RUY VENTURA:::
Dois poemas que talvez sejam de Natal

As luzes não deixam ver os outros astros.
Sabemos hoje que as estrelas nunca existiram.
E, todavia, vivem. São refúgios de madeira
Nas legendas. Sustentam o telhado desta casa
... Sendo a estrutura de ferro e de cimento.
Madres ou troncos, vão unindo as margens
Que auxiliam a força das turbinas.
 

Nunca teve mãe. Assim parece. Quis no entanto
Mostrar-se. E, no princípio (palavra e pensamento),
Retirou da semelhança dos vocábulos
Todo o corpo de que precisava.
"Minha matéria será tronco, eixo, trave.
Madeira e madre bastarão para (con)fundir."
E fez-se carne - na mulher e na criança.

RUY VENTURA
 
 

RUY VENTURA (Portalegre, 1973) .
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