Restaurem nos fornos da Egípcia Ciência
as lentas mas aleivosas especiarias
nos vasos que acima estão enterrados
e nos que em baixo cospem elevações.
Restaurem até que a morte se convença
serem reversiveis os danos derradeiros
e a morte morra em engarrafados lagos
onde águas se acendem com isqueiros.
Não só c’o extremo sopro que semeia
na engenhosa máquina da carne
os nasais espiritos imortais
que o diafragma espalha em todo o poro
o que anima em licor sonoro
de vinhos odoríferos. Os calhamaços,
os encadernados afectos de papel almaço,
e a vida em stacattos de sebenta
convertem os sumários em morte lenta.
A pele sempre limpa da ninfa
não é invadida pelo escrupuloso pêlo
que sublinha escritas de desmazelo
nem pelo maritimo escorbuto
que tatua os marinheiros munto.
É bela no entanto enquanto pode
porque mesmo dobrados os cabos
das porventura ilusórias tormentas
sempre deixa cicatriz ou ode
que escrevinha nos olhos sublinhados
e torna as velhas mais parentas.
Aqui, e depois, minha melada Calíope,
viu Proteu de coturno enfiar o barrete
que o variar é por vezes um frete,
e a desgraça é mudança que rebenta
fazendo os destinos variar sua avença.
O gosto extremo de escrever invoco;
que em lume brando me vou exterminando
palavras são desejos nos quais me toco
em verso ou prosa, estou-me marimbando.
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