EDUARDO AROSO
É no crepúsculo
Que se celebram as tréguas
Entre o dia e a noite.
O coaxar das rãs
Dissimulou o ímpeto
Dos clarins de guerra.
Libertar fantasmas
Que venham com os anjos
Faz crescer flores no cimo da montanha.
Todos os naufrágios
E rectificações nocturnas
Se encontram no farol da manhã.
Tudo era sombra, cárcere natural.
Viria a pomba, estrela polar
Ave da noite e do dia.
Lá onde as crianças brincavam
A burocracia não tinha aceitado
O nome natural de Bairro da Esperança.
Até que as estrelas caiam
Terei o telescópio maior
E serei o rosto da distância.
Eduardo Aroso
2020