sopra-nos do barro. ilumina
o cabelo, a voz da montanha.
(sobre a mesa, a cinza deste corpo.)
a cidade cresce. sem casas.
a respiração queima – lentamente –
os olhos, as unhas, a mão.
o sangue.
a chama permanece. tão pequena.
o calor repousa sobre o musgo.
uma lágrima irrompe pela manhã.
a gilbardeira coloca, sobre o peito,
um pouco de alegria.
nos olhos e no cabelo
(nesta mão)
as imagens reverdecem.
o fogo tece-nos, mesmo à distância.
o vento apaga (acende?)
essa chama nascida no interior
da montanha.
a criança sopra –
o barro que somos. a palavra
aquece-nos. a flama
aquece o coração. e o mundo.
(sobre a mesa, a cinza desse corpo.)
o corpo navega. flutua.
desenha na terra essa criança
nascida sobre as águas.
Carreiras –
presépio em barro, arte popular (séc. XX)
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