Nascido
no município de Miguel Calmon, no
interior da Bahia, Antonio Cedraz,
hoje grande quadrinista de
reconhecimento nacional, até quase
os seus 10 anos de idade teve um
contato ínfimo com a literatura.
Onde morava, as únicas fontes de
leitura eram os livros didáticos
convencionais, mas ao se mudar para
Jacobina esse aspecto em sua vida
começou a mudar.
Sendo sua mãe dona de uma pensão em
Jacobina, era comum que mascates de
passagem pela região se hospedassem
por lá e consequentemente Cedraz
fazia amizade com eles. Muitos
desses vendedores comercializavam
cordéis, o que despertou grande
interesse de Antonio por esse tipo
de livro, mas foi através deles
também, de um modo muito peculiar
que o menino conheceu os quadrinhos.
Além dos cordéis, era comum que
esses mascates também levassem
consigo louças de outras regiões,
para serem vendidas nas feiras
locais e essas louças sempre estavam
embrulhadas em jornais. Para
conseguir algum dinheiro, Cedraz os
ajudava a vendê-las e à medida que
fazia isso, começou a observar os
pequenos desenhos em algumas páginas
desses jornais velhos, esses
desenhos eram tirinhas de Maurício
de Souza e também da personagem
Luluzinha. E assim foi seu primeiro
contato com o mundo dos quadrinhos.
Apreciador também da literatura
nacional, costumava ler muito
Monteiro Lobato, José de Alencar,
dentre outros autores e durante
essas idas e vindas às livrarias,
conheceu Uilson Morais Miranda (que
hoje também é cartunista) ao vê-lo
fazendo alguns desenhos. Sem nunca
ter desenhado nada, resolveu tentar
pela primeira vez e ao mostrar ao
novo amigo, recebeu grandes elogios.
E, a partir disso, Cedraz e Uilson
iniciaram uma “troca de figurinhas”,
onde um mostrava os desenhos ao
outro e também trocavam cursos de
desenho por correspondência. Essa
relação resultou no Clube dos Amigos
Desenhistas, lá ainda em Jacobina.
Foi a partir daí que, com por volta
de 16 anos, Cedraz pôs na sua cabeça
que se tornaria desenhista. Sabia
das dificuldades que encontraria
buscando um tipo de trabalho com
pouca visibilidade, então para se
manter tornou-se bancário,
funcionário do extinto Banco
Econômico e mudou-se para Salvador,
no intuito de conseguir publicar
seus trabalhos.
Na capital baiana, conseguiu
realizar algumas publicações com
seus personagens, o Joinha e o
Pipoca, mas foi com a Turma do
Xaxado que atingiu maior
reconhecimento, tendo suas tiras
sendo publicadas por mais de 10 anos
no jornal A Tarde. Cedraz faz
questão de deixar claro que ainda
hoje, apesar de todo reconhecimento
e prêmios já ganhos, ainda é muito
difícil conseguir uma editora para
publicar seu material e por muitas
vezes acaba tirando dinheiro do seu
próprio bolso para realizar esse
trabalho.
A Turma do Xaxado é dentre
todas as criações de Cedraz, a que
mais se aproxima dele. Surgiu da
vontade de criar um mundo próximo a
aquele que cresceu, representado
pelos costumes e tradições
nordestinas, retratando um modo de
vida simples, mas alegre, rodeado
pelos folclores e lendas típicas da
região. A respeito desse trabalho,
Cedraz salienta que ele até foi
desacreditado por um famoso escritor
baiano (que preferiu não
identificar) por ter um caráter
muito regional, mas a sua
insistência lhe rendeu por seis
vezes o prêmio HQ Mix, a maior
premiação dentro do universo dos
quadrinhos brasileiros.
Com relação a esses prêmios, o mais
marcante para Antonio, foi o seu
primeiro HQ Mix, ganhado em 1999,
onde concorreu com Mauricio de Souza
e Ziraldo, dois de seus grandes
ídolos. Ele também brinca dizendo
que após o terceiro, acabou se
acostumando.
Pelos temas abordados nas suas
publicações, Cedraz começou a ter
seu trabalho requisitado em livros
didáticos, aproximando-o muito de
escolas, local onde ele tem
preferência de divulgar suas novas
criações. Durante a entrevista, ele
relata com muito orgulho homenagens
que já teve em colégios
soteropolitanos. A última aconteceu
no dia 30 de outubro de 2009 e foi
de alunos do colégio São José,
localizado na cidade baixa, onde
representaram uma peça baseada no
seu trabalho a respeito de Zumbi dos
Palmares, contando com crianças
caracterizadas de Xaxado e toda sua
turma.
NOTAS DE IMPRENSA
Antonio Cedraz
Antônio Luiz Ramos Cedraz nasceu em
uma fazenda no município de Miguel
Calmon (Ba), mas cresceu e formou-se
professor em Jacobina, onde teve os
primeiros contatos com as histórias
em quadrinhos.
É Mestre dos Quadrinhos Nacionais,
título concedido pela Associação de
Caricaturista e Desenhistas de São
Paulo e é o criador da Turma do
Xaxado, com a qual ganhou, 6 vezes,
o mais importante prêmio de
Histórias em Quadrinhos do Brasil: o
HQ MIX, considerado o Oscar dos
quadrinhos brasileiros.
Já publicou trabalhos nos principais
jornais da capital baiana (A Tarde,
Tribuna da Bahia e Jornal da Bahia).
Tem revistas editadas por várias
editoras de São Paulo (Editora Nova
Sampa, Press Editorial, Bentivegna,
Escala), Rio de Janeiro (Editora
Cedibra), e Curitiba (Editora
Grafitti), além de ter publicado
inúmeras histórias em jornais de
todo o Brasil (Zero Hora, de Porto
Alegre; O Fluminense, de Niterói; O
Dia, do Rio de Janeiro; Jornal de
Santa Catarina, de Blumenau; Diário
do Nordeste, de Fortaleza; A
República, de Manaus e A União, de
João Pessoa) e em jornais e revistas
de Cuba, Portugal e Angola.
Pela Editora Escala (SP), publicou
mais de 35 revistas da Turma do
Xaxado, distribuídas mensalmente
pela Fernando Chinaglia
Distribuidora para bancas de todo o
país. Ilustrou diversos livros de
literatura infantil e juvenil para
as Editora do Brasil, Multipress,
Santuário, Bureau, EBDA-Bahia e
Paulinas.
Tem participado de eventos
literários e feiras de livros em
vários estados, como expositor e
palestrante convidado, e visitado
escolas de ensino fundamental e
universidades, aumentando a
exposição do seu trabalho ao público
e aos meios de comunicação.
Atualmente publica as tiras em
quadrinhos da Turma do Xaxado em
livros didáticos das editoras
Moderna, FTD, Saraiva e Ática e, já
publicou diariamente as tiras do
Xaxado nos jornais A Tarde
(Salvador), Diário do Nordeste
(Fortaleza), O Sul (Porto Alegre).
Tem mais de 25 livros e revistas
editadas por sua editora e adotados
por diversos colégios.
É membro da Associação Baiana de
Cartunistas e Ilustradores e
vice-presidente da Câmara Baiana do
Livro. Contato: cedraz@xaxado.com.br.
A
Turma do Xaxado
A
Turma do Xaxado vive em uma pequena
cidade do interior, mas suas
aventuras não se limitam a este
espaço. Volta e meia estão na cidade
grande ou em espaços imaginários,
convivendo com muitos dos seres
fantásticos que povoam a cultura
brasileira – como o Saci, a
Mula-sem-cabeça e o Caipora – ou em
aventuras com livros encantados,
anjos, monstros e muita ação.
Xaxado e seus amigos têm à sua
disposição toda uma riqueza cultural
que se expressa nas diferentes
maneiras de se falar, nos trajes,
nas danças e músicas, nas imagens do
dia a dia, nos costumes, nas
comidas, nas relações humanas, na
arquitetura, nos jeitos de ser de
cada um.
A Turma do Xaxado é formada de
personagens tipicamente brasileiros,
cada um com seu jeito próprio de
falar, pensar e agir, passando pelas
várias classes econômicas, graus de
instrução etc. É uma turminha
heterogênea como o povo brasileiro:
o esperto Xaxado é neto de um famoso
cangaceiro que vivia no bando de
Lampião; o preguiçoso Zé Pequeno
adora ficar deitado na rede, vendo a
vida passar; a estudiosa Marieta é a
radical defensora da língua
portuguesa; o egoísta Arturzinho é
filho de um rico fazendeiro e faz
questão de deixar bem claro que
nasceu “em berço esplêndido”; o
sonhador Capiba é um aspirante a
cantador nordestino, e a consciente
Marinês é a protetora e amiga número
1 da natureza.
Passeando pela cultura brasileira,
nas imagens, nas gentes, nas
tradições e lendas, nos jeitos de
falar, as historinhas da Turma do
Xaxado falam das coisas da nossa
terra, nossos encantos e problemas,
mas sem perder de vista a
universalidade da experiência
humana.
Suas histórias são para crianças,
mas também encantam adolescentes e
adultos, pois não abrem mão de um
olhar crítico sobre a realidade do
Brasil.
Em 2007 foi tema de mestrado na
Faculdade de Letras da UFBA -
Universidade Federal da Bahia e no
Programa de Pós-graduação de
Ciências Sociais em Desenvolvimento,
Agricultura e Sociedade da UFRRJ -
Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro. Também em 2007, o livro
Turma do Xaxado – Volume 2 foi
selecionado no Programa Nacional
Biblioteca da Escola (PNBE), do
Ministério da Cultura, para
distribuição em escolas de todo o
Brasil.
Atualmente é publicada em vários
jornais e suplementos semanais de
diversas partes do Brasil, em
Portugal, na Revista Brasil e sites
na internet e, já foi publicada nos
jornais diários; A Tarde (Salvador),
Diário do Nordeste (Fortaleza) e O
Sul (Porto Alegre).