A
Escrituras Editora, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada
pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direcção-Geral do
Livro e das Bibliotecas (DGLB/Portugal), publica Comentários ao
apocalipse, de Pedro Proença. A organização e prólogo da obra são de
Floriano Martins e as ilustrações do próprio autor.
Como destaca o autor Pedro Proença, grande parte dos poemas que
compõem Comentários ao apocalipse sofre da vontade de “as coisas se
acumularem umas sobre as outras, e no poema que se deixa ler,
surgirem as espezinhas impressões de algo que se quis transformar
excessivamente, isto é, desaparecer no amor de se deixar
transformar. Nas mãos do poeta classicista, a pedra-pomes leva à
condensação, ao mortífero desejo de obra – monumento narcísico para
uma posteridade algo absurda, porque qualquer posteridade é
esquecimento e algo inacessível, mesmo para quem tem uma convicta fé
num algo além”.
Sobre o autor:
Pedro Proença. Nascido em Angola (Lubango) pouco depois de rebentar
a guerra (1962), veio para Lisboa em meados do ano seguinte, isso
não impedindo porém que posteriormente jornalistas lhe tenham
descoberto “nostalgias” da África. Fez-se rapaz e homem por Lisboa,
meteu-se nas artes e tem andado em galantes exposições um pouco por
todo o mundo, com incidência particular no que lhe é mais próximo. O
verdadeiro curriculum oficial mostra muita coisa acumulada com
alguma glória e devota palha. Tem ilustrado livros para criancinhas
e não só, não porque lhe tenha dado vontade para isso, mas porque
amigos editores lhe imploraram. Também publicou uma história entre
as muitas de sua lavra (The great tantric gangster, Fenda, em edição
que, por estranhos motivos, foi retirada de circulação), um livro
muito experimental de ensaios (A arte ao microscópio, também da
Fenda) e um grosso livro de poemas comentados com imagens (O homem
batata, editado pelo Parque das Nações). Compõe, mediocremente,
música em seu computador, e é um iogue quase consumado.
A Coleção Ponte Velha foi criada por Carlos Nejar (Brasil), poeta,
ficcionista e crítico, membro da Academia Brasileira de Letras e
pelo poeta António Osório (Portugal). |