PEDRO PROENÇA: HELIÓPOLIS
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HELIÓPOLIS
1982

(a ausência do 1º capitulo é compensada por uma versão tardia (1995?) em Anexo (e em verso), assim como a de parte do capitulo seguinte)

(1)

Arroz.
Beringelas.
Bananas.
Coco.

Sagrada a alimentação e o alimento. E a Língua entre as línguas que nos imanentes porões, nos reservatórios das ascensões, seu crime conserva (babuínos cujo cu pelado me lembra selins de bicicletas).

Seja pura poética beijocada pelo talento da Fénix (e que das cinzas de um livro renasça outro, e que Biblos seja uma ave fabulosa)

............................................- que os lavatórios se tornem pias baptismais e que a cada toque na ............................................água a escrita seja gema.

Ouvide, massas, os senadores do desespero (comícios telúricos de uma acácia em êxtase incalculado). Já João Cantakuseno se alia aos turcos: mas quem é que impera nas ruinas do conhecimento?

Jarros. Cântaros de sangue. Ah, pobre Ajax! Tão de madrepérola. Barris de seiva. Nos campos a desordem das fábricas. E o tétano. E as armaduras (no fim uma medalha que é um fim).

O sangue alastra. Os orgãos genitais da cidade. Os rins esfarrapados da civilização. As calçadas e todo o asfalto e todas as bibliotecas desintegram-se. Semáforos exibindo magenta no Apocalipse.

(a cesta de cebolas, o pó, e o limão misturados com gengibre). Uma espessa coluna de água (um milhão de agulhas e um milhão de camelos - monta-os Apolo). O coro febril do Trovão. Zeus comendo amendoins. Um ditirambo assombroso. Timbre de magnólia. Um baixo escabroso, cuspido, escarrado. Zeus come amendoins. Tem mandatários. Um corifeu assenta os Da (Shanti, Shanti, Shanti)

- gulosa liturgia

- bragumptumptumbhanpthampgkamdhxdlanvduncj!

Cego da luz de outrora, com uma capa de açorda velha e um chapéu de renda de mioleira (o diabo do velho não distingue! Mas no entanto tem entre as mãos e as cicatrizes umas boas dúzias de provérbios flamengos (cheios de vinho e tortas duras e maçãs ácidas e caroços de ameixas com um perfume doce))

- apenas prestigidita às apalpadelas!

Baboso, tarado. E lança oráculos como quem come pastéis de nata. Lança-os ao peito de sultanas excitadas com vulvas de um metro de comprimento. Como flechas. E também peitos finos dos poderosos. Que eles cuidam da pele.

A memória entornou-se na vidência. Nos hexagramas das tartarugas rematados por poemas temperados: é o Caos.

(o limite da bosta de boi - suculência cósmica)

Xarmarkarm ay

Chovem bombas no Líbano

E a tequilha não cessa de aumentar

(os celeiros do mundo)

www.triplov.com / 11.11.2003