VASCO LOURENÇO
Tancos e mais Tancos…
A evolução do caso do “assalto” aos paióis de Tancos, levou-me a reservar para mim o que julgava ser o último “relatório” que faria sobre o assunto.
Estava certo que, com o decorrer do tempo e das investigações, a minha teoria de “não assalto” seria demonstrada e a farsa – ainda que depois de provocar estragos de monta – seria desmontada.
Por isso, não dei à estampa a “pequena reflexão/especulação” que, com o título de “Ainda Tancos e os seus paióis” escrevi em 02.08.2017.
Novos episódios me levam, no entanto, a resolver divulgar esse documento.
Porquê?
Para além de algumas dúvidas que se acentuaram, quanto ao sucedido, onde sobressai a ideia de que a “lista do material roubado” pode ter sido fabricada pelos farsantes e feita publicar num jornal espanhol sem qualquer credibilidade (o que não significa que não existisse falta de algum material, que se viu assim regularizada…), para além da insistência de muitos comentadores – uns deliberadamente, outros incompetentemente – em continuar as suas análises partindo do princípio de que houve um assalto aos apióis de Tancos, foi determinante a divulgação de um “Relatório secreto elaborado pelos serviços de informações militares” e “endereçado à Unidade Nacional de Contra terrorismo (UNCT), à Polícia Judiciária e aos Serviços de Informações e Segurança (SIS)”.
Sem que o jornal ‘Expresso’ (quem diria, o mesmo que só não divulgou o vídeo do “assalto”) informe sobre a autoria do referido relatório – ao desmentido das diversas autoridades competentes, governamentais e militares, reage com a afirmação de que nunca afirmou que o “relatório” teve origem num serviço oficial, mas não esclarece com a divulgação da autoria do mesmo – qualquer simples leitura do mesmo nos leva à conclusão de que se trata de um documento de análise, onde não constam quaisquer dados comprovados, que qualquer pessoa podia ter elaborado (sem necessidade de ser perito em nada, muito menos em “serviços de informações militares”) e onde sobressai a preocupação de alguns pontos, devidamente explorados pelos autores da divulgação no jornal e pelos políticos da oposição, no renovar de um descarado e despudorado ataque ao Governo.
Sintomaticamente, para além de enormes ataques à acção dos governantes, nomeadamente do ministro da Defesa Nacional e dos chefes militares, acentua-se, como “hipóteses muito prováveis”, a efectivação de um assalto, a mando de tenebrosos traficantes de armas, senhores da guerra, mercenários ou extremistas islâmicos.
A referência, como “hipótese provável” à encenação de um assalto, por motivos políticos, não passa, em meu entender, de uma tentativa de credibilização do documento.
Porque considero que “com coisas sérias se não brinca”;
Porque considero que o Exército e as Forças Armadas são “coisas sérias”;
Porque exijo que quem tem ambições de (re)ocupar o poder governativo tem de ter sentido de Estado,
Decidi divulgar o texto “reflectivo/especulativo” que escrevi há perto de um mês.
Faço-o, permitindo a qualquer órgão de comunicação social que o publique, com a vantagem de poder informar sobra a sua autoria.
Faço-o com o “pedido” aos vários comentadores não engajados ideologicamente que pensem e analisem bem o sucedido, antes de dizerem asneiras que vão enganando o povo (aos engajados não peço nada, pois esses estão cumprindo o seu papel);
Faço-o com a esperança de que esta questão seja rápida e conclusivamente esclarecida, dando-nos a conhecer o que, efectivamente, se passou, apontando para a responsabilização dos responsáveis e pondo termo a um triste episódio, de forma a demonstrar-nos que a luta política não pode permitir tudo.
Por fim, faço-o porque considero que com isto estou a contribuir para demonstrar que “há alternativas”, ainda que os neoliberais, que usam a especulação financeira de um capitalismo sem regras, não gostem da situação e contra ela utilizem todas as suas armas.
Por mim, e aqui faço uma declaração de interesses, estou nesta luta pela consolidação de um Portugal livre, democrático e em paz!
Isto é, pela consolidação de um Portugal de Abril, onde os seus valores não sejam mera retórica!
Lisboa, 27 de Setembro de 2017
Vasco Lourenço