Segundo Cristo da Rua Anchieta

JOSÉ DO CARMO FRANCISCO


(poema autógrafo para Eduardo Olímpio)

 

Um ano depois do primeiro

O segundo Cristo de madeira

Parece outro, o verdadeiro

Porque tem o calor da lareira.

Na sombra subtil e pequenina

Que o rosto revela em sacrifício

Olho as lágrimas da Palestina

Outros fazem da morte ofício.

Um Cristo de madeira, nada mais

Na Rua Anchieta tão sossegada

O furor que vem doutros Natais

Onde se morre sem dar por nada.

Natal da morte coisa tão contrária

À lógica da nossa vida de cada dia

Faixa de Gaza onde a morte diária

Não permite um alicerce à alegria


José do Carmo Francisco