PEDRO PROENÇA www.triplov.com 11-05-2004 |
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As idades sucedem-se nos seus carros-de-bois: chiam dogmáticas na estrada velha. São como a cana de vime verde junto ao regato mais tarde garrafão empalhado na boca do bêbado. Ascendem a outras idades como quem sobe um corpo dos artelhos para cima com dedos eróticos. Onde está o enigma? Na Atlântida? Ou no nosso corpo, fracção continental de todos os corpos? Quando os bicos-dos-pés se transformam em voo o corvo liberta em si o faisão. |
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Esta dádiva a todo o momento: a de os deuses se mostrarem. Puseram o pudor num copo juntamente com a placa-dos-dentes. Fizeram-se carne e limparam as lentes. Entraram nas coisas como se as atapetassem de cromático silêncio. Citaram Buda, Sócrates e Mêncio. A vida não só se tornou ainda mais visível como abusa das vírgulas: há poucas pausas no florido continuo das evidências. |