A biblioteca de Mabel

FERNANDO SORRENTINO


Tradução para o português de Regina Drummond . <regina-drummond@web.de> 


 

1

Afetado por uma certa mania de classificar as coisas, desde adolescente costumo catalogar os livros da minha biblioteca.

Quando passei para o terceiro ano do Ensino Médio, já contava com uma razoável —para a minha idade— quantidade de volumes: chegava perto de seiscentos.

Eu tinha um carimbo com a seguinte legenda:

Biblioteca de Fernando Sorrentino

Volume n.º ______

data de aquisição: ______

Mal um livro novo entrava, eu o carimbava —sempre com tinta preta— na primeira página; dava-lhe, então, o número sequencial e anotava a data da aquisição —sempre com tinta azul—. Em seguida, imitando o antigo catálogo da Biblioteca Nacional, copiava os dados em uma ficha de cartolina, que arquivava em ordem alfabética.

Minhas fontes para adquirir informações literárias eram os catálogos das editoras e o Pequeno Larousse Ilustrado. Por exemplo: em várias coleções de diversas editoras se encontrava: Atala, René. As Aventuras do Último Abencerrage. Instigado por essa profusão e porque Chateaubriand parecia, nas páginas do Larousse, revestido de muita importância, adquiri o livro na edição da Coleção Austral, de Espasa-Calpe. Apesar dessas precauções, achei as três histórias tão insuportáveis quanto desprovidas de interesse.

Como contrapartida desses fracassos, obtive grandes êxitos: na coleção Robin Hood, fiquei fascinado por David Copperfield e na Biblioteca Mundial Sopena, por Crime e Castigo.

Em uma determinada altura da avenida Santa Fe, um pouco antes de chegar à rua Emilio Ravignani, ficava a Livraria Muñoz: escura, funda, úmida e mofada, com pisos de madeira listrada que rangiam un pouco. Seu dono era um espanhol de uns sessenta anos, muito sério, com o rosto um pouco macilento.

O único funcionário do lugar era quem costumava me atender: jovem, calvo, cometia erros e não tinha grande conhecimento dos livros que lhe eram pedidos ou de sua localização. Chamava-se Horacio.

No momento dessa tarde em que eu acabava de entrar no local, Horacio se encontrava remexendo nas diversas estantes, em busca de sabe-se lá qual título. Segundo pude deduzir, era algo solicitado por uma garota alta e magra, que, enquanto isso, passeava os olhos pela ampla mesa onde estavam expostos alguns volumes de segunda mão.

Das profundezas da loja chegou a voz do proprietário:

—O que você está procurando agora, Horacio?

O advérbio agora indicava certo mau humor.

—Não encontro Don Segundo Sombra, don Antonio. Na estante de Emecé não está.

—É um livro de Losada, não de Emecé. Veja na parte da Contemporânea.

Horácio mudou o lugar de suas buscas e, após uma extensa exploração, virou-se para a jovem e disse:

—Não, sinto muito, não temos nenhum Don Segundo.

Ela ficou chateada, disse que precisava do livro para a escola, perguntou onde poderia conseguir um exemplar.

Horácio, atordoado ante aquele enigma insondável, abriu muito os olhos e levantou as sobrancelhas.

Por sorte, don Antonio tinha ouvido a pergunta.

—Por aqui —explicou— é difícil. Não há boas livrarias. Você teria de ir ao centro, a “El Ateneo”, ou alguma outra da rua Florida ou da Corrientes. Se não encontrar nelas, procure perto das ruas Cabildo e Juramento.

A decepção turvou o rosto da garota.

—Desculpe-me por me meter —eu disse a ela—. Se você promete tratá-lo com cuidado e me devolver, posso lhe emprestar Don Segundo Sombra.

Senti que fiquei vermelho como se tivesse incorrido em uma audácia inconcebível. E, ao mesmo tempo, experimentei um desgosto contra mim mesmo por ter-me deixado levar por um impulso que se opunha ao que realmente sentia: amo meus livros e detesto emprestá-los.

Não sei exatamente o que a garota me respondeu, mas após alguns resmungos, terminou por aceitar meu oferecimento.

—Preciso lê-lo imediatamente para a escola —disse como se se justificasse.

Ela me contou que cursava o terceiro ano do colégio em uma escola para garotas da rua Carranza e eu lhe propus que me acompanhasse até minha casa para pegarmos o livro em questão. Eu lhe disse meu nome e ela me disse o seu: Mabel Mogaburu.

Antes de sairmos, porém, cumpri com o objetivo que me havia levado à Livraria Muñoz: comprei Os Crimes da Rua Morgue. Eu já tinha lido Histórias Extraordinárias e, encantado, decidi voltar a ler Edgar Allan Poe.

—Não gosto dele —disse Mabel—. É cruel e cheio de truques. Sempre com essas histórias de assassinatos, mortos, caixões… Não acho graça em cadáveres.

Enquanto caminhávamos pela Carranza até a rua Costa Rica, Mabel falou com entusiasmo e sinceridade sobre sua afeição (ou melhor, paixão) pela literatura. Nesse ponto, tínhamos uma grande afinidade, embora, desde o começo, ela mencionasse autores que ora convergiam ora divergiam com os nossos respectivos amores literários. E, apesar de eu ser dois anos mais velho do que ela, tive a impressão de que ela tinha lido muito mais do que eu.

Ela era morena, mais alta e delgada do que tinha me parecido na livraria. Uma certa elegância difusa a adornava. O matiz azeitonado do seu rosto parecia atenuar uma palidez mais profunda. Seus olhos escuros se cravavam diretamente nos meus e me era difícil sustentar a intensidade daquele olhar meio parado.

Chegamos à porta da minha casa na rua Costa Rica.

—Espere por mim aqui. Em um minuto trago o livro.

Com efeito, eu o encontrei em um instante, pois, por uma questão de homogeneidade, eu tinha (e ainda tenho) os livros agrupados por coleções. Assim, Don Segundo Sombra (Biblioteca Contemporánea, Editorial Losada) se achava entre A Metamorfose, de Kafka, e A Inocência do Padre Brown, de Chesterton.

Ao voltar à rua, percebi —ainda que nada saiba sobre moda— que Mabel se vestia de uma maneira, digamos, um pouco antiquada, com uma blusa cinzenta e uma saia escura.

—Como você vê —eu disse a ela—, este livro está brilhando de novo, como se eu o tivesse comprado a um segundo atrás, na livraria de don Antonio. Por favor, cuide dele, ponha uma capa nele, não dobre as páginas para marcar nada e, sobretudo, de maneira alguma escreva uma única vírgula nele.

Ela pegou o livro —tinha mãos bonitas e fortes— com o que me pareceu um certo respeito brincalhão. O volume, com sua cor alaranjada impecável, parecia recém-saído da gráfica. Ela o folheou por um momento.

—Mas vejo que você, sim, escreveu no livro —ela disse.

—Certamente, mas faço isso a lápis, com letra pequena e delicada: são notas e observações úteis para enriquecer a minha leitura. Além do mais —acrescentei, um pouco irritado— o livro é meu e eu lhe dou o uso que quiser.

Me arrependi do rompante na mesma hora, pois vi mortificação no rosto de Mabel.

—Bem —disse ela—, se você não confia em mim, prefiro que não me empreste o que é seu!

E me devolveu o livro.

—Não, não, de maneira nenhuma. Apenas cuide dele. Confio em você.

—Oh! —ela estava olhando a primeira página—.Você cataloga os seus livros?

E disse em voz alta, sem gozação:

—“Biblioteca de Fernando Sorrentino. Volume número 232. Data da aquisição: 23/04/1957”.

—Sim. Comprei-o quando estava no primeiro ano. O professor de espanhol recomendou esta obra para ser trabalhada durante as aulas.

—Li alguns contos de Güiraldes e eles me pareceram bem pobres… Por isso, nunca tinha pensado em comprar Don Segundo.

—Acho que você vai gostar dele. Não tem caixões nem casas malditas ou gente enterrada viva… Quando acha que vai me devolver o livro?

—Em menos de quinze dias você o terá de volta, tão radioso —ela frisou o adjetivo— quanto você o está me entregando neste momento. E, para que fique tranquilo, vou lhe dar meu endereço e telefone.

—Não precisa —eu disse, por educação.

Tirando da bolsa uma caneta e um caderno escolar, ela escreveu algo na última página, que arrancou e me entregou. Aceitei. Para maior segurança, eu também dei a ela o número do meu telefone.

—Bem, fico muito agradecida. E vou para casa, agora.

Ela apertou a minha mão (na época, não era costume que as pessoas se beijassem como atualmente) e caminhou em direção à esquina da Bonpland.

Uma certa inquietude me assaltou. Será que não tinha cometido um erro, ao emprestar um livro querido a uma pessoa de quem nada sabia? O endereço que ela tinha me dado… Não seria falso?

A folha do caderno era quadriculada; a tinta, verde. Procurei o nome Mogaburu na lista telefônica. Suspirei, aliviado: um tal Honorio Mogaburu morava no endereço dado por Mabel.

Entre A Metamorfose e A inocência do Padre Brown coloquei uma ficha com a seguinte legenda: Falta Don Segundo Sombra, emprestado a Mabel Mogaburu, na terça-feira, dia 7 de junho de 1960. ela prometeu devolvê-lo no máximo na quarta-feira, dia 22 de junho. Embaixo, acrescentei o endereço e o telefone dela.

Em seguida, na página da minha agenda correspondente ao dia 22 de junho, escrevi: Mabel. não esquecer: Don Segundo.


2

A primeira semana passou e logo a segunda a seguiu. Desenvolvi as minhas atividades habituais —em geral, não desejadas— de um aluno do último ano do Ensino Médio.

Estávamos na tarde da quinta-feira, dia 23. Como costuma acontecer comigo até os dias de hoje, faço anotações na agenda que me esqueço de ler. Mabel não tinha feito contato para devolver o livro ou, se fosse o caso, pedir prorrogação do empréstimo.

Disquei o número do telefone de Honorio Mogaburu. Do outro lado da linha, a campainha tocou pelo menos dez vezes sem que ninguém atendesse. Desliguei e voltei a chamar, muitas vezes e em horários diferentes, com o mesmo resultado infrutífero.

O processo se repetiu até o final da tarde da sexta-feira.

Na manhã de sábado, me dirigi à casa de Mabel, à rua Arévalo, entre a Guatemala e a Paraguay.

Antes de tocar a campainha, observei o imóvel a partir da calçada. Era uma construção típica do bairro Palermo Viejo, com uma porta no meio da fachada e uma janela de cada lado. Por uma delas se via um facho de luz: estaria Mabel exatamente naquela sala, entregue à leitura…?

A porta foi aberta por um homem alto e moreno, que imaginei ser o avô de Mabel.

—O que você deseja?

—Desculpe-me. É aqui que mora Mabel Mogaburu?

—Sim, mas ela não está. Sou o pai dela. O que você quer com ela? É urgente?

—Não, não é urgente nem muito importante. Eu emprestei um livro para ela e… enfim, estou precisando dele para —procurei uma razão plausível— …uma prova que terei de fazer na escola, na segunda-feira.

—Entre, por favor.

Em seguida ao hall de entrada, surgiu uma salinha que me pareceu pobre e antiquada. Flutuava no ar um odor desagradável, mistura de molho de tomate estragado com inseticida. Sobre una mesinha estava aberto o jornal diário La Prensa e havia também um exemplar da revista Mecánica Popular.

O homem se movimentava com extrema lentidão. Ele era muito parecido com Mabel, com a mesma tez azeitonada e os mesmos olhos parados.

—Qual o livro que você emprestou para ela?

—Don Segundo Sombra.

—Vamos ao quarto dela, para ver se o encontramos.

Senti um pouco de vergonha por incomodar aquele senhor, que julguei infeliz, vivendo em uma casa tão triste.

—Não se preocupe —eu disse a ele—. Posso voltar outro dia, quando Mabel estiver em casa. Não tenho pressa.

—Mas você não disse que precisa do livro sem falta para segunda-feira?

Ele tinha razão. Preferi não acrescentar mais nada.

A cama de Mabel estava coberta por uma colcha sem brilho, cor de vinho.

—Esses são os livros dela —ele me levou até uma biblioteca minúscula, com apenas três fileiras—. Veja se encontra o que busca.

Não acreditaria que ali estivessem sequer cem volumes. A maioria era da Editorial Tor, entre os que reconheci —porque eu também tinha a edição de 1944— O Fantasma da Ópera, com aquela ilustração pavorosa na capa. Identifiquei ainda outros títulos comuns, sempre em edições bastante antigas.

Mas Don Segundo não estava ali.

—Eu disse a você para vir aqui para que ficasse calmo —disse o homem—. Mas já faz anos que Mabel não traz livro algum para esta biblioteca. Você reparou que eles são bem velhos, não é?

—Sim. Estranhei um pouco por não ver edições mais recentes…

—Se você estiver de acordo e tiver tempo e vontade —ele cravou em mim aqueles olhos parados e me obrigou a abaixar os meus—, vamos agora mesmo dar um ponto final a esse assunto. Iremos buscar o livro na biblioteca de Mabel.

Ele colocou os óculos e balançou um chaveiro.

—De carro chegaremos em menos de dez minutos.

O automóvel era um DeSoto grande e preto, imagino que um modelo 1946 ou 47. Quando entrei, um bafo de coisa fechada misturado com tabaco velho me recebeu.

Mogaburu deu a volta na quadra e tomou a rua Dorrego. Logo estávamos na Lacroze, na Corrientes, na Guzmán, e entrávamos nas ruas internas do cemitério da Chacarita.

Descemos e nos pusemos a caminhar sobre o calçamento de paralelepípedos. Minha bendita (ou maldita) curiosidade literária me impelia a segui-lo sem fazer perguntas, agora margeando as criptas. Diante de uma onde se lia MOGABURU, ele introduziu uma chave e abriu a porta de ferro preto, dizendo:

—Venha. Não precisa ter medo.

Apesar de não querer, obedeci, pois sua alusão ao meu presumido medo me incomodou. Entrei na cripta e descemos uma escadinha de metal. Vi dois caixões.

—Neste aqui —o homem mostrou o que estava na prateleira inferior— descansa María Rosa, minha mulher, que faleceu no mesmo dia que Frondizi se tornou presidente.

Com os nós dos dedos ele deu pequenos golpes na tampa.

—E este outro pertence à minha filha Mabel. Morreu, a pobrezinha, tão jovem… Só tinha quinze anos, quando se elevou a Deus, em maio de 1945. No mês passado completou quinze anos de sua morte: agora ela teria trinta.

Inclinando-se um pouco sobre o caixão, ele sorriu como quem compartilha uma delicada confidência:

—A morte injusta não conseguiu separá-la de sua grande paixão: a literatura. Ela continuou, incansavelmente, lendo livro atrás de livro. Percebe? Aqui fica a outra biblioteca de Mabel, mais completa e atualizada do que a que está em casa.

Com efeito, uma parede da cripta estava coberta, do chão ao teto, com centenas de livros, quase todos —por falta de espaço, deduzi— na horizontal e em fila dupla.

—Metódica como era, ela foi enchendo a estante de cima para baixo, e da esquerda para a direita. Portanto, seu livro, como é de empréstimo recente, deve estar na metade da estante da direita.

Uma força desconhecida me levou ao local assinalado. E lá estava Don Segundo.

—Em geral —continuou Mogaburu— não vem muita gente reclamar os livros emprestados. Vê-se que você gosta muito dos seus.

Meus olhos estavam pregados na primeira página de Don Segundo. Um enorme X verde cobria meu carimbo e minhas anotações. Logo abaixo, com a mesma cor e uma cuidadosa letra de imprensa, se liam três linhas:

Biblioteca de Mabel Mogaburu

Volume 5328

7 de junho de 1960

“Que vaca”, pensei. “Recomendei-lhe tanto que não escrevesse sequer uma vírgula!”

—Bem, no final, assim são as coisas — disse o pai—. Você vai querer levar o livro ou vai doá-lo à biblioteca de Mabel?

Fiz um gesto brusco e repliquei com raiva:

—Claro que vou levar! Não gosto de me separar dos meus livros.

—Faz bem —concordou ele, enquanto subíamos a escada—. De qualquer maneira, não será difícil para Mabel conseguir em seguida outro exemplar.

 


El cuento “La biblioteca de Babel” ha sido publicado ocho veces: 

  1. a) En español

La biblioteca de Mabel (2013). Delicias al Día (dir.: Agustín Díez Ferreras), Valladolid (España), marzo 2013, págs. 8-9.

La biblioteca de Mabel (2013). Gramma (directora: Alicia Sisca), Universidad del Salvador; Facultad de Filosofía, Historia y Letras; Escuela de Letras, Buenos Aires, Nº 49, diciembre 2013, págs. 238-245.

La biblioteca de Mabel (2013). En Fernando Sorrentino: Paraguas, supersticiones y cocodrilos (Verídicas historias improbables) (2013). Veracruz (México), Instituto Literario de Veracruz, El Rinoceronte de Beatriz, 2013, 140 págs.

La biblioteca de Mabel (2014). En Fernando Sorrentino: Problema resuelto. Cuentos argentinos de Fernando Sorrentino / Problem gelöst. Argentinische Erzählungen von Fernando Sorrentino (2014), Düsseldorf, dup (düsseldorf university press), 250 págs.

  1. b) En italiano

La biblioteca di Mabel (2013). (traducción del equipo de Inchiostro). Inchiostro. Rivista di storie e racconti da leggere e da scrivere (direttore: Giampiero Dalle Molle), Anno 19, Nº 3-4, Verona (Italia), maggio-dicembre 2013, págs. 11-14.

  1. c) En inglés

The Library of Mabel (2013). (traducción de Gustavo Artiles). En Fernando Sorrentino: How to Defend Yourself against Scorpions (2013), Liverpool, Red Rattle Books, 2013, 216 págs.

  1. d) En alemán

Die Bibliothek von Mabel (2014). (traducción de Sandra Fuertes Romero y Jana Wahrendorff). En Fernando Sorrentino: Problema resuelto. Cuentos argentinos de Fernando Sorrentino / Problem gelöst. Argentinische Erzählungen von Fernando Sorrentino (2014), Düsseldorf, dup (düsseldorf university press), 250 págs.

  1. d) En portugués

A biblioteca de Mabel (2017). (traducción de Regina Drummond). Juvenatrix, Año 27, N° 190, octubre 2017, San Pablo, págs. 6-9.


Fernando Sorrentino nació en Buenos Aires el 8 de noviembre de 1942. Es profesor de Lengua y Literatura. 

Datos bibliográficos

Su bibliografía detallada (excluidas las ediciones anotadas de clásicos, las inclusiones en antologías —tanto en español como en otras lenguas— y las colaboraciones en diarios y/o revistas) es la siguiente:

Obra narrativa

  1. a) Libros de cuentos

La regresión zoológica, Buenos Aires, Editores Dos, 1969, 154 págs.

Imperios y servidumbres, Barcelona, Editorial Seix Barral, 1972, 196 págs.; reedición, Buenos Aires, Torres Agüero Editor, 1992, 160 págs.

El mejor de los mundos posibles, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1976, 208 págs.

En defensa propia, Buenos Aires, Editorial de Belgrano, 1982, 128 págs.

El rigor de las desdichas, Buenos Aires, Ediciones del Dock, 1994, 82 págs.

La Corrección de los Corderos, y otros cuentos improbables, Buenos Aires, Editorial Abismo, 2002, 194 págs.

Existe un hombre que tiene la costumbre de pegarme con un paraguas en la cabeza, Barcelona, Ediciones Carena, 2005, 356 págs.

El regreso. Y otros cuentos inquietantes, Buenos Aires, Editorial Estrada, 2005, 80 págs.

En defensa propia / El rigor de las desdichas, Buenos Aires, Editorial Los Cuadernos de Odiseo, 2005, 144 págs.

Biblioteca Mínima de Opinión, Santa Cruz de la Sierra, Editora Opinión, 2007, 32 págs.

Costumbres del alcaucil, Buenos Aires, Editorial Sudamericana, 2008, 64 págs.

El crimen de san Alberto, Buenos Aires, Editorial Losada, 2008, 186 págs.

El centro de la telaraña, y otros cuentos de crimen y misterio, Buenos Aires, Editorial Longseller, 2008, 64 págs. Nueva edición: El centro de la telaraña, y otros cuentos de crimen y misterio, Buenos Aires, Editorial Longseller, 2014, 96 págs.

Paraguas, supersticiones y cocodrilos (Verídicas historias improbables), Veracruz (México), Instituto Literario de Veracruz, El Rinoceronte de Beatriz, 2013, 140 págs.

Problema resuelto / Problem gelöst, edición bilingüe español/alemán, Düsseldorf, dup (Düsseldorf University Press), 2014, 252 págs.

Los reyes de la fiesta, y otros cuentos con cierto humor, Madrid, Apache Libros, 2015, 206 págs.

  1. b) Novela

Sanitarios centenarios, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1979, 144 págs.; reedición (muy reelaborada), Buenos Aires, Editorial Sudamericana, 2000, 160 págs.; reedición, Barcelona, Ediciones Carena, 2008, 126 págs.

  1. c) Nouvelle

Crónica costumbrista, Buenos Aires, Ediciones Pluma Alta, 1992, 70 págs. Reeditada con el título de Costumbres de los muertos, Buenos Aires, Ediciones Colihue, 1996, 66 págs.

  1. d) Literatura para niños y/o adolescentes

Cuentos del Mentiroso, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1978, 96 págs. (Faja de Honor de la S.A.D.E. [Sociedad Argentina de Escritores]); reedición (con modificaciones), Buenos Aires, Grupo Editorial Norma, 2002, 140 págs.; nueva reedición (con nuevas modificaciones), Buenos Aires, Cántaro, 2012, 176 págs.

El remedio para el rey ciego, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1984, 78 págs.

El Mentiroso entre guapos y compadritos, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1994, 96 págs.

La recompensa del príncipe, Buenos Aires, Editorial Stella, 1995, 160 págs.

Historias de María Sapa y Fortunato, Buenos Aires, Editorial Sudamericana, 1995, 72 págs. (Premio Fantasía Infantil 1996); reedición: Ediciones Santillana, 2001, 102 págs.

El Mentiroso contra las Avispas Imperiales, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1997, 120 págs.

La venganza del muerto, Buenos Aires, Editorial Alfaguara, 1997, 92 págs.

El que se enoja, pierde, Buenos Aires, Editorial El Ateneo, 1999, 56 págs.

Aventuras del capitán Bancalari, Buenos Aires, Editorial Alfaguara, 1999, 92 págs.

Cuentos de don Jorge Sahlame, Buenos Aires, Ediciones Santillana, 2001, 134 págs.

El Viejo que Todo lo Sabe, Buenos Aires, Ediciones Santillana, 2001, 94 págs.

Burladores burlados, Buenos Aires, Editorial Crecer Creando, 2006, 104 págs.

La venganza del muerto [edición ampliada, contiene cinco cuentos: Historia de María Sapa; Relato de mis travesuras; La fortuna de Fortunato; Hombre de recursos; La venganza del muerto,], Buenos Aires, Editorial Alfaguara, 2011, 160 págs.

ENSAYOS

El forajido sentimental. Incursiones por los escritos de Jorge Luis Borges, Buenos Aires, Editorial Losada, 2011, 200 págs.

Entrevistas

Siete conversaciones con Jorge Luis Borges, Buenos Aires, Editorial Casa Pardo, 1974, 164 págs.; reedición (con notas revisadas y actualizadas), Buenos Aires, Editorial El Ateneo, 1996, 272 págs.; nueva reedición, Buenos Aires, Editorial El Ateneo, 2001, 272 págs.; reedición, Buenos Aires, Editorial Losada, 2007, 272 págs.

Siete conversaciones con Adolfo Bioy Casares, Buenos Aires, Editorial Sudamericana, 1992, 270 págs.; reedición, Buenos Aires, Editorial El Ateneo, 2001, 270 págs.; reedición, Buenos Aires, Editorial Losada, 2007, 270 págs.

ANTOLOGÍAS (compilador)

Treinta y cinco cuentos breves argentinos, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1973, 186 págs.

Treinta cuentos hispanoamericanos (1875-1975), Editorial Plus Ultra, 1976, 286 págs.

Cuentos argentinos de imaginación, Buenos Aires, Editorial Atlántida, 1974, 136 págs.

Treinta y seis cuentos argentinos con humor, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1976, 240 págs.

Diecisiete cuentos fantásticos argentinos, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1978, 190 págs.

Nosotros contamos cuentos, Buenos Aires, Editorial Plus Ultra, 1987, 166 págs.

Historias improbables. Antología del cuento insólito argentino, Buenos Aires, Editorial Alfaguara, 2007, 136 págs.

Ficcionario argentino (1840-1940). Cien años de narrativa: de Esteban Echeverría a Roberto Arlt, Buenos Aires, Editorial Losada, 2012, 408 págs.

Cincuenta cuentos clásicos argentinos. De Juan María Gutiérrez a Enrique González Tuñón, Buenos Aires, Editorial Losada, 2016, 220 págs.

Traducciones

  1. a) Libros de ficción

Sanitary Centennial. And Selected Short Stories. Translated by Thomas C. Meehan. Austin, Texas, University of Texas Press, 1988, 186 págs.

Sanitários centenários [Sanitarios centenarios]. Traducción al portugués de Reinaldo Guarany. Río de Janeiro, José Olympio Editora, 1989, 174 págs.

Von Skorpionen und anderen Alltagsgefahren. Erzählungen. Ausgewählt und aus dem Spanischen übersetzt von Vera Gerling. Gotinga, Hainholz Verlag, 2001, 160 págs.

Attukkuttikal Allikkum Thandanai (La Corrección de los Corderos). Volumen de once cuentos en lengua tamil. Nagercoil (India), Kalachuvadu Pathippagam, 2003, 72 págs.

Per colpa del dottor Moreau, ed altri racconti fantastici (14 racconti; traduttori: Alessandro Abate; Mario De Bartolomeis; Isabel Cuartero; Carlo Santulli, Marco Capelli y Eva Malagon Esteo; Luca Muzzioli). Módena, Progetto Babele, 2006, 100 págs.

Existe um homem que tem o costume de me dar com um guarda-chuva na cabeça (18 contos; traduzidos do espanhol por António Ladeira e Helder Semmedo). Entroncamento (Portugal), OVNI, 2006, 182 págs.

Per difendersi dagli scorpioni, ed altri racconti insoliti (20 racconti; traduttori: Alessandro Abate; Mario De Bartolomeis; Federico Guerrini; Renata Lo Iacono; Carlo Santulli). Macerata, Progetto Babele / Stampalibri, 2009, 140 págs.

Goftegoo baa Borgess (Siete conversaciones con Jorge Luis Borges [persa]) (2012). Teherán, Morvarid, 2012, 136 págs.

How to Defend Yourself against Scorpions (25 short stories; translators: Clark M. Zlotchew, Emmy Briggs, Gustavo Artiles, Michele McKay Aynesworth, Alex Patterson, Jonathan Cole, Norman Thomas di Giovanni, Susan Ashe, Donald A. Yates, Naomi Lindstrom). Liverpool, Red Rattle Books, 2013, 216 págs.

Problema resuelto / Problem gelöst (2014). Edición bilingüe español/alemán. Al cuidado de Vera Elisabeth Gerling y Andrea Schmittmann (16 cuentos; traductoras: Francie Boortz, Stephanie Zysk, Emilia Gagalski, Sophia Hübschmann, Verena-Loraine Trzaskowski, Tanja Wichmann, Hoda Istan, Hanna Christine Fliedner, Katharina Meyer, Doreen Klahold, Aletta Wieczorek, Nina Schürmann, Andrea Schmittmann, Sonia López, Johanna Malcher, Constanze Wehnes, Anna-Maria Orlacchio, Sandra Fuertes Romero, Jana Wahrendorff). Düsseldorf, dup (Düsseldorf University Press), 2014, 252 págs.

Dastan haye dorugh-gü [Cuentos del Mentiroso], traducido al persa por Reza Eskandary, Teherán, Hoopa, 2016, 159 págs.

Entegham e mordé [La venganza del muerto], traducido al persa por Reza Eskandary, Teherán, Hoopa, 2016, 206 págs.

Faribkaran e faribjordé [Burladores burlados], traducido al persa por Saíd Matín, Teherán, Hoopa, 2016, 117 págs.

Padash e shah-zadé [La recompensa del príncipe], traducido al persa por Reza Eskandary, Teherán, Hoopa, 2016, 105 págs.

  1. b) Libros de entrevistas

Seven Conversations with Jorge Luis Borges [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Translation, additional notes, appendix of personalities mentioned by Borges and translator’s foreword by Clark M. Zlotchew. Troy, Nueva York, The Whitston Publishing Company, 1982, 220 págs.

Sette conversazioni con Borges [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. A cura di Lucio D’Arcangelo. Milán, Arnoldo Mondadori Editore, 1999, 224 págs.

Hét beszélgetés Jorge Luis Borgesszel [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Fordította Latorre Ágnes. Szerkesztette Scholz László. Budapest, Európa Könyvkiadó, 2000, 264 págs.

Borges chi si tan [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Traducción al chino de Lin Yi an. Pekín, Guangming Daily Press, 2000, 212 págs.

Sapte convorbiri cu Jorge Luis Borges [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Traducción al rumano de Stefana Luca. Bucarest, Editura Fabulator, 2004, 200 págs.

Sapte convorbiri cu Adolfo Bioy Casares [Siete conversaciones con Adolfo Bioy Casares]. Traducción al rumano de Ileana Scipione. Bucarest, Editura Fabulator, 2004, 180 págs.

Sete conversas com Jorge Luis Borges [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Tradução: Ana Flores. Río de Janeiro, Azougue Editorial, 2009, 224 págs.

Seven Conversations with Jorge Luis Borges [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Translated, with Notes and Appendix by Clark M. Zlotchew. Filadelfia, Paul Dry Books, 2010, 196 págs.

Sedem radsgovora s Jorge Luis Borges [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Traducción al búlgaro de Boriana Dukova. Sofía, Enthusiast Libris, 2011, 224 págs.

Sette conversazioni con Adolfo Bioy Casares [Siete conversaciones con Adolfo Bioy Casares]. A cura di María José Flores Requejo, Introduzione di Armando Francesconi, Traduzione e note di Armando Francesconi e Laura Lisi, Note alla traduzione di Laura Lisi. Pescara, Edizioni Solfanelli, 2014, 232 págs.

Sedam razgovora sa Horheom Luisom Borhesom [Siete conversaciones con Jorge Luis Borges]. Prevod sa španskog: Sandra Nešović. Belgrado, Dereta, 2014, 182 págs.


Revista Triplov  .  Série Gótica .  Inverno 2017