Revista TriploV DE Artes, Religiões e Ciências

Direção|Maria Estela Guedes & Floriano Martins

PÁGINA INDEX OBRAS EM PROCESSO

obras em processo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Autores

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NICOLAU SAIÃO

 

ESCRITA E O SEU CONTRÁRIO

 

INDEX

 

Alguns dos poemas deste livro foram publicados em revistas e jornais tais como: TriploV, Decires (Argentina), Jornal de Poesia (Brasil) Velocipédica Fundação, Botella del Náufrago (Chile), El Establo de Pégaso (Espanha), DiVersos, Carré Rouge (França), Saudade, De Puta Madre (Espanha), Sibila (Brasil), Abril em Maio, La Otra (México), António Miranda (Brasil).

(Casa da Muralha, Arronches, Dezembro de 2009)

OMNIA IN UNO

Retábulo da alegria

Efemeridade

Voar

Cidade

Magnólia

Água

Resistência

Madrugada

Granito

Sorriso

Dois cêntimos de amor

Estação

Olhe o comboio que vem chegando!

Poema

Palavra

Sagração

RETÁBULO DA ALEGRIA (de Juan Solano)

Do lado esquerdo o tom é de azul escuro  com

pequenas recorrências de negro sfumato e leves

pontos de branco de zinco: como pombos ou

cegonhas passando na noite   simplesmente

aflorando o seu primeiro sinal de céu ou

madrugada.

 

Depois, no centro, uma figura cerrando sua

dimensão  seu único e secreto

perfil de traços marcados   os traços mais pesados

de vermelho sanguíneo   onde

o amarelo de espanha, o terra de siena se confrontam

com rasgões simulados de tinta desfeita.

 

Essa a alegria, o quadrado

de cartão ardente   acinzentado um pouco nas

pontas   a penumbra

que com as mãos se edificou e

freme   estremece e se une ao que criado foi    seu

 

transfigurado rosto para   séculos e séculos de piedade.

EFEMERIDADE

Pequena    pousada sobre

um muro

 

um silencio de água

de vidro fosco

de risco de unha

de sopro nessa manhã

de amor

 

ou de viagem

voltando

sem ódio ou

mágoa

Apenas gesto

contra a luz

 

Apenas um dedo

correndo sobre a

pele

minuto

hora enorme

 

de caminho e

regresso

tão distante.

 

Afago nem sequer

esboçado

mas tão cheio.

 

E tão sem nada. 

VOAR

Não o voo mas a

sombra

O sinal posto sobre o ar

a dor do vento naquela voz

que cresce

nessas nuvens perdendo-se na terra.

Não a

súbita asa de um

rosto

erguido entre árvores

e montes

como figuras agora contra o tempo

que adeja sobre os ramos

- essa febre como uma chuva errante –

mão que não paira

mas se recorda e vibra

num esvoaçar

tenaz

 

Ave exacta no mundo

- sua serena hora -

e agora já na lonjura

 

perdida e solitária.

CIDADE

E ele pensou: hoje serei uma cidade

e depois serei uma árvore nessa cidade

e depois  ainda  um esquecimento

numa rua e num recanto de um pátio.

 

E quando essa cidade tiver figuras

de pessoas e de animais

pôr-lhe-ei ainda mais figuras

que se olharão entre elas e se reconhecerão

 

E desaparecerão pouco a pouco

 

para que fique apenas uma amargura

e muitos risos desconhecidos

MAGNÓLIA

Naquela terra não havia magnólias. À beira dos caminhos

nos jardins e nos pequenos vasos de flores dentro das casas

as mulheres e os floristas cultivavam aspidistras

rosas-chá, malmequeres e pequenos bolbos de tulipas vermelhas.

Um namorado, certa vez, colocou na botoeira um girassol.

Meninas dos colégios assustavam-se e, correndo pelos parques

faziam esvoaçar contra a luz candente da tarde pequenas flores campestres.

 

Então, um dia, apareceu na cidade um hortelão

que num pequeno cesto tinha um pano multicolor

sobre algo que não se conhecia.

 

Uma jovem destacou-se de entre os demais e disse-lhe

qualquer coisa em voz sumida. E o hortelão

olhou-a longamente.

E depois principiou a andar devagarinho.

E na rua começou a espalhar-se uma penumbra que de repente

todos perceberam que iria doravante ficar ali para sempre. 

ÁGUA

De corpo

Onde acabas e recomeças

De terra

Onde é teu o perfil incompleto

De fogo e ar

Onde exultas e te revolves

Do que dentro existe e cessa

Do que de fora brota

 

Daquilo que nunca te encontrará

Do que é pequeno e amplia o mundo

Do que jamais se perdeu

 

Do que se sabe e repousa

Do que não se encontrou

 

Do que morre

Do que é silêncio e claridade

Do que é mais que um sangue

 

Um puro momento feito

Entre ti e o teu reflexo inerte.

RESISTÊNCIA

Não apenas a música

mas o som

o ruído que envolve 

o oculto grito

 

Não o nome somente

mas vestígio

o timbre recordado de seu

espaço

 

Não apenas figura

mas silêncio

silhueta ou contorno

na memória

 

Não o medo ou o azougue

sobre esta carne morta

 

Mas um vívido traço

ainda que incompleto

 

Mas singeleza como

um corpo inconformado.

MADRUGADA

No interior a polpa: um nó convulsamente

preso na carne feita para amar

No exterior partículas

tão exactas e puras como um dia. No depois das paredes

nesse ar que se dissipa

nesse negrume fixo e já disperso

- para sempre encontrado -

o clarão que nos une e que nos leva

entre as horas e os tempos, entre vozes que findam.

 

A cor o mundo o nome

eternamente nossos.

GRANITO

Um poeta pode durar sei lá 80 anos

Há mesmo alguns que duram noventa anos

Por seu turno uma mesa de madeira   dessas vulgares

dessas com um tampo de tábua que as boas donas de casa procuram

sem sucesso que fiquem menos rugosas

- e de repente um rasgão de luz o perpassar duma lâmpada

um traço de vela que alguém acendeu no escuro

devolve-lhe o seu perímetro real de pinho decepado

de pobre utensílio ou de superfície usual -

Mas dizíamos nós  aí vinte trinta anos

aí uns setenta se for bela usança de uma casa afastada?

 

Olhei e vi: um muro nem mesmo bem cuidado de

granito

(palavra que contém não apenas o simulacro exterior

de matérias geradas pelo interior da terra

mas também o que se sente ou se adivinha ou que

se desejaria fazer frutificar: e é a mancha

de qualquer líquido por exemplo    a água

mas nunca azeite ou vinho  ou até mesmo mercúrio

o sólido cruzando o seu contrário

enigma)

apenas pedras sobre pedras naquele campo a anoitecer.

 

E um arrepio correu-me dos dedos aos olhos.

E nada mais perguntei a mim mesmo.

E nada mais desde esse momento quis saber.

Disse para mim: granito.

Disse para mim: é então este o granito.

E olhei de novo em volta como se de repente

 

uma emoção anónima terrível singular me tivesse alcançado.

SORRISO

Como pode entender-se

sua firme estrutura

de momentos e coisas

para esquecer   lembrar? Participa das cores

(amarelo  vermelho)

com que o nomeiam

e também da incerteza

com que o olham. Antecipa verdades

antepõe-se a mentiras

e serve de desculpa

como serve de enleio. E faz inda esquecer

o tenso  o trémulo

sinal do dia

no rosto de quem já

a noite teme.

Imaterial, tão breve

e tão distante

- mas o peso de séculos

nele mora: um sorriso de quem

conhece o tempo

que pelos anos vai

com sua mágoa junta.

 

A voz que o justifica

sem que o encene  o talhe

para que sempre exista

 

em toda a face humana.

DOIS CÊNTIMOS DE AMOR

Dois cêntimos, ou seja: quatro escudos

No tempo das luzes sobre as casas

E das árvores   apenas com o conhecimento de quem se ia

Quase para sempre -

Um pacotinho de rebuçados dos de açúcar e anis,

Duas mãos cheia de ervilhanas,

Três mãos de pevides,

Dois selos para cartas vulgares ou especiosas

Uma esmola pelos que lá se tinham,

Três maçãs,

Meia hora ao bilhar,

Meia hora de ping-pong,

Quatro carteirinhas de bonecos da bola,

Uma vela para alumiar mortos e vivos.

 

Não dá contudo para mandar uma mensagem.

Mas se desse que poderia obter-se?

Um olhar? Um trejeito? Um começo de frase?

Uma palavra encantada e tão terrena?

Um “e eu também”? Um “mas” seguido de um silêncio interrogativo?

Ou um simples beijo luminescente e natural?

 

Ou nada disto – apenas um suspiro, um resto de respiração?

 

Como findar o poema? Com a mão posta

No teu cabelo? Ou com um olhar que se recusa a partir?

Que dois cêntimos são tão pouco.

Que dois cêntimos são tanto.

 

Assim sendo, eu te digo com uma voz antiga

E feita agora mesmo (pois que vozes não há feitas

A não ser quando se trocam os tempos

Contra o fluir do tempo, puros e imarcescíveis):

 

Dou-te dos meus rebuçados

Dou-te um selo para que me escrevas

Dou-te ervilhanas, as mais belas que tiver

Um pedaço de sorriso

A melhor maçã

O meu mais doce beijo para que a amargura não nos fira

 

Com o seu silencio e a sua luz que fulmina.

ESTAÇÃO

De Portalegre? Sei onde fica...

Fui lá um dia

co'a tia Anica!

Tinha lá primos

e uma cunhada.

Conheço bem.

Vale a jornada!

 

Tem coisas belas

simples, singelas

de nobre terra:

a volta à Serra,

a fonte nova

e uma grande árvore

cheia de brio

quer esteja quente

ou faça frio

lá no Rossio

Tem a Corredoura

mais o Bonfim

(e alguns fulanos

assim-assim...)

 

E tem o Corro

e a grande Sé

que é imponente

p'ra toda a gente

quer tenha ou não

(queira-o ou não)

a sua fé.

E tem comércio

bem aviado

mais a indústria

de fiação

com bom mercado

p'ra dar o pão

afiambrado!

Vale bem a pena

viver-se lá:

tem gente grada

bondosa, amena

(calva ou barbada)

como não há…

Olhe o comboio que vem chegando!

Então adeus. Tive prazer

em conversar. Céus, que está frio

neste lugar!

                                                    

Sim. Portalegre... Sei onde fica!

Fui lá um dia... Co'a Tia Anica.

 

Tem a Corredoura

mais o Bonfim

(e alguns malandros

assim-assim...). 

POEMA

Sugeriram-me um poema sobre Setembro. Comecei

de imediato a pensar: tirar um Setembro das recordações? Criar

um Setembro que jamais existiu? E criar como? Só como entidade

fortuita, como vivência crepuscular? Num princípio de manhã?

Setembro como lugar e hora, como estância perdida? Porque

Setembro é algo de impalpável, estranhamente inexistente, um risco numa

parede entre duas portas cerradas. Ou então

algo tão intenso e cheio de presença como uma sombra enorme

num pátio abandonado. Setembro como memória perene? Setembro como fuga

como chegada à palavra e ao horizonte das formas?

 

Eis a voz. Eis o nome. Eis o lugar que se escolheu. Um vestígio

de matéria absurdamente concreta. Porque os demais momentos

são agora um ruído junto das casas que se habitaram

com todo o seu encanto e desencanto primordiais. Com a semelhança

de olhares e de ausências.

 

E assim Setembro me poisou num ombro

como réstea de sol  num dia inteiramente comum. Setembro

que é dito, que é escrito, que é rememorado

Setembro que se olha e nos define como seres ao anoitecer

ante este muro sobre o qual já se vêem os astros habituais

e que são tão nossos como o grito súbito de uma ave indistinta.

 

Setembro que não sei dizer

Setembro que nos foge quando o tentamos olhar

Setembro que lembro e que conheço como uma cor amada

mês que morre e revive em mim como um soluço um beijo um aceno

 

de mão sulcada por muitas linhas e pensamentos.

PALAVRA

           “Um dia seremos salvos por uma palavra”
Diodoro, santo não reconhecido pelo cristianismo oficial

As palavras não caem no vazio

diz no Zohar

nem dele chegam até nós

As palavras crescem umas vezes na amargura outras na indiferença

outras ainda no reboliço das horas

as palavras afeiçoam-se alegremente como um brinquedo de madeira

como uma iguaria que tanto tempo se aguardou

sob uma latada, na manhã ou na noitinha nascente.

As palavras sabem tudo ou então  o que inda é melhor

nada sabem   e buscam o seu lugar entre os objectos da casa

num recanto do contentamento

Uma vez pensei

em qual seria a palavra mais bela, a que de repente criaria

para este aquele  um momento de completa serenidade

um hálito fortuito de alegria

ou simplesmente um minuto de angústia

- aquela que não punge, que é recordação

ou apenas realidade.

 

A palavra roseiral, que em pequeno ouvi

e que sempre me acalenta

a palavra horizonte, que nos intriga e que tem por detrás

tantos sonhos humanos de aventura e de crime

A palavra silhueta, a palavra caminho

e essoutra – madrugada – que abre o nosso coração

e o torna a fechar depois.

E tantas, tantas outras que nos rondam os dias que temos

e tivemos

Por exemplo a palavra que nos cai em cima como uma árvore abatida

 - pobreza – essa palavra tão infeliz, tão só. Tão perturbada.

Palavras em espanhol, com seu guiso e suas lonjuras, palavras

em francês, em romeno com o seu passo

balançado como uma dança

palavras em islandês e quíchua, essa improvável levitação.

 

Mas a mais bela palavra sou eu que a tenho

e a trago sempre comigo: nos ouvidos, na memória,

no coração e nos pulmões

Entre as mãos e sobre um joelho, no cotovelo

e num bolso da camisa

e por ela serei salvo. Por ela cheguei ao meu país

onde o mistério se acoita.

Essa palavra 

fui eu que a descobri.  E é inteiramente minha.

 

Qual foi e qual será

qual era? Quem a conhece?

 

Quem a descobrir

que ma diga ou então, não podendo

 

que me a escreva, numa folha

amorável que me mandar

ou numa pedra

que me atirar

envolta num papel com ela escrita

 

em qualquer dia que calhe.

SAGRAÇÃO

Ora no alto ou no baixo

com o coração desnudo

nas endechas de uma reza

pois que S.Pedro vê tudo

 

Seja de manhã ou noite

com sono com fome com medo

pois que S.José vê tudo

sem lhe contar o segredo

 

Se Maria se declara

se lhe manda uma carta azeda

pois que o arcano tem tudo

mesmo que a morte não ceda

 

Ainda que os outros não saibam

o bambino fica ao canto

e eles os dois vêem tudo

e até a vida é um espanto

 

Vejo metade dum peixe

vejo dois braços no ar

e um coração com três partes

negro azul e outra vez negro

 

Árvore que não é bem árvore

cabeça sem ser cabeça

uma flor vermelha e branca

sobre os dois que tudo vêem

 

Viajante, se pensares

que esta voz é a dum vivo

viste o princípio de tudo

com o teu olhar altivo

 

Eram dois agora são um

lá no átrio circular

depois não serão nenhum

para o mundo começar

 

Aqui, ali, acolá

perto do inexistente

pois assim é que bem bom

p'ra ti e p'ra toda a gente.

 

Pois que S.Pedro vê tudo

pois que S.José vê pouco

pois que a mudança é o génio

da lâmpada ainda que rouco.

Revista TriploV de Artes, Religiões e Ciências, 5, Abril de 2010

   NICOLAU SAIÃO [FRANCISCO GARÇÃO]
 [
Monforte do Alentejo,1949, Portugal]
Poeta, publicista, actor-declamador e artista plástico. Efectuou palestras e participou em mostras de Mail Art e exposições em diversos países. Livros: “Os objectos inquietantes”, “Flauta de Pan”, “Os olhares perdidos”, “Passagem de nível”, “O armário de Midas”, “Escrita e o seu contrário” (a publicar). Tem colaboração dispersa por jornais e revistas nacionais e estrangeiros (Brasil, França, E.U.A. Argentina, Cabo Verde...).
CONTATO: nicolau49@yahoo.com

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