JOANA RUAS
O GRUPO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA DE LISBOA
Com a colaboração de Clotilde Rosa, Carlos Franco e António Oliveira e Silva, Jorge Peixinho criou em 1970 o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Em 1977, com João Melo, Ana Rosa Gusmão, Carlos Gentil-Homem e Fernando Matos, Jorge Peixinho integra a equipa da Alternativa Zero (AZ) de Ernesto de Sousa. Em Portugal, o espírito da música experimental começou a ser introduzido de uma forma sustentada nos Encontros Gulbenkian de Música contemporânea (1977) e, posteriormente, através da criação da Bolsa Ernesto de Sousa .
Entre os textos originais datilografados presentes na Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento de Ernesto de Sousa intitulada «Meu Amigo», Obras e Documentos da Coleção Ernesto de Sousa (1921-1988) , consta este apontamento referente ao movimento Fluxus —aproximar a arte e a vida:
«1978 FLUXUS
Lista Provisória de Operadores estéticos convidados para a Exposição-Manifestação «Tendências Polémicas na Arte Portuguesa Contemporânea, Setembro 1976 :
Álvaro Lapa,
Entre os grupos consta o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa fundado por Jorge Peixinho.»
Paulo Brandão, o compositor da partitura do poema Primavera e Sono nasceu em Lisboa, em 1950, filho do violoncelista e compositor José Domingos Brandão. Iniciou os estudos musicais aos quatro anos na Fundação Musical dos Amigos das Crianças. Diplomou-se em Trompa com Adácio Pestana e em Composição com Artur Santos, Elisa Lamas, Constança Capdeville e Álvaro Salazar. Em 1976 ingressou no Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Em 1978, a sua peça Colecvisufonia I foi selecionada pela Sociedade Internacional de Música Contemporânea para o festival Dias Mundiais da Música, em Helsínquia. Iguais distinções para o mesmo festival com as peças Estigma, em 1986, em Budapeste e Acqueous Fire, em 1989, em Amesterdão. Incluem-se no seu catálogo partituras para teatro, cinema e bailado. Na sua colaboração em encenações de Luís Miguel Cintra, compôs as partituras para as obras pessoanas: Fausto, apresentada no Centro George Pompidou, em Paris e La Mort du Prince apresentada no Festival de Avignon. Em Janeiro de 1993, foi-lhe atribuído o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro para a melhor música para teatro, referente ao ano de 1992, pela banda sonora das peças Os Cavaleiros da Távola Redonda e Onde está a Música, ambas produções do Teatro da Malaposta. No cinema a sua atividade iniciou-se em 1977, tendo composto a música dos filmes de Solveig Nordlund Nem pássaro nem peixe , E não se pode exterminá-lo? e Dina e Django; de Jorge Silva Melo Passagem ou a meio caminho; de João Matos Silva Antes a sorte que tal morte, de Eduardo Geada Saudades para Dona Genciana e de Paulo Rocha A ilha de Moraes, A ilha dos amores, entre outros. Foi professor da Classe de Coro do Conservatório Nacional, diretor artístico do Coral Públia Hortênsia, desde 1973 e do Grupo Vocal Arsis, desde 1989. É membro da Scholla Cantorum “Solemnis”, desde 2002.
Inspirado num recém nascido, o poema Primavera e Sono, com música de Paulo Brandão e a voz do soprano solista Maria João Serrão integrou o programa do Grupo de Música Contemporânea dirigido por Jorge Peixinho no 5º Encontro de Música Contemporânea promovido pela Fundação Gulbenkian. Promovido pela Fundação Gulbenkian . Primavera e Sono foi posteriormente incluído no ciclo Um Século em Abismo — Poesia do Século XX realizado no C.A.M.
Maria João Serrão, cantora de concerto e performer, a convite do compositor Horatiu Radulescu esteve em Paris para execução da sua música vocal espectral ; participou como cantora/actriz em criações de teatro-música dos compositores Georges Aperghis, Tom Johnson, Vinko Globokar e Michael Finnissy, tendo participado no Festival de Outono de Paris em 1983. Ainda em França foi soprano solista em Festivais de Música Contemporânea com o Nouvel Ensemble Contemporain, dirigido por Pierre-Albert Castanet. Integrou o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa dirigido por Jorge Peixinho com o qual atuou em vários países europeus e em Portugal, nomeadamente nos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea (1978-1982). A convite do curador Ernesto de Sousa criou com José Lopes e Silva leituras musicais da exposição de artes plásticas dos artistas portugueses representados na Bienal de Veneza de 1980.
Joana Ruas
Joana Ruas / Primavera e Sono
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Paulo Brandão (música) Jorge Peixinho (direção) e Joana Ruas (letra)
PRIMAVERA E SONO / PARTITURA
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