a porta esconde-se.
(um rosto entre as acácias. um rosto
dentro da face que a madeira
e a mão registam e apresentam.)
o sopro procura o silêncio
para fazer crescer a voz –
a carpintaria talhando, golpe a golpe,
esse rosto, essa porta,
na linha que se faz
com fragmentos de tecido,
de palavras, olhando pela janela
o campo – imenso.
a abóbada desceu
até junto do homem.
(deambula pela casa.)
foi preciso dividir a nave
entre a voz e o firmamento.
este corpo – a flor junto da imagem.
o rosto acompanha-nos.
a porta abre um universo inteiro.
permanece a veneração,
a nave vivendo o pão e o segredo.
dentro, a voz, o sopro,
edificam a palavra
neste lugar onde tudo se encontra:
um ramo, uma lâmpada,
o rosto, no jardim –
mais vasto do que o mar.
Portalegre –
igreja “velha” de S. Brás
(hoje Casa-Museu José Régio)
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