Silêncios

NUNO REBOCHO

Silêncios, dúvidas, contradições e perguntas


Os desmentidos de Vieira da Silva – quase ao estilo dos “desmentidos” do demissionário Manuel Morgado (“provavelmente não me lembro”) – esbarram com as cartas televisivamente divulgadas e que comprovam que fora alertado para os alarmantes factos da Raríssimos pelo menos em Junho. Porque não se alertou, sendo certo que estava em causa a “mesa do orçamento” na parte à sua guarda? E como explicar que, “desconhecendo” as denúncias, ordenasse auditorias há meses (que não foram tornadas públicas?) Como explicar que uma alegada auditoria demore meses sem quaisquer resultados visíveis? Como explicar que um ex-vice-presidente da Assembleia Geral da Raríssimos (Vieira da Silva) desconhecesse que o salário da Presidente da ISS era ilegal? São demasiadas dúvidas e contradições para um caso tão sensível… que exigem de facto que Vieira da Silva se explique convincentemente caso não queira avivar as atenções para o facto de uma certa deputada socialista (lembra-se?) ter sido subsidiada pela Raríssimas para uma viagem ao norte da Europa.

Não menos de estranhar que a generalidade da Comunicação Social tenha levado mais de 24 horas a reagir ao denunciado pela TVI (aqui falo como ex-jornalista, portanto com algum conhecimento de causa). É de admitir que, em condições de concorrência, alguns órgãos da Comunicação se tivessem colocado na retranca, para mais sendo as questões de Solidariedade Social em extremo melindrosas. Mas, também por razões de concorrência, deveriam ter estado alerta de que ali haveria “gato”… que não poderia justificar mais que durante mais de 24 horas houvesse silêncios. Afinal, estava em causa um assunto que ameaçava estrondear. Pode aqui levantar-se uma dúvida: ou se trata de péssimo profissionalismo por parte dos jornalistas ou haverá controlo governamental da Comunicação Social, dando razão ao que Maria Antónia Palla (mãe de António Costa) em tempos afirmou: “o PS sempre teve uma má relação com a Comunicação Social”? Venha o diabo e escolha a mais exequível resposta.