endereçado pelo Carlos Avilez. É um desafio do tamanho do mundo que eu abracei apaixonadamente. Com a Maria Miguéis tenho uma única coisa em comum: ambas somos pequenas (por acaso até sou um bocadinho mais alta que ela, mas isso agora não vem a propósito); de resto, a Maria Miguéis tem pouco a ver com a Maria Vieira que eu julgo conhecer. A Miguéis é uma anã com alma de gigante. Um gigante maquiavélico! É uma mulher frustrada, traiçoeira, ciumenta, cínica e revoltada com a sua condição de objecto, repetidamente utilizado para o prazer e conforto alheios. Feliz daquele (neste caso daquela) que for escolhida para lhe dar vida. Sim. É verdade. Eu estou muito feliz por ser a Maria Miguéis. E rejubilarei se porventura vos conseguir transmitir os sentimentos que a atormentam. Sobre este espectáculo, nada mais revelarei. Pouparei nas palavras aquilo que pretendo esbanjar em emoções. Daqui a pouco, o meu coração estará nas vossas mãos. Estimai-o. Termino deixando uma nota muito especial para uma pessoa em particular, invertendo, por assim dizer, um famoso ditado popular: “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher”… No caso desta “BOBA”, devo dizer que: “por trás de uma mulher pequena, há sempre um grande homem” e esse homem chama-se Carlos Avilez, que comigo partilhou a sua experiência, traduzida em dose maciças de sabedoria, sensibilidade e bom gosto, ajudando-me desse modo a moldar e a construir este personagem simultaneamente tão simples e tão complexo. As minhas últimas palavras vão inteirinhas para a Maria Estela Guedes, a autora deste brilhante monólogo que agora, com a minha modesta ajuda, vê a sua “BOBA” ganhar asas e voar para lá das palavras que escreveu; para o Fernando Alvarez – cenógrafo e figurinista desta peça – cujo talento poderão em breve testemunhar e, finalmente, para o Luís Pedro Fonseca pelas perfumadas notas musicais que, aqui e ali, se encarregam de embalar o meu sonho… “É, apetece-me ficar por aqui…Por mim e não por ti… Por mim, que também sou gente. Por mim, que gosto e não gosto de ti”… In “A BOBA” Obrigada por terem vindo.
Maria Vieira |
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Biografia de uma rapariga chamada Maria Vieira |
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Estreou-se como actriz no extinto Teatro Adóque em 1981, na peça “Paga as Favas”. A sua interpretação valeu-lhe, de imediato, o Troféu Nova Gente como Revelação do Teatro de Revista, tendo no ano seguinte sido agraciada com o prémio de Imprensa para Teatro Ligeiro. |
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TEATRO MIRITA CASIMIRO / TEATRO EXPERIMENTAL DE CASCAIS Largo do Cruzeiro - Monte Estoril 2765-412 ESTORIL Telef. 214670320 E-mail: t.e.c@netcabo.pt www.tecascais.org |
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encenação Carlos Avilez MARIA VIEIRA em A Boba |
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