ANTIGÓRGONA / OITO-NOVE
TEXTO E DESENHOS DE PEDRO PROENÇA
13-08-2003 www.triplov.com

f

oito

[E deslupticiarei de cristo modo os cristais vários, o rego riso, rósio, rubro, realmente trespassado pelas obsessões caloríferas, pelas ânsias botânicas, pelo beija-mão de um incerto imaginário - que infernos prepara ainda a prepotência misterial da História? Ou os selenianos muros da ciclicidade antropomorfica?

Não há um modo de desistir. Não há amadurecimento sem um constante trabalho. Não há fecalidade sem empenhamento. Os ossos que restam, que são eles? E a imortalidade é alguma coisa que valha? Dual no espantalho. A escolha é o que for: imortalidade ou eternidade.

A carne assassinadíssima do meu avô pardo. Asinino. Antiquérrimo. Digzipstlinen. As brancas bulsulas. As brandas bergonhas. O Bois de Bologne. E carne laociana entre Urizen e Los. Vou ideogramar. Vou ideogramar ideogramaticando, ideogramando, ideogravando - escrever em acção, compulsivamente.

Eufórico.
Materiológico.
Testurossófico.
Conscienciomático.


Estou na gruta genérica e platónica e a luz vislumbra como uma flecha feroz. Cidades levantam-se. Palpitam. Arreganham a tacha. Fedem. A minha vida é um urinol que desperta para a imensidade. É uma pedra mórbida num pedregal mórbido. É o movimento. O despertar do despertar. Despartúrico. Despassarado. Despassado. Despresente despótico. E na crueldade pontuarei os comboios e as ninfas.

A calamidade onanica da sedução. A canibalidade islâmica da oração. A cordialidade xamânica da visão. Descerrando céus e terras, vendo por debaixo do olho do cu da obscuridade, no interior do motor do carrocel dos enigmas - pontuarei as minhas viagens ao iodo. As obsessões esotéricas que no sonho nos afagam em preocupações de dimensão - a criminalidade, o valor: como figueiras azuis sacudidas por uma praga de elefantes bexigosos. Ou a inocência da possessividade.

Onde está o cancro alquímico da propriedade? Vêem-se ismos em todos os subcéus, na órbita de uma luta que ainda dura. A confusão em transe. Os anjos antipáticos entre o casamento com o demoníaco só após a hora de grande má Fé. As vísceras transparecerão, maravilhosas, absolutas, intrínsecas, directas, vulcânicas, superadjectivadas e únicas. Senhoras absolutas da sua ordem na paixão desancada à racha ideológica de Deus.

Experimentar por experimentar? Sempre! Ó faternidade das ilações tardias! Tarde violeta sobre a praia a estumescer!

Prospânicos corais. Veneza e Venezuela. Contenção de punhais. Certeza e pureza. Frágeis mulheres que galopais ao sol nascente. Como poços movediços ou papagaios estáticos. Mulheres cor-de-liamba. Sois de terra e sois de ar. Que mar vos sacode a garganta?]

nove


[Labiríntico! A emanação selvagem que faz desaparecer a vista onanística da totalidade. Ou o tigre. O perigo que é inevitável enfrentar. Que é visionado obsessivamente debaixo da contradicção fulcral do nosso destino mágico-empírico. Somos uma cratera que emerge do espaço, um fulcro caótico. Agora, pela dúvida, basta encontrar a ordem da Indeterminação, a energia essêncial da funcionalidade, o compromisso prático, o realismo da interioridade, o subjectivismo descodificador.

Aonde o consenso? Não a estrutura que tem o seu tempo, pela ascensão, auge e decadência; mas o movimento primordial que preside à formação de todas as estruturas. Uma forma é apenas uma das metamorfoses da criação, e por ela se liga a todas as outras metamorfoses. Como a criação, ela mesma está em toda a parte.


Labirinto! Luce eterna, que sola in Te sidi, que nel pensier rinova la paura! Este o dileto fulminante do taboo. A esquizoobscuridade. A insuficiência intestinatária. Ou, finalmente, o canal solene da masturbação. Como uma trajectória que se vai apagando para se diluir numa imagem explosiva de energia acumulada. Bloqueada. Paiol prestes a estourar por necessidade de emergência, por ausência de vazio: o vazio do vazio. A dialética que se autodetermina em dissolução.

Minotaurico,
minoico,
mínico.
Mundividente.
Tauriprudente.
Permucortante.
Córnico.
Insectíssimo.
Esmagordada.
Espetacudistratante.
Verve verde.
Esmagoverde.
Soproleque verde verde.
Nas libações empáticas do manto.
Verde de erva.
Árvore.
Ovo.
Víbora.
Veia.
Vírus.
Verborreia.
Verdiarreia.
Verditado.
Vormitante - verde?


O silêncio fala por todo o lado. Mesmo nos segundos em que o circuito cerebral pára para celebrar o desaparecimento do peso (a ângustia) na morte, primária e última, no frio aqualícial da repassagem às esferas da transmissão. No transe enclavital. Na clavícula astral. No climax do invisível. Como num sonho feito de Hieronimos. De simbolos meteóricos sobre os quais a própria vida parcamente e solene em insónia perpassa. A imagem que insurrecta se autopenetra. O circulo sagrado dos sete céus. O ventre fértil de Górgona!

Jeróni. Cithónimo. Abdómisto. Jesúmido. Cristáfico. Virgenimal. Martipaulo. Incoluminente e Frustinimado pela Sucra, Socra & Sicra Enminuância - a emoção corrige a emoção, a razão corrige a razão, o trabalho o trabalho!

Per companhia um leão no jardim dos unicórnios. Uma flor de Liz. Uma taça de azeitonas.

Irmã, que te debruças sobre os labirintos, perdeste a meada de Teseu? Irmã, tens livros voltados para o curare. Nos teus olhos a amizade é uma aflição. Deslizam serpentes em toda a tua maravilha. E o gelo cativa as luzes mais esparsas. Concentra-as entre teus dedos de porco sob o teu rosto de prata.

Irmã, és como azeite esubre que da nascente aflui ao paraíso dos Vinte Sexos: zebrada; torcida; ismânica. E multidemoras-te brancorando em Desertos de Signos, em Vasos Antigos, em paredes secas cuja fibra velha tantas assombrosas impressões causa.

Irmarintica labrirmã? Do Egipto para Israel: as Laranjas Prometidas.

Hieronimia? Heteromística? Ou Fictomáscara?

Uma obra é fruto de sucessivas cristalizações. Esconjura-se por etapas. Irrealiza-se. torna-se antropomórfica, visionando para além das órbitas da distância consciente.


Psalmolândia. Beaudelástica Preporminuência de Rimbálica Bestiaulística Para Uma Trutural Punização.

No adverbiado eco das florestas.
No sussurrado rugido do Verbo.
Na bizarrântica pilhagem.
Nos jardins alcachofrais do azar.
No prepucialíssimo humor petroniano,
Petroquímico (Pedro o Santo?).

Verde,
que cavado e novo te escolho,
com raízes de vermelho,
como obra Mirandólica,
Ubutrída,
Giorgargantuta.

Verde operário.
Etiopes.
Andinos.
Cantábricos.
Filipinos.
Unicindivos.
Plurintruivos:
maaambdhin joshuank dostucray hung-jones.

Verde,
correndo umbliquo como um vinho árabe.
Verde-laranja.
Verde-prego.
Verde-cidade,
ou a lasca apoteoptica da cor
invadindo a estrela suculenta da Revelação.
Aprisionando o sofrimento,
perperdendo-se nas cordas omnívoras dum polvo,
recorrendo ao mercúrio.
E ao zero grávido.
E ao quarto crescente.
E ao mineral musical.
E à mica.
E ao mosto.
À água.
Ao azoto.
Às mesquitas da Inquisição Perdida.
Aos quartéis do assassinato profissional.
Ao trevo.
Às iluminuras rústicas de cavaleiros andantes.
Aos trajes bordados de raparigas roliças.
Ao verde do gafanhoto
e ao louva-a-deus sobre a vidraça.


Diz-lhe, ó verdirmã. E já este pomar transpira a tua vida.]