Relação entre violência e tolerância

 

 

 

 

 

 

ANTÓNIO JUSTO


Hipocrisia no Discurso

A pessoa tolerante reconhece, mesmo em desacordo, o direito a opiniões e comportamentos contrários…

O grande problema que se observa na sociedade é o facto de pessoas, políticos e grupos usarem o argumento da tolerância para levarem a sua avante sem olharem a meios. Muitas vezes trata-se de movimentos seguidores de agendas que têm por objectivo, não o desenvolvimento da sociedade, mas a luta que vai dando sustento a alguns, na tentativa de imporem um projecto social contra o outro!…

Uma política afirmadora de conflitos e de adversidades, como se verifica nas posições categóricas das partes beligerantes a nível internacional, conduz à polarização política e social de modo a colocar a ética do governo acima da ética da responsabilidade, ao fomentarem o confronto e não o entendimento nem a mediação; o mesmo se observa nas relações partidárias e nos meios de comunicação e de divertimento que fomentam agressão e violência: tudo isto  conduz a uma atitude de tolerância de actos violentos e a uma dessensibilização do humano.

Querer reduzir a violência promovendo a tolerância torna-se insuficiente e até hipócrita quando a política e os meios de comunicação educam, de facto, e sensibilizam as populações para a violência…

Enquanto em política, nos meios de comunicação e na economia dominar a cultura de violência declarada usam-se dois pesos e duas medidas para a mesma virtude o que implica uma atitude de ambivalência: tolerância para com a violência física e psicológica que vem de cima e intolerância para com a violência entre os de baixo, é reduzir o discurso sobre a tolerância a mera música de acompanhamento!

Importante é alcançar-se um equilíbrio social em que todos se empenhem em promover uma cultura do respeito e do entendimento mútuo para um dia se tornar evidente uma cultura da paz!


António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9356