Oxalá
ninguém esteja à minha espera
naquele
lugar que perdi
não sou
dali, desapareci
e tinha o
Inverno no meu bolso
e a manhã
guardada num cofre
Não sou
assim, nunca te vi
oxalá
tenham mudado de ideias
Tanta
alegria imediata
e hoje o
tempo como está parado
este é um
planeta assombrado
tenho mais
do dobro da vossa idade
O mar fica
muito quieto no escuro
aqui
connosco mesmo ao pé
Um
estranho fulano põe-se a falar
para um
pouco mais longe poder estar
Cresce
comprido um velho braço
para um
que escreve sem parar
e de
repente fica muito quieto
Oxalá
ninguém ninguém me conheça
e nem me
pergunte que horas são
Agora vou
de sobretudo
e vogo ao
sabor da corrente
e sou um
trôpego anjo mudo
com uma
frase inteligente
no mais
incerto lugar comum
Oxalá na
taberna não haja pessoal
oxalá as
lojas fiquem todas fechadas
oxalá na
colina não se erga um espantalho
para
termos razão de abalar outra vez
e ninguém
repare na mancha que temos
um pouco
por baixo do coração
Oxalá que
já seja Verão
e que os
cães se portem como cavalheiros
e os
chapéus sejam sempre amarelos
ao
contrário das uvas que são cor-de-rosa
Oxalá não
me peçam para cantar
oxalá não
me peçam para levitar
oxalá
ninguém esteja à minha espera. |