PEDRO PROENÇA www.triplov.com 11-05-2004 |
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Fulgurações divinas em sexualíssimos hálitos unânimes penetram: na nada esquiva pedra do exterior do templo onde casa figura é uma nota de rodapé na demiurgia orgíaca o excesso convida-nos para o interior despojado: no intervalo não é lavada a loiça: entramos no Absoluto com um travo pornográfico. Não há mantra que no eco do silêncio não se ouça. |
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Quando Cronos regurgita em que oráculos acredita?
E quando engolimos sapos seremos uns mentecaptos?
A dúvida pasta entre o manjericão da pasta e o gongórico macarrão?
A certeza ainda fulmina com entradas de leão? |
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Negando negações sobre negações não nos despedimos de afirmar. Apenas nos exilamos das traições do proclamar.
Nas afirmações recatadas com que atrasamos as evidências hipotecamos hipóteses e endividamos clemências.
O misericordioso adia as ajudas com gozo? |
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Há vestígios de outras andanças e ambições brejeiras quando ascéticos ou ligeiros emudecemos sem alusões certeiras.
(o poeta é o podre do invisível) |