que mão avança
no negrume dessa tinta
quando a carne brilha,
mesmo oculta nessa sombra?
a tinta não interrompe
a luz intensa
que do olhar
dirige esta viagem.
nem mar, nem vento
- nem essa brancura
que recorta os alicerces
e as paredes -
conseguem melhor voo
nesta tarde.
apenas essa mão,
velha - e perfeita -,
segurando-nos
no ouro e na madeira,
esses olhos vigiando
a fortaleza
(pedra e sangue,
carne e tempestade) -
e o segredo de um nome
(o nosso nome)
escorando
nosso fogo
e nossa sede.
Carrapateira –
Virgem com Menino,
escultura em madeira policromada (séc.XV/XVI)
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