PEDRO PROENÇA
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11-05-2004

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11

 

Pense-se, não num mundo corrompido

mas na corrupta eternidade.

 

Pense-se no eterno presente

como uma maldosa curiosidade.

 

Pense-se nas estafadas metáforas

que enviamos ao mar em garrafas.

 

Pense-se por fim no assado e no assim

e no bacante chinfrim.

.

12

 

Para que o incêndio retorne

numa manhã canalha

qual guerreiro inocente

ascendendo na batalha.

 

Para que venha ao cimo

o traseiro da mulher-a-dias

e fique encerado o chão

com imensa devoção.

 

Para que a sardinha se asse

no mais negro carvão

e o peregrino se agache

finda a procissão.

 

Para que o dia se faça

de veludo como a noite

e depois da graça

venha o merecido açoite.