GALATEIAS & MEDUSAS / Circe anais & Circe elongata
PEDRO PROENÇA (TEXTOS) & R.-P. LESSON (IMAGENS)
27-09-2003 www.triplov.com
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circe

Aos que estão por vir ao mundo,
em sonhos escravos ou risos aljofarados
parco aqui é da glória o coreto,
embora muita haja, e de sobejo
que mais que as cousas é o desejo
que vaga por ângulo que não recto
sendo de si mãe, filho e neto.

Trazei ao menos um amuleto
que vos guarde do constante desacato:
pois fora do dissimulante mato
é melhor ser raposa que rato.

A natureza de iguarias suaves e divinas,
encrespa a água de ácidas rimas.
Ninfas acossadas em fetichistas ruínas
se assentam duas e duas com amplos copos.

Amantes abundantes, mutuos troféus,
(dezendo piropos que cativavam os céus)
aí se entregavam às contendas de amor
com florida retórica e toneladas de suor.

Mas já o claro amador enfreia Larisséia,
põe negras asas ao corvo astuto,
mata os amantes numa colecta
e faz dos impostos um luto culto
que o azar das asas não se isenta.

Também Diana deu vil caçada
ao que a nudez lhe desenhou mais que ideia:
temam pois as carnes curvas
os olhares, os cães e as alcovas.