EMANUEL DIMAS DE MELO PIMENTA
Este ano Joseph Beuys completaria cem anos de idade.
Esta semana, dias 12 e 13 de Maio, Lucrezia De Domizio, Baronesa Durini, que colaborou com Beuys durante muitos anos e que, desde 1971, vem dedicando a sua vida à obra e ao pensamento do mestre Alemão, inaugurou o primeiro museu dedicado a Beuys em todo o mundo.
O novo museu – em Bolognano, Itália – é um edifício espetacular, cavado na terra, à beira de um grande desfiladeiro, incorporando a casa onde Beuys viveu nos Abruzzo.
Doei ao novo museu meus trabalhos que constituíram a exposição da inauguração em 2003 do sector internacional do Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Rovereto e Trento – MART (cerca de 2.000 m2 de exposição, que mereceu um generoso artigo da revista DOMUS entre outros). Projecto arquitectónico de Mario Botta, localizado próximo de Veneza, o MART é o maior museu nesse campo em toda a Itália.
Infelizmente, não pude estar fisicamente presente no evento em Bolognano, devido às ainda existentes restrições impostas pelos governos em relação ao vírus.
Mas, lá estive espiritualmente.
Muitos importantes artistas estiveram presentes.
Entretanto, publiquei um livro com o título Joseph Beuys e Lucrezia De Domizio – De Rerum Natura, em três edições (italiano, português e inglês) com cerca de 600 páginas. O livro é feito nos cem anos de Joseph Beuys, mas é ainda uma celebração aos cinquenta anos do trabalho de Lucrezia De Domizio com Beuys. Para esse livro, juntei 33 textos que escrevi a pedido da Lucrezia nos últimos 30 anos. Lucrezia e eu temos trabalhado juntos em vários projetos, em diversos países, desde 1990.
Esse livro ilumina, penso, não apenas as raízes do trabalho de Beuys mas também a obra de Lucrezia.
Para quem não conhece em profundidade o trabalho do grande artista alemão, o livro pode ser muito informativo. Ele está à venda na Amazon, mas também está grátis, na sua versão eletrónica, na plataforma academia.edu (que conta actualmente com cerca de 157 milhões de membros, na sua maioria investigadores, em todo o mundo).
O livro foi apresentado durante a inauguração do novo museu.
Também contribuí com uma conferência para a inauguração do museu: Verdade de Fundamentalismo.
Não apenas, compus um concerto e realizei um filme experimental: Cometa – em homenagem à querida amiga Lucrezia De Domizio.
Contribuí nesse momento histórico com um outro concerto e filme: E Tudo o Vento Levou.
Tudo isso está acessível no site http://www.asa-art.com/beuys/
Também há informação sobre o novo museu em http://www.asa-art.com/beuys/
Tudo celebrando os 100 anos de Beuys e os 50 anos do maravilhoso trabalho de Lucrezia De Domizio Durini.
Vivemos num mundo do não-pensamento, do entretenimento contínuo, do comércio total. Mas as coisas que chamamos de “valores humanos” não emergem da ausência de pensamento.
Quando nos perguntamos sobre o futuro do mundo, a resposta está na obra dessas pessoas que nos fazem pensar.
Tenho firme convicção de que essa é a única saída para o nosso mundo: a diversidade, a descoberta, o maravilhamento, o pensamento, a autoconsciência.
Uma forma de estar na vida que deveríamos, acredito, replicar todos os dias, cada um de nós, nos actos mais pequenos, mais subtis: o amor pelo pensamento, que nada mais é que o amor pelo humano.
Livre-pensar – pensamento livre de amarras e solto para o permanente questionamento.
Tudo de melhor a todos,
Emanuel