Nesta época festiva com a qual se termina o Ano da Graça de 2006 quero agradecer a todos os meus amigos que me reencaminharam e-mails em cadeia durante todo o ano e, de forma geral, a todos quantos me deram a conhecer os seus produtos e soluções.
Graças à vossa indulgência e bondade:
- Parei de beber Coca Cola desde que descobri que serve para retirar manchas da sanita e desentupir canos.
- Deixei de ir ao cinema, com medo de me sentar numa agulha infectada com SIDA.
- Cheiro a refogado, desde que parei de usar desodorizantes porque causam cancro.
- Não deixo o meu carro em parques de estacionamento nem em qualquer outro sítio, com medo de alguém me drogar com uma amostra de perfume e tentar assaltar-me.
- Também deixei de atender o telefone, com medo de me pedirem para marcar um número estúpido e receber uma conta de telefone infernal com chamadas para o Uganda, Kinchasa, Singapura e Cebolais de Cima.
- Parei ainda de beber da lata, com medo de ficar doente das fezes e urina de rato.
- Quando vou a festas, não olho para mulher nenhuma, por mais boa que seja, com medo que ela me leve para um hotel, me drogue e me retire os rins para vender no mercado negro.
- Também doei todas as minhas poupanças à conta da Amy Bruce, uma menina doente que está a morrer no hospital desde 1993, e que desde então se mantém com 8 anos de idade.
- Quanto ao meu telemóvel Nokia grátis, nunca chegou, assim como as passagens que tinha ganho para umas férias pagas na Disneylandia.
- As férias no Nordeste, tão em conta que até seriam remuneradas ao dia, com um prémio pecuniário, pela própria agencia, transformaram-se num fim de semana curto, pago por mim a dobrar, numa tenda de um parque de campismo da Costa da Caparica.
- A lingerie que comprei por engano à décima milionésima mensagem que recebi sobre o assunto não tem qualquer utilidade, porque a minha namorada acha que há milhões e milhões de gajas por esse mundo fora a usar aquilo neste preciso momento.
- Aquelas tipas que passaram o ano a mandar-me cartões virtuais nunca apareceram, o que foi bom porque assim não houve qualquer risco de infecções.
- Quanto a trabalhar sem sair de casa confirmei que é tudo verdade, incluindo a ausência de referência ao pagamento.
- O meu pénis também não cresceu como devia. De facto, e de acordo com as informações fornecidas por milhões de fontes fidedignas, já deveria medir cerca de meio metro mas, depois de muitos exercícios, pílulas e incómodos, ainda não noto qualquer diferença.
- O desempenho do dito também não melhorou com o "Viagra on line", o que me fez acreditar que estou realmente gravemente doente. Fiquei tão deprimido que agora só consigo fazer sexo 364,5 vezes por ano. Em consequência paro sempre o carro para anotar os números dos telemóveis dos gajos que anunciam pau-de-cabinda, em graffitis mais ou menos pobres em tudo quanto é parede.
- Já tinha ouvido falar do "Brasil" mas creio agora que há, lá por perto, um outro país chamado "Spam", de onde vem a maior parte destas preciosas informações.
Como disse, a todos desejo um Natal muito feliz cheio de amendoas de Páscoa no sapatinho, o que é sempre surpreendente, e um óptimo ano de 2007 cheio de sucessos pessoais e colectivos, que todos os fantasmas do desemprego e da degradação acelerada do Ensino Público sejam expurgados do nosso imaginário colectivo, que todos descubram que o Sócrates, o Gago e os seus capangas não passavam afinal de um mau sonho, que afinal Portugal tem o direito a existir.
A todos agradeço do fundo do coração os muitos momentos felizes com que me brindaram em 2006.
À OCDE, ao BM, ao FMI e à OMC, desejo sinceramente que tomem os seus lugares no caixote do lixo da História.
Luís Vicente