que água alimenta hoje essa cisterna –
entre ervas, ossos, fumo e maresia – ?
talvez a do baptismo. talvez a que um dia,
sobre os telhados, hoje desaparecidos,
alimentava o sono e a escuridão.
sem sal (talvez sem sal), secaram
sobre as mãos a cal e a sombra.
sangue e suor desceram a colina.
com sede. com fome. sem voz
sem vento.
a terra desce ao interior nos dias mais frios.
engole os olhos, o verniz, o mármore,
a madeira – cabelos e saliva
sem fonte onde beber.
ninguém dará pelo segredo
escavado nessa rocha –
grãos de trigo.
rebentariam num telhado, morto, da cidade.
que nome guardariam nesses silos
que hoje apenas resguardam a memória?
longe (perto, mas demasiado longe) –
a mão e o útero abençoam todo o campo.
estenderam sobre o bosque e sobre o vale
a água e a habitação do tempo.
Sesimbra –
castelo (sécs. XIII e XIV)
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