obras em processo
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Alguns dos
poemas deste livro foram publicados em
revistas e jornais tais como: TriploV,
Decires (Argentina), Jornal de Poesia
(Brasil) Velocipédica Fundação, Botella del
Náufrago (Chile), El Establo de Pégaso
(Espanha), DiVersos, Carré Rouge (França),
Saudade, De Puta Madre (Espanha), Sibila
(Brasil), Abril em Maio, La Otra (México),
António Miranda (Brasil).
(Casa da
Muralha, Arronches, Dezembro de 2009) |
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POEMAS SINFÓNICOS
I andamento
II andamento
III andamento
IV andamento |
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a Robert Schuman |
I andamento
Somos conduzidos às raízes dos sonhos, na
direcção
do branco e cauterizante calor da visão.
Somos tão moldáveis pelas forças ocultas
quanto por seus próprios moldes ocultos.
É mais fácil bloquearmo-nos contra as
aterradoras visões da realidade que
permanecermos abertos e vulneráveis ao que
elas nos confiam.
Vivemos num mundo fluido, maleável, que
frequentemente escorrega por entre os nossos
dedos.
Como a inconstância da pele sob a seda
do muro sob a cal
possuimos um cérebro alado
que voa ao sabor da ventania,
um penumbroso lugar transformado
numa grande tempestade solar. A consciência
é
cumprir a vontade de um desejo sempre
reprimido, mas
o poeta bebe a liberdade por um cálice de
vidro resplandecente.
“Se nada é verdadeiro, tudo é permitido”.
Assim pensam aqueles
que no dia-a-dia tentam fazer-nos morder o
pó da terra para
nos comerem a carne e os ossos como vampiros
de lenda.
Continuaremos, todavia, a olhar a noite
estrelada como se o Norte
e o Sul fossem uma só coisa viva.
II andamento
Ahora es tarde
Ahora ya nada será como antes
Ahora te quiero
Ahora hablaré con el reloj de mi abuelo
Ahora hablaré con la máquina de coser de mi
tia
En estos tiempos hay que estar muy seguro
Los objectos son como minutos fugaces.
Ahora
cuéntame el sueño que guardas en tu corazón
como la luz en el pecho de un muerto.
III andamento
Perco em todos os dias eléctricos combóios e
todos os dias a máquina de escrever me dita
um poema
todos os dias largo o emprego e
o amor cresce-me nas orelhas. Mal te vejo,
pois
o horizonte é imutável
e nas ruas desce de novo a sombra
Os crocodilos de todos os momentos
devoram-me a vontade e
todos os dias renasço. Primaveras
apavoradas
O sol finge que brilha todos os dias e
as pernas soltam-se dia sim dia não
para correrem nos espaços abertos
entre o presente e o futuro.
Parece-te bem? Como se um barco te passasse
sob o nariz?
IV andamento
Mejor así!
Vale. Soy como un árbol
en el dia destrozado. Alguien
me contempla indeciso, en blanco y negro
emocionado.
Rompe a llorar y le tiemblan
los brazos
Es que, quizás, me falta gracia.
Perdoname. Lo siento.
Soy como um perro
en la imensidad de tus coloridos ojos.
(Com Almeida e Sousa)
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Revista TriploV de Artes, Religiões e
Ciências, 5, Abril de 2010 |
NICOLAU
SAIÃO [FRANCISCO GARÇÃO]
[Monforte do
Alentejo,1949, Portugal]
Poeta,
publicista, actor-declamador e
artista plástico. Efectuou palestras
e participou em mostras de Mail Art
e exposições em diversos países.
Livros: “Os objectos inquietantes”,
“Flauta de Pan”, “Os olhares
perdidos”, “Passagem de nível”, “O
armário de Midas”, “Escrita e o seu
contrário” (a publicar). Tem
colaboração dispersa por jornais e
revistas nacionais e estrangeiros
(Brasil, França, E.U.A. Argentina,
Cabo Verde...).
CONTATO: nicolau49@yahoo.com |
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